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Como seguir em frente e vencer o desânimo

Meditação ajuda no direcionamento de pensamentos e emoções e reestabelece o equilíbrio

Atualizado em

Em certos momentos da vida, mesmo que nos dediquemos ao autoconhecimento, bate certa apatia e podemos nos sentir sem esperança e algumas dúvidas podem surgir para vencer o desânimo. Às vezes, mesmo com muita dedicação e comprometimento com o próprio desenvolvimento pessoal, podemos atravessar períodos mais desafiadores. Mas, como não desanimar e seguir em frente nessa jornada de transformação?

Quatro passos para vencer o desânimo e seguir em frente

1- Amplie sua percepção

Gostaria de propor uma reflexão:

para você, o mundo e as coisas a sua volta são finitas ou infinitas?

Boa parte das pessoas respondem que são finitas. Afinal, conseguimos definir os limites de cada coisa: eu sou uma pessoa, você é outra.

Os objetos, as construções que nos cercam e a natureza também têm suas dimensões particulares. Por outro lado, algumas pessoas respondem que somos infinitos, pois o universo é infinito.

Na realidade, somos as duas coisas: finitos e infinitos. Temos aspectos físicos e materiais, limitados e individualizados. Mas, se analisarmos em níveis cada vez menores, perceberemos que também somos todos integrantes de um mar infinito de partículas.

As mesmas partículas que hoje dão forma ao seu corpo, já podem ter feito parte de uma estrela. A maneira como essas partículas se arranjam e rearranjam, é que podem gerar a formação de algo finito, mas que nunca deixará de ser também parte do infinito.

De maneira simplificada, vamos considerar que somos constituídos por aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais. O primeiro, o aspecto físico, é finito-limitado. Já os outros três, representam um gradiente que nos leva do finito para o infinito-ilimitado.

Portanto, podemos dizer que apresentamos aspectos físicos-finitos e sutis-infinitos. Se analisarmos bem, fisiologicamente apresentamos inteligências adequadas para lidar com estes aspectos.

Nosso cérebro é dividido em dois hemisférios: esquerdo e direito. O lado esquerdo, está relacionado à nossa capacidade cartesiana do raciocínio linear. É nosso lado ativo que quer entender, fazer, resolver.

Lidar com a vida física e material depende dessa inteligência racional. Sem ela, não conseguiríamos realizar as atividades básicas como comer, trabalhar, pensar, organizar, cuidar, planejar, etc.

Já o lado direito, está mais ligado à inteligência abstrata, artística, que nos proporciona uma compreensão em rede. Ele percebe a complexidade e o todo, ao contrário dos aspectos pontuais e lineares, percebidos pelo lado esquerdo.

O hemisfério direito é mais receptivo e está ligado à intuição, ao sentir. Ele que nos permite lidar com os aspectos sutis e imateriais em nossa vida, como nossas emoções, pensamentos mais complexos e aspectos espirituais.

2 – O contato espiritual: um passo à direita

A neurocientista Jill Bolte Taylor era uma pesquisadora cética e cartesiana até sofrer um derrame cerebral. Com o lado esquerdo do cérebro afetado, sua inteligência racional, tão necessária para lidar com o dia a dia e com seu trabalho como cientista, ficou comprometida. Com isso, ela passou a precisar de ajuda até para as atividades mais básicas do dia a dia.

Em seu livro “A Cientista que curou seu próprio cérebro”, Jill descreve o intenso júbilo, confiança, alegria e tranquilidade que sentiu em sua experiência ao lidar com o mundo de forma mais significativa a partir do lado direito do cérebro. Não havia mais preocupações, impaciência ou julgamentos, tudo parecia deslumbrante. Algo similar ao êxtase descritos por aqueles exercitam práticas espirituais.

Somente com seu lado esquerdo do cérebro seriamente silenciado, Jill foi capaz de acessar sua inteligência e percepção da realidade a partir do hemisfério direito do cérebro. Ao começar sua recuperação, chegou até mesmo a questionar se desejava voltar a sentir todos aquelas dúvidas e preocupações que a recuperação do hemisfério esquerdo lhe traria novamente.

