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Rompendo o cordão umbilical

Evite a superproteção estimulando a individualidade das crianças

Atualizado em

Ser mãe é um desafio que a grande maioria das mulheres deseja enfrentar durante sua vida. Imagine o que é ter um ser se desenvolvendo dentro de você. Apenas quem já passou por essa experiência sabe o turbilhão de sentimentos que a acompanha. “Qual será o sexo do bebê? Será saudável? Será que serei uma boa mãe? Será que conseguirei dar o melhor para essa criança?”. Essas são algumas dúvidas que geralmente assombram as mães de primeira viagem. Mas são hipóteses apenas, não sabemos como será o futuro. Enquanto a criança está na sua barriga, você consegue protegê-la. Só depende de você afinal.

O que fazer, então, quando chega a hora da separação? Essa criança que esteve com você durante nove meses agora está exposta aos riscos que o mundo oferece. Por enquanto ela ainda precisa de você, mas logo isso deixará de ocorrer. O tempo passa muito rápido. Nesse momento as mães precisam se conter para não colocarem seus filhos em uma redoma de vidro imaginária, para tentar protegê-los do mundo. O pai é um ótimo mediador nesses casos. Quando não há a figura paterna, outros que fazem essa função são importantes para ajudar nessa ruptura que naturalmente deve ocorrer entre a mãe e a criança.

Aprendendo a lidar com as expectativas

Outro cuidado que se deve ter nessa fase é não projetar nessa criança todas as nossas expectativas. “Esse garoto será um campeão…”, “Veja como é linda, nasceu para brilhar!”, “Ela terá tudo que eu não tive!”. Essas projeções são perigosas e podem gerar adultos frustrados e ansiosos ao tentar cumprir o que os pais determinaram.

Precisamos nos lembrar que também já fomos filhos (as) um dia. E que por mais que os pais tentassem nos dizer o que fazer e qual o melhor caminho a seguir, no final, a escolha é sempre nossa. Sendo assim, as mães que iniciam esse novo papel, devem lembrar que a individualidade dos filhos é fundamental e inevitável. Melhor aceitar que o cordão umbilical se rompeu e buscar transmitir a criança que ela sempre terá alguém em quem confiar. Não há uma fórmula do sucesso, nem um manual para acertamos sempre. Aliás, o erro é importante para um melhor aprendizado.

O primordial é que essa criança saiba que a mãe não irá aprisioná-la, mas estará sempre ao seu lado quando for preciso. Com isso, não estaremos gerando alguém para se tornar nossa eterna companhia, e nem simplesmente, mais um ser para o mundo. Mas sim, contribuindo para que futuramente, o mundo conte com a presença de um adulto cheio de autoconfiança, autoestima e responsabilidade, porque assim foi criado e estimulado.

Precisamos reconhecer a individualidade da criança, mas devemos lembrar que a liberdade é importante, tanto quanto os limites o são. Dizer “não” quando necessário, também é essencial para o desenvolvimento de seu filho.

Questione-se

As mães podem se perguntar se estão fazendo o suficiente para promover a individualidade de seus filhos. Sendo assim, algumas questões são importantes para verificar se estamos estimulando a autoestima, autoconfiança, auto-observação e responsabilidade nas crianças.

Nas duas últimas semanas…

  1. Eu tive tempo para conversar e fazer algumas atividades com meu filho, sem pressa para encerrar logo a interação?
  2. Eu ensinei meu filho a fazer alguma coisa?
  3. Eu saberia dizer quais atividades meu filho gostaria de fazer em minha companhia?
  4. Eu lhe dei alguma forma de atenção, carinho, sem exigir antes nenhuma forma de comportamento adequado?
  5. Eu lhe impus alguns limites que considerei necessários?
  6. Eu menti ou minimizei informações sobre as possíveis consequências de um comportamento? (Exemplo: “Fique tranqüilo, injeção não dói nada”).
  7. Eu insisti em acompanhá-lo em situações que ele poderia (e deveria) enfrentar sozinho?
  8. Eu perguntei o que ele tem feito e como tem se sentido?
  9. Eu sugeri para ele (a) observar seus próprios comportamentos com as outras pessoas e como elas reagem ao que ele diz e faz?
  10. Eu estimulei meu filho a falar das coisas desagradáveis que tem ocorrido com ele, sobre os sentimentos que elas desencadearam e como as tem enfrentado?
Maria Cristina

Maria Cristina

É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.

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