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Filme Rocketman e a influência da família na vida profissional

A partir da visão sistêmica e das constelações familiares podemos compreender os emaranhados que levam o cantor Elton John a grandes sofrimentos e a quase morte

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O filme Rocketman (2019) ganhador do oscar 2020 de melhor canção original, é um musical que conta a trajetória de como Reginald Dwight (Taron Egerton) se transformou no músico e ícone pop Elton John.

As músicas do cantor dão o tom da autobiografia que perpassa sua história de vida, incluindo suas relações familiares e amorosas.

Ao longo do filme é possível perceber os conflitos e mágoas que o jovem Elton John guarda de seus pais. E mesmo com todo a riqueza e reconhecimento ele entra em um processo autodestrutivo que o leva a rever alguns capítulos de sua própria história.

A partir da visão sistêmica e das constelações familiares podemos compreender os emaranhados que levam o cantor a grandes sofrimentos e a quase morte.

Filme Rocketman mostra que a riqueza não é suficiente

Ninguém pode negar que Elton John é um cantor de sucesso. Foi ídolo de uma geração na década de 1980 e até hoje suas músicas são tocadas e regravadas por diversos compositores. Contudo o filme mostra que o cantor passou por altos e baixos e esteve perto de destruir sua carreira.

No filme Rocketman, a infância de Elton John foi retratada de modo que para alguns, talvez, pareça sem grandes conflitos. Temos um pai distante que se separa e constitui outra família, e uma mãe voltada para seus próprios interesses. O garoto vai em frente e, com garra e ousadia, inicia uma bela carreira musical.

O jovem músico se envolve com drogas e em um relacionamento abusivo que o levam, no auge da fama, à tentiva de suicídio. Nem com toda a fama, dinheiro e patrimônio, Elton John conseguia ser feliz. O que o cantor buscava preencher dentro dele, nenhuma pessoa ou dinheiro poderiam oferecer: a falta dos pais.

Constelação Familiar e a lealdade acima de tudo

Somos leais ao nosso sistema familiar. Essa é uma lei. Conscientes ou não desse fato, o sistema atua em cada um. Reginald sente-se rejeitado pelo pai e pela mãe. Mesmo que tente seguir em frente, o jovem Elton John leva consigo muitas mágoas e exigências infantis.

O desejo de ser amado por sua mãe o faz se submeter a um relacionamento abusivo. As críticas ao pai ausente o levam ao relacionamento com as drogas. Sistemicamente é uma dinâmica comum nas famílias com pessoas adictas: a falta ou ausência do pai. Isso tudo ocorre devido a esta lealdade invisível que nos une ao nosso sistema.

Criticar, julgar, exigir e demandar podem levar o sujeito a fracassos ou processos autodestrutivos, tal como ocorreu com o personagem Elton John, que tinha aparente sucesso de público e vendas.

Mas o homem Reginald Dwight permanecia olhando para as faltas do passado e buscando preencher necessidades infantis que inevitavelmente o levava a sofrimentos.

Em seu livro Histórias de Sucesso, Bert Hellinger diz: “o maior obstáculo para nosso sucesso são as imagens internas que fizemos de nossa mãe e de nosso pai.” No fundo é uma grande pirraça para lidar com a realidade como ela é e seguir em frente apesar do passado doloroso.

Acolhendo sua própria criança e seguindo em frente

A liberação de Elton John, no filme Rocketman, ocorre quando o próprio cantor mesmo acolhe o filho rejeitado que ele foi. Os pais não mudaram de postura em relação a ele. Foi o filho quem mudou a postura com seu eu criança e com a imagem que carregava dos pais.

O cantor deixou de ser criança para se tornar adulto no momento em que se reconcilia com seu passado. Com isso, não precisou mais das drogas nem de relações abusivas para preencher o que antes sentia falta. Ele reconheceu que tinha o suficiente e o resto cabia a ele conquistar.

Os pais são como são. A realidade é como é. Cabe a cada um a escolha de ficar olhando para trás se lamentando, se queixando ou julgando, e assim fracassando no presente.

Ou, tomar o que lhe foi dado, do jeito que foi e seguir em frente. Sem excluir ou rejeitar aquilo que foi, ou que aconteceu, mas honrando a vida que lhe foi presenteada e extraindo dela o melhor que puder. Assim. há liberação, fluidez, sucesso e prosperidade.

Maria Cristina

Maria Cristina

É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.

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