Depois de anos de reabilitação, Jill recuperou a atividade integral de seu cérebro, mas sua vida foi transformada pela experiência, como ela descreve em seu livro:

“Incapaz agora de perceber temperatura, vibração, dor ou propriocepção (a posição de seus membros), você tem alterada a consciência de suas fronteiras físicas. A essência de sua energia se expande e ela se mistura à energia à sua volta, e você sente que é tão grande quanto o Universo.

Aquelas pequenas vozes no interior da sua cabeça, que lhe lembram sempre quem você é e onde mora, se calam. Você perde a conexão da memória com seu velho eu emocional, e a riqueza desse momento, do aqui e agora, cativa sua percepção.

Tudo, incluindo a força de vida que é você, irradia energia pura. Com curiosidade infantil, seu coração flutua no espaço e sua mente explora novas formas de nadar em um mar de euforia. Então, pergunte-se: você se sentiria motivado para voltar a uma rotina altamente estruturada?”

Sendo honesta, havia certos aspectos na minha nova existência que eu preferia, comparando-os a como havia sido antes. Não estava disposta a comprometer meu novo conhecimento em nome da recuperação. Gostava de ter descoberto que era fluida.

Adorava saber que meu espírito era unificado com o Universo e acompanhava o fluxo de tudo que me cercava. Considerava fascinante estar em tão completa sintonia com as dinâmicas de energia e a linguagem corporal. Mas, acima de tudo, adorava o sentimento de profunda paz interior que inundava a essência do meu ser.

Creio que Ghandi estava certo ao dizer: “Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”. Percebo que a consciência de meu hemisfério direito está ansiosa, esperando que a humanidade dê aquele salto gigantesco e dê um passo à direita, de forma que possamos fazer o planeta evoluir e transformar-se no lugar de paz e amor que queremos que ele seja”.

Não à toa tanto se fala em meditação nos dias de hoje, afinal, ela justamente nos ajuda a acalmar nosso tagarela interior do lado esquerdo do cérebro, bastante acelerado.

A serenidade interna nos permite acessar nossa inteligência sutil, nos reconectar com a rede energética de tudo que existe em nosso universo.

Jill precisou passar por um derrame cerebral para ser capaz de acessar tal conexão, ainda que involuntariamente.

Porém, todos nós temos a escolha de nos conectarmos ao mar infinito de tudo que existe de maneira consciente e voluntária ao trabalharmos nossos aspectos emocionais, mentais e espirituais, começando pelas atividades meditativas.

3 – Entenda que você faz parte de uma engrenagem maior

Nosso corpo físico é um universo que contém trilhões de células, e cada uma delas carrega um nível de consciência. Elas sabem exatamente o que precisam fazer.

Não entram em crise, não duvidam do seu papel ou procuram exercer outra função. A célula simplesmente é quem é, expressa sua essência e seu potencial e, com isso, contribui da melhor maneira para o universo do qual ela faz parte: o corpo.

A célula do coração não precisa pensar no papel do fígado, do pulmão e dos rins. Ela faz a parte dela e, assim, garante que as outras células tenham condições de fazer o mesmo. Garantindo a harmonia do organismo.

Assim como as células em relação ao corpo, também estamos conectados ao nosso planeta e ao universo.

Podemos contar com toda a inteligência do fluxo maior que nos leva à harmonia. Quando temos esse entendimento, adquirimos mais consciência de quem somos, do nosso propósito. E, assim, podemos ser quem fomos projetados para ser.

Contamos com todo o universo a nosso favor, nos sentimos em paz, confiamos na vida e nos entregamos à ela. Por outro lado, a desconexão nos leva ao sentimento de solidão e de que a vida é uma luta.

Tudo vai ficando mais pesado, sem sentido, pois não sabemos quem somos e não entendemos o fluxo maior. A falta de confiança e esperança nos leva ao desânimo e ao cansaço.

