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Como combinar espiritualidade e ativismo no Dia Internacional da Mulher

Voltar a unir esses dois mundos que parecem separados é uma grande resposta ao Patriarcado, que até hoje nos oprime de diferentes formas

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Ao contrário do que se pode pensar, o Dia Internacional da Mulher não é uma data de celebração e comemoração. A data pode ter adquirido um aspecto comercial, mas, cada dia está mais próxima de suas origens, que é a luta, a manifestação e o protesto. E quem disse, que ativismo, lutar e protestar precisa ou sequer está destituído da espiritualidade?

Na história, podemos ver muitas mulheres, como sacerdotisas, que eram politizadas. Aliás, se formos bem honestas, o simples fato de uma mulher seguir existindo e exigindo seu direito a existir já é, por si só, um ato político.

A seguir, aprofundaremos o porquê de não fazer essa separação entre espiritualidade e ativismo.

Por que o ativismo

Gosto de sintetizar, dentro do possível, que o movimento do sagrado feminino é um movimento de revolução interior, e que o movimento do feminismo sagrado (como gosto de chamar) é um movimento de revolução social.

Sendo assim, ambos podem ir acontecendo juntos, como dois rios que correm na mesma direção. Leia aqui mais sobre Sagrado Feminino e Feminismo.

Nós, como mulheres, para realmente realizarmos uma transformação coletiva em todos os níveis.

  • Precisamos, antes de qualquer coisa, conhecer nossa história.
  • Realmente nos informarmos, estudarmos e pesquisarmos.
  • Ler livros escritos por mulheres.
  • Estudar com mulheres.
  • Estar entre mulheres (aqui entra espiritualidade e ativismo). Porque há muitas formas de estar com mulheres.
  • Posso estar em grupo de estudos e acadêmicos, conhecendo minha história e aprendendo sobre o feminismo (que é a nossa luta como mulher, e há vários feminismos).
  • Mas também posso estar em um círculo de mulheres me conhecendo internamente e também a minha história, através das deusas e suas mitologias, processos investigativos e potentes que acontecem quando mulheres se juntam.

A magia acontece quando mulheres decidem de verdade estarem juntas, se ouvindo, compartilhando, aprendendo, crescendo, ritualizando e lutando juntas, lado a lado.

Mesmo quando discordam, mesmo quando não tomariam ou fariam as mesmas escolhas que suas companheiras, mas aprendendo que somos diversas e múltiplas, e que nossa força está na ação coletiva.

Por que a espiritualidade

O resgate da espiritualidade é importante se for uma espiritualidade de fato libertadora e emancipadora das mulheres, e não castradora, que a restrinja, puna e mantenha sob rédeas curtas essa mulher, podando e demonizando sua sexualidade, seu corpo e sua existência.

Uma espiritualidade que fortaleça sua voz, sua capacidade de escolha e de dar as mãos para outras mulheres também levantarem.

Como combinar espiritualidade e ativismo

Uma vida que combina espiritualidade e ativismo é uma vida que não separa os mundos, de forma cartesiana ou maniqueísta. Não é isso OU aquilo. É incorreto dizer “se tem ativismo não tem espiritualidade”.

Temos muitos exemplos de mulheres profundamente ativistas e espiritualizadas, como uma das minhas gurus inspiradoras, a Amma. Ela é uma líder espiritual e também uma ativista, que faz mais do que muitos gurus da Índia.

E não precisamos ir longe. Temos muitos exemplos aqui mesmo no Brasil! Será que você consegue pensar em alguém? Talvez, você tenha uma dessas mulheres na sua família ou, talvez, você seja uma.

Aqui, neste artigo, faço uma provocação: quem são suas mulheres heroínas?

Por que combinar espiritualidade e ativismo

Voltar a unir esses dois mundos que parecem separados é uma grande resposta ao Patriarcado, que até hoje nos oprime de diferentes formas.

E é um caminho possível para também reparar o grande abismo que há entre mulheres que se dizem somente ativistas e mulheres que se dizem somente espirituais.

Nós não somos SOMENTE uma coisa ou outra. Isso seria nos limitar. Somos seres espirituais e agentes políticos. Afinal, vivemos em sociedade. Então, nossa revolução precisa acontecer nas ruas e dentro dos templos, como acontecia antigamente.

Mulheres sacerdotisas, abadessas, xamãs, mães de santo e diferentes líderes espirituais, também eram mulheres da resistência, do ativismo e da luta. Não é só porque se usam diferentes “armas” para lutar que não estamos lutando.

Porém, como disse acima, precisamos estudar e aprender, não somente sobre o feminismo, mas sobre nossa história.

Sem conhecimento e consciência social, de raça, sexo, classe e gênero, fica difícil viver uma espiritualidade ativa e concreta, porque todos os movimentos espirituais e religiosos estiverem conectados e movimentaram diferentes momentos históricos e profundamente políticos.

Se estamos na sociedade, tudo é político. Com essa consciência e em posse de conhecimento, nossa espiritualidade fica embasada e assentada no mundo real, concreto e atual que vivemos, e podemos atuar nele com mais eficácia.

Pode ser muito poderoso caminhar nesses dois mundos. Assim, como a Grande Mãe ou a Grande Deusa era regente do céu, da terra e do submundo, nós também podemos aprender com ela e atuar em diferentes campos sem desmerecer ou excluir o outro, mas somar.

A Deusa sempre foi soma e integração dos diferentes aspectos da vida e do ser humano, está na hora de aprendermos a fazer o mesmo.

Assim, sairemos dessa armadilha patriarcal que faz com que sejamos inimigas e estejamos tão polarizadas que não conseguimos ver ou alcançar outras mulheres diferentes de nós. É hora de quebrar as barreiras visíveis e invisíveis, para que nenhuma mulher fique de fora.

Sejamos resistência e luta!
Sejamos místicas e mágicas!
Sejamos intelectuais e científicas!
Sejamos tudo que quisermos!

Ana Paula Malagueta

Ana Paula Malagueta

Utiliza diferentes formas, ferramentas e caminhos como o Yoga, Astrologia, Tarot, Danças Circulares, BodyTalk e movimentos em grupos de mulheres para acessar, desenvolver, resgatar e integrar as energias dos Sagrados Feminino e Masculino em nossas vidas.

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