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Esteja disponível para encontrar um amor

Ás de Copas e a receptividade amorosa: permita que o sentimento invada sua vida

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Amor é um assunto que sempre pega bem. Sim, o tema mais batido pela humanidade e que, no entanto, continuará como centro das nossas atenções por longos e longos anos. Não, a terra não é plana, sustentada por elefantes… A força que mantém nossa grande bola azul girando é o amor. Sem ele, caminharíamos sempre reto e no final só nos restaria o abismo. Alguém discorda?

A definição é controvertida. Parece que todas as vezes que tentamos contê-lo em palavras, ele nos escapa voando. Ri da nossa cara o moleque, seu mais fiel representante. Podemos apenas rodeá-lo, tateando no escuro. Uma vez pego, só nos prega peças. E por isso mantém seu inato poder de atração. Graças aos deuses, assim o mundo continua girando.

E como tudo começa? Qual é a gênese do amor? O amor invade. Parece que vem de cima e entra pela boca como um néctar derrubado por uma taça celestial. Um maná dos deuses com que somos brindados antes do encontro. Sim, por que para amar é preciso estar disponível para o amor. Pronto, a postos. Muita gente reclama que o amor nunca chega. Claro, porque o amor não é um trem que se espera pacientemente na estação. Para que o amor entre você precisa estar distraído. Assim, distraídos, venceremos, diz o poeta Paulo Leminski. E Zélia Duncan pega carona na mesma ideia, na música “Distração”. Eu corroboro. A alegria despreocupada é o primeiro passo para atrair a graça. É a alegria, a imaginação, a suavidade, flanando que nem borboleta.

Muita gente reclama que o amor nunca chega. Claro, porque o amor não é um trem que se espera pacientemente na estação. Para que o amor entre você precisa estar distraído.

Essa é a essência do Ás de Copas, a totalidade da potência do naipe: receptividade amorosa – aberto para ser atingindo, virar fonte de água pura. Água que vence a dureza da pedra e a acaricia. O barulho é alto, explosão de cascata, entusiasmo – o deus está dentro de si. Sem artimanhas, armadilhas, expectativas. Acontece. É simples assim. A inspiração o atinge. Se não escreve poemas, distribui sorrisos. Se não compõe, seu corpo vira canção. Se não canta, sua voz encanta como sereia de gogó afinado. O carinho pela humanidade é espontâneo.

Do jeito que anda o mundo? – você me pergunta. Bem, eu não disse que esse estado dura pra sempre. Pode acontecer durante uma hora, um dia, três dias. O Amor é real, mas a realidade é crua. É um presente dos céus com duração definida por eles, é claro. É uma aparição da Beleza em estado puro. Não pode durar muito porque pode ser fulminante. Diz Thomas Mann que a Beleza é a única forma espiritual que podemos suportar sensualmente, ou seja, com o anteparo do corpo. Mas nunca por muito tempo.

E se nesse tempo de milagre, alguém aparecer? Bem, aí saímos do Ás de Copas, primeira carta do naipe aquático e chegamos ao arcano 2, a carta do encontro, do reflexo, do Amor compartilhado.

Mas antes há que se abrir para o Amor. Sem a abertura do canal amoroso, sem a flor que se entrega ao sol, sem a fonte que transborda, sem êxtase individual, não existe verdadeiro Amor.

Tranqüilo, desencanado, liberto, pronto para o elixir – o vinho do invisível. E que o anjo da Temperança lhe seja solícito, caro leitor.

Zoe de Camaris

Zoe de Camaris

Há 38 anos fortalecendo a arte do Tarot, Zoe é escritora, formada em Letras e com especialização em História Social da Linguagem. Presta consultoria de mitologia e análise simbólica em obras de ficção literária e cinematográfica. Leituras presenciais em Curitiba e consultas on-line podem ser agendadas pelo endereço zoedecamaris@gmail.com.

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