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Efeitos da meditação no cérebro: benefícios para memória e emoções

Fazer novos neurônios e conexões neurais estão entre os efeitos positivos da meditação no cérebro segundo pesquisa. Saiba mais

Atualizado em

Os efeitos da meditação no cérebro se mostram cada vez mais positivos, sendo um grande recurso para manter o equilíbrio emocional e mental. Nos últimos anos, houve um aumento no número de estudos relacionando às diversas abordagens meditativas com melhorias no bem-estar.

👉 A importância de escutar o corpo e entender as mensagens

Mais recentemente, a revista científica Neuroscience & Biobehavioral Reviews divulgou um artigo chamado A meditação está associada à alteração da estrutura cerebral? Uma revisão sistemática e meta-análise de neuroimagem morfométrica em praticantes de meditação (em tradução livre).

De forma bem resumida, a pesquisa diz que a prática meditativa pode contribuir para o melhor funcionamento do cérebro e o processamento de memórias e emoções. Em seguida, você vai entender como isso acontece e impacta na sua saúde mental.

Os efeitos da meditação no cérebro

Durante uma prática de meditação, podem acontecer muitas mudanças nas funções e estruturas cerebrais.

No artigo citado, os pesquisadores apresentaram estudos em que usaram a neuroimagem para avaliar praticantes de meditação e avaliar seus efeitos no cérebro. Estes foram os resultados:

  • Neuroplasticidade cerebral: capacidade do cérebro de produzir novos neurônios e conexões neurais.
  • Córtex Cingulado: faz a regulação da atenção para sustentá-la em um objeto escolhido. Esta área está relacionada à consciência e regulação emocional, levando a um comportamento mais consciente e menos automatizado.
  • Ativação da ínsula: é responsável pela consciência do estado interno, tanto das sensações corporais e viscerais (respiração e batimento cardíaco, por exemplo), como das emoções. Esse processo facilita a percepção interna e a autorregulação.
  • Córtex motor: amplia a consciência das áreas que tem o processamento das sensações táteis e da dor. Muitos estudos relacionam esta parte à maior tolerância à dor ou ao desconforto no corpo.
  • Córtex pré-frontal: aumenta a regulação emocional bem como diminui a reatividade ao estresse.
  • Hipocampo: está relacionada à aprendizagem emocional e à memória. Diante do estresse, pode ter efeito resiliente e protetor.
  • Amígdala: regula as emoções e promove a redução da reatividade, lidando melhor com o estresse e as emoções intensas.

O estudo contribui para reforçar a importância de explorar mais as práticas meditativas e se aprofundar na compreensão desse impacto na nossa vida.

Isso porque essas mudanças podem ser um caminho para o cuidado com a saúde mental e bem-estar, principalmente, quando se trata de ansiedade e depressão.

No entanto, é importante reforçar que são necessários mais estudos para continuar na exploração e clareza dos impactos nas funções cerebrais.

Além disso, ter um acompanhamento é essencial. A prática meditativa não substitui qualquer tratamento e, sim, é mais uma peça agregada a fim de promover a qualidade de vida da pessoa.

Benefícios da meditação para a memória e as emoções

Veja abaixo como os efeitos da meditação no cérebro contribuem para a memória e as emoções:

  • Autopercepção: aumento da consciência das sensações corporais, por exemplo, as sensações táteis da respiração e a percepção da postura e dos movimentos do corpo.
  • Redução na ruminação: diminuição da aceleração mental e do diálogo interno.
  • Regulação emocional: percepção da emoção e seus efeitos no corpo e pensamentos. Assim, nota a diminuição do ciclo da ruminação até seu desaparecimento total.
  • Atenção plena: ciência do momento presente, ajudando a processar informações com mais clareza e foco.

A atenção ao momento presente tem como princípio central tomar consciência das atividades diárias. O primeiro passo é reconhecer o que está acontecendo na mente, percebendo, por exemplo, a agitação e inquietude.

Isso proporciona opções de como responder e aprender a lidar com as dificuldades, sem que elas assumam o controle da vida.

O processo de transformação com a prática da meditação acontece ao reconhecer o gasto de energia de reações automáticas e inconscientes tanto para o mundo exterior, como para o interior.

Todas as pessoas têm competência para estarem conscientes de momento a momento. E esse cultivo pode gerar:

  • bem-estar,
  • calma,
  • clareza
  • discernimento,
  • sensação de plenitude.

Emoções são estados transitórios

Segundo o professor Tarchin Hearn, autor do livro Respirando – O modo natural de meditar, “meditamos para despertarmos para a história universal e multidimensional daquilo que somos. Esse é o verdadeiro caminho para a saúde. O instrumento fundamental da meditação é a curiosidade. O campo da pesquisa, da exploração, é a natureza. Natureza explorando a natureza.”

