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Entenda a depressão pós-parto

Saiba quais são os principais sintomas e como tratar essa doença

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A gravidez é um dos momentos mais significativos na vida de uma mulher. Contudo, a chegada de uma criança traz muitas mudanças – objetivas e subjetivas. Durante nove meses ela leva em seu ventre um bebê, que é imaginado e idealizado. “Com quem será que ele se parece?”, “Será que ele puxará o temperamento do pai ou da mãe?” Neste período, o bebê é só dela. Ela se comunica com ele, sente seu corpo se ajeitando dentro da barriga, percebe-o crescendo dentro de si.

Após o nascimento da criança, a mulher precisa dividir o cuidado do bebê com outras pessoas, necessita lidar com os novos desafios de ser mãe, o relacionamento com o parceiro muda, seu corpo que antes era pleno se esvazia e mudanças hormonais voltam a se dar.

Após o nascimento da criança, a mulher precisa dividir o cuidado do bebê com outras pessoas

Podemos afirmar que o primeiro ano de vida como mãe é bastante desafiador e que os primeiros três meses, em especial, são os mais difíceis. Muitos estudiosos afirmam que nessa fase acontece um fenômeno chamado tristeza materna (baby blues ou postpartum blues), que é totalmente natural: a mulher se dá conta de todos esses fatos em sua vida subjetiva ou mental, além das próprias alterações biológicas que geram alterações no humor.

Esse episódio de tristeza materna é comum e não deve ser confundido com a depressão pós-parto, um quadro mais avançado que requer acompanhamento psicólogo e médico. Segundo a psicanalista Vera Laconelli, professora do Instituto Brasileiro de Psicologia Biodinâmica, a depressão pós-parto é um quadro clínico agudo, que acomete entre 10% e 20% das mulheres. Pode começar na primeira semana após o parto e perdurar até dois anos.

Os sintomas da depressão pós-parto são: irritabilidade, mudanças bruscas de humor, indisposição e tristeza profunda. Notam-se também desinteresse pelas atividades do dia-a-dia, sensação de incapacidade de cuidar do bebê, chegando ao extremo de pensamento suicidas e homicidas em relação ao bebê. O diagnóstico precoce é fundamental e para isso é necessário um acompanhamento em todo ciclo de gravidez e pós-parto, sendo a melhor forma de evitar, atenuar ou reduzir a duração desse transtorno.

O que distingue a depressão pós-parto da tristeza materna é a gravidade do quadro, afetando a funcionalidade da mãe e pondo em perigo seu bem-estar e o do bebê. Além da evidente necessidade de cuidados da mulher, já citados, ela é fator de risco para a saúde mental do bebê e, portanto, requer toda a nossa atenção.

O que distingue a depressão pós-parto da tristeza materna é a gravidade do quadro, afetando a funcionalidade da mãe e pondo em perigo seu bem-estar e o do bebê.

O tratamento da depressão pós-parto se dá com sessões de psicoterapia. O objetivo é dar à mãe um espaço de elaboração sobre todas as questões conflituosas que surgiram com a maternidade. E também sobre seus sentimentos ambivalentes em relação ao bebê e ao meio ambiente que a circunda.O prognóstico da depressão pós-parto costuma ser muito bom. A maioria das mães supera este quadro entre 6 e 14 meses após o nascimento do recém-nascido.

Nós, psicoterapeutas rechianos, possuímos uma compreensão integrativa do ser humano. Entendemos que o desenvolvimento emocional, psicológico, físico/orgânico e psicomotor caminham juntos e se influenciam mutuamente.Uma gravidez saudável e bons cuidados, com afeto e carinho, no primeiro ano de vida de um recém-nascido irão propiciar a formação de uma pessoa, com certeza, mais confiante e estruturada quando adulta.

Se você está passando por uma situação de depressão pós-parto e está encontrando dificuldades em proporcionar estes cuidados ao seu filho, conte com a ajuda de seu parceiro ou sua família para ajudá-la. Compartilhar os cuidados de seu filho com pessoas que você confia vai ajudá-la nesse momento de maior fragilidade. Tão logo você se restabeleça será capaz de cuidar dele de maneira mais presente, atuante, cuidadosa e carinhosa. Tenha certeza disso!

Possíveis fatores desencadeantes de depressão pós-parto

  • Predisposição genética a depressão
  • Desregulação endócrina da glândula tireóide e quadros clínicos de anemia.
  • Ausência de um campo familiar de proteção para a mãe e o bebê
  • Separação do casal momentos antes ou depois no nascimento da criança.
  • Gravidez indesejada com rejeição do bebê
Rodrigo Garcez

Rodrigo Garcez

Psicólogo Clínico formado pela PUC-RJ e com especialização na Assistência e Atendimento ao Usuário de álcool e outras drogas pelo PROJAD/Instituto de Psiquiatria da UFRJ.

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