Pesquisar
Loading...

A Importância do vínculo afetivo com a mãe

Como a Constelação Familiar e a Aromaterapia podem ajudar a fortalecer essa conexão mãe e filho e aliviar os sintomas de quem teve este vínculo interrompido.

Atualizado em

A qualidade do vínculo afetivo de mãe e filho, principalmente nos primeiros anos de vida da criança, vai desempenhar papel determinante na forma como trocamos afeto com os demais ao longo da vida.

Todos os mamíferos quando nascem precisam da mãe para sobreviver nos primeiros meses de vida, mas nós seres humanos temos um grande diferencial: o telencéfalo desenvolvido.

Como nosso cérebro, proporcionalmente, é maior que o dos demais mamíferos, isso acabou levando, ao longo da nossa evolução, a nascermos de forma “prematura”, aos nove meses de gestação, quando na verdade precisaríamos de um tempo maior de gestão para amadurecer algumas funções biológicas cruciais para nossa sobrevivência fora do útero. Mas ter uma gestação de 12 meses, por exemplo, inviabilizaria o nascimento, já que o quadril da mulher não comportaria a passagem do crânio do bebê.

Segundo a teoria da exterogestação – formulada pelo antropólogo Ashley Montagu e difundida pelo pediatra Harvey Karp – os bebês humanos precisam continuar sendo “gestados” fora do útero por pelo menos mais três meses – e leia-se “gestados” como ficando o mais próximo possível do corpo da mãe (como fazem os cangurus).

Essa condição humana nos faz nascer com uma necessidade de proteção maior devido a essa extrema vulnerabilidade e imaturidade neurológica – ao contrário de outros mamíferos que com poucas horas ou dias de vida já conseguem andar e se alimentar sozinhos.

O vínculo afetivo com a mãe, que dá a segurança para o bebê se desenvolver física e emocionalmente, se dá pela ocitocina, hormônio produzido pelo hipotálamo e liberado durante o contato físico com ela.

A teoria do apego, criada pelo psicanalista John Bowlby, fala sobre a importância dos cuidados consistentes da mãe – contato físico, colo, amamentação, troca de olhares – para a saúde emocional dessa criança.

Sabemos que nem toda mãe está com essa disponibilidade física (por conta dos afazeres domésticos, de algum problema de saúde ou por ter que sair para trabalhar) e emocional (problemas pessoais e transgeracionais) para estabelecer esse nível de contato.

E por que o vínculo com a mãe é tão determinante? Por ser tão vulnerável, o bebê depende da mãe como o ar que respira. Pesquisas realizadas no pós-guerra com bebês e crianças órfãs e institucionalizadas, mostrou que muitas delas morriam em consequência do trauma e da tristeza.

Mesmo sendo cuidadas, alimentadas e abrigadas, não havia aquilo que estabelece o vínculo afetivo com a mãe: o toque e o afeto consistentes.

E aquelas que sobreviveram tiveram o desenvolvimento cerebral ligado às emoções seriamente comprometido, a ponto de terem dificuldades para estabelecer vínculos amorosos na vida adulta.

A criança permanece na esfera da mãe até o momento em que começa a andar e expandir sua relação com o mundo exterior – até então seu mundo era a mãe.

Tudo o que acontece nesse período fica “tatuado” no cérebro, porque o cérebro, particularmente o sistema límbico, responsável pelo processamento das emoções, está numa etapa crucial de desenvolvimento neurológico, criando redes neurais (ligações de neurônios) que vão determinar os modelos afetivos que esse bebê terá mais tarde na vida adulta.

O sistema límbico, que já foi chamado de cérebro olfativo, é uma das partes mais antigas do cérebro. Nosso olfato é um dos sentidos mais primitivos.

Ele é composto por: amígdala, tálamo, hipotálamo, as glândulas pituitária e pineal e o hipocampo, estão conectadas de várias maneiras com as emoções, mais especificamente o prazer, a dor, a raiva, o medo, a tristeza, sentimentos sexuais, memórias de curto e longo prazo, padrões de comportamento, como o aprendizado e atividade mental.

Vamos falar de três em especial:

  • HIPOCAMPO: responsável por converter a memória de curto prazo em memória de longo prazo. Ele também  possibilita comparar as situações similares (passado e presente), ele não tem função olfativa, mas é acionado pelos aromas, que estimulam nossas memórias,  inclusive ajudando a lembrar de fatos já esquecidos, sendo assim os óleos essenciais podem ajudar a resgatar essas memórias que estão no inconsciente.
  • AMÍGDALAS CEREBELOSAS: são responsáveis por regular comportamentos sexuais e de agressividade. Onde se armazenam as memórias mais profundas e nossos traumas. Ela é que nos dá a sensação de prazer ou dor.
  • HIPOTÁLAMO: é a parte mais importante do sistema límbico. Ele coordena as funções do sistema nervoso e endócrino (hormônios). Controla o comportamento, temperatura, impulsos como comer e beber. Ele mantém vias de comunicação com todos níveis do sistema límbico. O hipotálamo desempenha um papel importante nas emoções.

MOVIMENTO AMOROSO INTERROMPIDO

A fase que compreende da gestação até por volta dos dois anos de idade é quando o vínculo afetivo com a mãe se estabelece – ou se rompe. É na Constelação Familiar se chama de movimento amoroso interrompido.

Quando existe algum fato que leva a criança a se separar da mãe, seja um afastamento curto, de dias (uma hospitalização da mãe ou do bebê ou uma viagem, por exemplo), seja definitivo, em caso de morte ou adoção, essa criança vai ter um trauma profundo com impactos ao longo de toda a vida adulta.