Podemos não compreender por que a vida nos traz experiências desafiadoras, como momentos ou fases desagradáveis, mas a inteligência maior está SEMPRE nos conduzindo à harmonia.

Por não estarmos conscientes dela, não conseguimos enxergar e compreender. Ou mesmo quando já entendemos racionalmente, duvidamos, porque não estamos completamente entregues.

Resistimos ainda presos ao medo. Simplesmente achamos que as coisas não estão dando certo, que temos azar. Assim, não percebemos que a vida está sinalizando algo que precisa ser mudado ou que estamos ainda no processo de mudança, e isso leva tempo.

Assim como Jill Bolte Taylor, podemos voltar a retomar a nossa conexão com o fluxo maior de tudo que existe, saber quem somos e estarmos em paz e júbilo: está tudo um passo à direita em nosso cérebro!

4 – Entregue-se ao fluxo universal

O equilíbrio do corpo físico é mantido a partir da rede energética que constitui uma consciência. Quando apenas uma única célula se desconecta deste campo de consciência integradora, os mecanismos de cura e defesa do corpo não dão conta dela, que se enxerga como independente do corpo.

Se vê sozinha e impotente diante dos outros trilhões de células, e passa a lutar contra ele. Começa a se multiplicar e tentar dominar o que estiver à sua volta, na luta pela sua sobrevivência.

Porém, ela não percebe que, ao fazer isto, está prejudicando a si mesma e colocando em risco a vida do universo do qual ela mesma faz parte. Entra em um processo suicida que ameaça todo o seu universo. Essa é a maneira como o câncer se manifesta.

Ao longo da história da humanidade, passamos a nos focar nos aspectos materiais (físicos-finitos) da existência. Ao deixar de lado os aspectos sutis, fomos perdendo a capacidade de enxergar e vivenciar a conexão com a estrutura maior de nosso planeta e universo.

Passamos a nos ver sozinhos, isolados, separados, diante de um mundo gigantesco lá fora do qual temos que nos defender e tentar controlar. Um mundo tão grande e opressor que não damos conta, ou um mundo que precisamos conquistar e dominar para assim nos sentir seguros.

Com isso, em vez de contar com o auxílio da inteligência e fluxo maior, passamos ter medo dela, lutando para controlá-la, sem perceber que esta é uma tarefa impossível.

A humanidade ainda está muito desconectada e, por isso, quando tentamos nos conectar, é um movimento como “remar contra a maré”. Isso nos exige mais esforço para confiar e nos manter conectados.

Ninguém nos ensina a lidar com nossos sentimentos, pensamentos e aspectos espirituais. No máximo tentamos entendê-los e resolvê-los, assim como fazemos com a nossa vida física. Porém, eles exigem uma abordagem que vai além do racional e prático.

É preciso querer e insistir no movimento de conexão, de aprender a conhecer e conduzir os aspectos emocionais e mentais. Assim, nos entregarmos ao fluxo maior mesmo diante do medo.

Vencer o desânimo com meditação: o passo mais básico e precioso

A meditação é o que mais nos ajuda a nos conectar com a inteligência e fluxo maior. Ela nos ajuda a direcionar nossos pensamentos e emoções na compreensão e consciência desse âmbito mais amplo.

Por isso, buscar na vida física maior contato com a natureza externa e interna também nos ajuda a nos manter conectados.

O exercício meditativo guiado que ofereço lhe ajudará a manter esta imagem e sentimento vivo dentro de si. Procure cultivar isto em seu dia a dia, escolhendo a esperança e a confiança, mesmo quando seus pensamentos e sentimentos ainda não estiverem alinhados com elas.

A perseverança, dia após dia, aceitando o que ainda não mudou e reconhecendo os progressos, por menores que ainda sejam, lhe levarão a felicidade, passo a passo.

Ceci Akamatsu

Ceci Akamatsu

Terapeuta Energética, faz atendimentos à distância pelo Personare. É a autora do livro Para que o Amor Aconteça, da Coleção Personare.

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