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Vícios emocionais: os legados da pandemia e como curá-los

Foi preciso mudar a forma de trabalhar, socializar e se relacionar; com isso, surgiram muitos sintomas emocionais que precisam ser olhados

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A pandemia certamente trouxe muitos desafios. Todos fomos surpreendidos por muitas mudanças, que exigiram adaptações em todas as áreas da vida, tudo de uma só vez. Isso trouxe como consequência alguns vícios emocionais.

Foi preciso mudar a forma de trabalhar, estudar, se socializar e se relacionar. Com isso, surgiram novas formas de olhar a vida, mas também muitos sintomas emocionais.

A seguir, vamos olhar para alguns desses vícios emocionais, efeitos do isolamento social, e sugerir uma forma de lidar com eles, evitando que se tornem efetivamente permanentes e negativos legados da pandemia.

Os legados da pandemia

As distrações virtuais

O isolamento social certamente está entre os maiores desafios. E algo que tem ajudado nessa questão é a tecnologia. Contudo, assim como o remédio em dose errada pode se tornar um veneno, o excesso sempre é perigoso. Isso tem contribuído para alguns sintomas emocionais.

Alguns se tornaram dependentes tecnológicos. Não conseguem mais se desconectar.

A ânsia por informações e preencher o tempo com algo útil faz com que as pessoas transferiram a agitação do cotidiano de antes da pandemia para uma agitação interna.

As distrações que antes eram externas – no trânsito, nas conversas no trabalho e nos encontros sociais –, agora, estão na palma da mão. São lives, palestras, cursos e tudo mais que lhe dê a sensação que o tempo está sendo preenchido.

E isso gera ansiedade. Um anseio por querer fazer tudo e muito mais ou por não conseguir entrar neste ritmo.

A dificuldade do não saber

A incerteza pelo futuro também têm gerado muita ansiedade. No ímpeto de eliminar este incômodo, muitos se colocam milhares de metas e tarefas para o agora.

O sentimento é de que quando acabar a pandemia, “estarei pronto”. Mas, com isso, perde-se o foco no agora e a oportunidade de utilizar esse momento para olhar para o essencial.

Se por um lado, conforme mencionado antes, a infinidade de possibilidades abre um leque enorme de escolhas, por outro, o “não saber” como ficará o futuro tem desestabilizado a vida dos mais controladores.

As compulsões

Elas vieram com tudo. Se as compras pessoais não são possíveis, as online se tornaram essenciais. E os que não se adaptaram ao mundo virtual e evitaram as compras online, transferiram a compulsão para a comida (veja aqui dicas para controlá-la).

Passar mais tempo em casa fez com que muitos comprassem mais alimentos supérfluos e pedissem mais comidas prontas por aplicativos. Em todo excesso, reside uma falta.

Assim, as compulsões que surgem neste momento são sintoma de um vazio imenso que já residia ali. Talvez as distrações não permitiam ver antes, mas agora foi possível.

E, novamente, existe um perigo enorme em querer se livrar da dor ou do vazio colocando algo no lugar que, a longo prazo, pode ser muito mais prejudicial – um dos vícios emocionais.

A baixa autoestima pelas mídias sociais

Junto a tudo isso, o uso excessivo de redes sociais também acaba contribuindo para uma autoimagem distorcida.

As pessoas começaram a expor-se mais, e as comparações e competições ganharam maior proporção. O que deveria ser um incentivo às práticas de exercícios físicos, em alguns momentos, tornou-se um culto a corpos bem delineados.

Então, quem não se percebe no “padrão”, pode sentir-se menor ou incapaz. A baixa autoestima ganha grandes proporções, podendo também levar a ansiedades ou depressão.

Autoconhecimento como solução

Não podemos colocar a responsabilidade de tudo em algo externo. Mesmo que a pandemia tenha causado impactos globais, a forma como lidamos com o que se manifesta externamente é que faz toda a diferença no equilíbrio emocional.

Sentimentos talvez até então desconhecidos podem, enfim, ganhar atenção. Com isso, temos a oportunidade de nos permitir um caminho mais leve.

Para todos os desafios mencionados, a solução passa pelo autoconhecimento.

Trazer a atenção para o momento presente, reconhecendo-se como um indivíduo único, que têm uma história única, mas que faz parte de todo um sistema familiar.

Valorizar o agora como presente de tudo que foi vivido anteriormente, não só por você, como por seus ancestrais.

Você é uma soma de todos que já vieram antes e, se você está aqui e agora lendo este texto, tem a força de todos eles que já passaram por desafios bem maiores que os de agora.

Se eles conseguiram, você consegue.

Perceba os sentimentos desafiantes que surgem como uma oportunidade de conscientizar-se do que ocorre dentro de você.

Talvez foi preciso este silêncio compulsório, pois o barulho externo era muito grande.

A solução não passa pela revolta ou indignação pelo que está acontecendo ou pelos legados que a pandemia deixará.

Mas sim, pela aceitação e concordância da realidade como ela é, com a plena convicção que após tudo isso você estará melhor e mais autoconsciente.

Maria Cristina

Maria Cristina

É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.

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