A criança, que é completamente dependente desse vínculo afetivo com a mãe para viver, sente esse abandono – ainda que seja de poucos dias – como uma ameaça a sua vida. Como ela não tem recursos para processar essa emoção, o cérebro reptiliano, responsável pelo nosso instinto de sobrevivência, é então acionado.

Diante de uma ameaça à vida, o cérebro reptiliano tem três respostas: atacar, fugir ou paralisar (no reino animal é quando a presa se finge de morta para escapar do predador).

Como o bebê não consegue lutar ou fugir, ele só tem uma resposta possível: o congelamento. Mesmo que mais tarde essa mãe volte, essa criança não consegue estabelecer uma conexão afetiva.

A criança a rejeita, porque não quer sofrer aquela dor do abandono de novo. Internamente, é como se ela dissesse: “Me recuso a buscar o amor, porque o amor ameaça minha vida.”

Tem gente que passa décadas nesse congelamento causado pelo trauma infantil: não consegue terminar as coisas que começam, não consegue se entregar nos relacionamentos e estabelecer vínculos de confiança com os demais. Outros sentem profunda tristeza e raiva desmedida, sem contexto aparente.

Quase todos nós temos movimento interrompido com a mãe em algum nível – crianças adotadas e prematuras invariavelmente o tem.

Quando alguém vem para uma sessão de Constelação Familiar com algum desses sintomas, nós vamos até a origem do trauma para, retrospectivamente, liberar a emoção bloqueada no passado e, com a atuação de um representante para a mãe, retomar esse movimento em direção ao amor, restabelecendo a segurança e a confiança.

Muitas vezes é necessário buscar a solução lançando um olhar sistêmico para outras gerações, pois frequentemente o movimento amoroso interrompido é um padrão transgeracional.

A mãe que não esteve física e emocionalmente disponível para o filho, muitas vezes não teve uma mãe física e emocionalmente disponível para ela.

A Aromaterapia pode ser uma grande aliada nesse processo, aliviando os efeitos do trauma e potencializando o resgate desse vínculo afetivo.

A reação ao aroma é praticamente a mesma ligada às emoções, ambas provém de impulsos que foram decodificados, interpretados e depois transmitidos através do hipotálamo.

Os óleos essenciais desempenham um grande papel  nas emoções e lembranças, justamente por acessar diretamente a parte responsável por toda a reação fisiológica das emoções.

Voltando para o vínculo entre mãe e filha e filho, o que essa criança guarda de memória na amamentação e nessa fase fica registrado lá no sistema límbico. Se não houve esse registro e se já na fase adulta, a pessoa traz questões ligadas a essa carência de mãe, ela pode rejeitar um determinado aroma. Por exemplo:

  • o óleo essencial de baunilha remete ao cheiro do leite materno. Se a criança foi amamentada, o cheiro da baunilha pode ser muito agradável. Algumas pessoas conseguem ter lembranças dessa fase da vida.
  • Para as futuras mamães lidarem com desafios que a aguardam, um óleo muito importante é a lavanda, que é um óleo mais seguro, isso por conta do bebê ainda ser pequeno demais. A lavanda equilibra, ajuda nos casos de depressão pós-parto e acalma. A lavanda não tem contraindicações, grávidas e lactantes sempre em baixa concentração.
  • A camomila também é um óleo calmante, sedativo, e ajuda na ansiedade principalmente no pós-parto. Ela trabalha a conexão com nossa mãe e ainda trabalha a energia do perdão. A camomila é um abraço amoroso de uma avó. Também ajuda nas questões de abandono e rejeição por alguma situação que aconteceu na vida. O óleo essencial de camomila tem contra indicações. Evite nos primeiros três meses da gravidez ou quando estiver amamentando.
  • Em casos de rejeição, gosto de indicar o óleo essencial de manjerona para trabalhar essa questão, principalmente quando existe a falta da mãe, pela chegada de um novo irmão ou quando a mãe precisa voltar da licença maternidade.
  • Para trabalhar esses traumas, podemos usar o óleo essencial de benjoim ou de cenoura que costumam ajudar muito nesses casos. Eles trazem, através de sonhos, lembranças do inconsciente respostas para esse trauma, ajudando a resgatar essa questão e  amenizar essa dor.
  • O óleo essencial de rosas é o óleo do amor incondicional, ele ajuda no perdão e auto perdão, pode também ter resultados significativos para o resgate desse vínculo.

Lembrando que é muito importante buscar ajuda de um aromaterapeuta para te ajudar a escolher os óleos seguros e corretos para seu momento.

Artigo teve a participação da especialista em aromaterapia Solange Lima.

Alice Duarte

Alice Duarte

Alice Duarte é facilitadora de Constelação Sistêmica Familiar e Organizacional, com treinamentos internacionais com o alemães Bert e Sophie Hellinger, e os espanhóis Joan Garriga e Brigitte Champetier de Ribes. Desde 2015 facilita processos de autoconhecimento, cura emocional e solução de conflitos nos relacionamentos. É jornalista, mantém um site autoral com artigos em português e é criadora do programa online Por Uma Vida Sem Amarras. Vive em Curitiba, onde trabalha com grupos terapêuticos, workshops, cursos e atendimentos individuais (presenciais e online) de Constelação Familiar e Consultoria Sistêmica Empresarial. Aqui no Personare escreve sobre autoconhecimento e relações humanas.

Saiba mais sobre mim