Assim, a meditação auxilia na regulação emocional, favorecendo a percepção de que as emoções são estados transitórios e podem ser intensificadas ou prolongadas pelos pensamentos. Além disso, ela pode contribuir para a diminuição ou eliminação do estresse.

Portanto, ao estar em contato com as sensações físicas, é possível reconhecer o fluxo das emoções para melhor administrá-las. É comum termos medo de sentir as sensações no corpo, mas a prática nos ensina a nos familiarizarmos com elas.

Permitir-se perceber as sensações corporais é importante para notar que elas são transitórias e, então, rotulá-las. Ao praticar a atenção plena, acalmamos o sistema nervoso parassimpático e diminuímos a chance de reagir de forma automática.

Dicas para começar a meditar

Algumas pessoas pensam que é difícil. Mas você pode começar com 5 minutos por dia, em um lugar silencioso. Depois, vai aumentando o tempo conforme se sente confortável.

  • Inicie adotando uma postura sentada em uma cadeira e os pés apoiados no chão.
  • Descanse as mãos sobre as coxas e encontre uma postura confortável, com as costas retas e sem rigidez.
  • Direcione a atenção para a respiração: inspire profundamente e expire devagar.
  • Fique por um momento experimentando as sensações da respiração no corpo – pode notar o movimento na região peitoral, no abdômen, o ritmo que está a respiração.

Lembre-se de que não precisa alterar nada, apenas notar as sensações do momento presente.

Os pensamentos irão chegar, isso é o que a mente sabe fazer. Sempre que a mente divagar, gentilmente, volte a atenção à respiração.

Aos poucos vamos aprendendo a acolher os pensamentos ao invés de lutar contra ele.

Saiba mais: É preciso esvaziar a mente para meditar?

Tudo a ver com Mindfulness

Tudo o que falei até aqui tem uma relação profunda com o Mindfulness, cuja tradução é atenção plena. Segundo Jon Kabat-Zinn, precursor dessa prática no ocidente, “mindfulness é a consciência de momento a momento sem julgamento. É cultivada quando prestamos atenção de modo intencional a coisas que normalmente desconsideramos”.

O Mindfulness compreende um esforço consciente para resgatar a saúde, paz e bem-estar e aprender a lidar com o estresse e dor que nos fazem sofrer. Muitas vezes, as ameaças não são reais, mas o estresse produzido e seu efeito na vida, sim.

Kabat-Zinn prega que “o primeiro e mais importante passo na libertação de toda uma vida de reatividade ao estresse é tomar consciência do que está realmente acontecendo enquanto está acontecendo”.

Dica: para quem gosta de interagir com a natureza, experimentar com as práticas de Mindfulness é transformador, pois ajuda a manter o foco e diminuir a divagação mental. Experimente observar as árvores, andar descalço ou escutar os sons.

Veja aqui 22 dicas para praticar Mindfulness

Uma mente mais saudável e feliz

Cultivar a atenção plena, apreciando o que está acontecendo é algo valioso, único e transformador. Como praticante, percebo como é rico apreciar cada momento e notar coisas novas por outra perspectiva, ainda que esteja em situações e lugares conhecidos.

Outro ponto que vivencio é estar mais à vontade com o desconforto, tanto na percepção das sensações no corpo, emoções e pensamentos, como ao estar em contato com o desconforto das pessoas ao meu redor. Isso auxilia na redução da reatividade e do estresse do dia a dia.

Por fim, é importante perceber que as sensações, emoções e pensamentos são mutáveis e podem ser transformados. Além disso, é possível “fazer amizade” com eles para ter contato com o desconforto de forma mais segura.

É uma jornada a ser seguida e incorporada na vida. Que tal reservar 5 minutos do seu dia para cuidar do seu cérebro e do seu bem-estar emocional?

Referências:

COSENZA, R. M. Neurociência e mindfulness: meditação, equilíbrio emocional e redução do estresse. Porto Alegre: Artmed, 2021.

FOX, K.C.R. et al. Is meditation associated with altered brain structure? A systematic review and meta-analysis of morphometric neuroimaging in meditation practitioners. Neuroscience and Biobehavioral Reviews 43, 48–73, 2014.

HEARN, T. Respirando: o modo natural de meditar. 2 ed., Botucatu: AME, 2018.

KABAT-ZINN, J. Viver a Catástrofe Total. São Paulo: Palas Athena, Ed. rev. e atual. 2017.

WILLIAMS, M.; PENMAN, D. Atenção plena – Mindfulness: como encontrar paz em um mundo frenético. São Paulo: Sextante, 1 ed. 2015.

Luiza Camargo Mendes

Luiza Camargo Mendes

Psicóloga, instrutora de Mindfulness e Mindful Eating, praticante de meditação e yoga, que encontrou no Mindful Eating um grande significado para sua atuação.

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