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O que é masturbação: entenda da puberdade à maturidade

Ainda um tabu, a masturbação é um exercício saudável da sexualidade

Atualizado em

Por incrível que pareça a masturbação ainda é um tabu, mesmo na solidão da busca pelo prazer. São muitos os preconceitos e crenças que envolvem a prática e grande parte deles está associada a questões moralistas e religiosas. Outras vezes, são equívocos com relação à saúde, acreditando-se que a prática pode causar algum mal ou doença. Não causa!

A masturbação é o caminho mais saudável para o reconhecimento das fontes de prazer do próprio corpo. No início da puberdade somos inundados por uma avalanche de hormônios que estão preparando o corpo para a reprodução.

A natureza é sábia. Para que a vida tenha continuidade, nada mais apelativo do que dotar o corpo de sensações prazerosas para que os pares se busquem com o objetivo de saciar esse prazer, que vai desembocar na preservação das espécies.

No reino animal como um todo é o instinto de preservação que rege o contato sexual e no caso dos seres humanos não é diferente. O corpo pede essa descarga de energia que se acumula de tempos em tempos.

É orgânico, é fisiológico tanto quanto é a necessidade de beber água quando se está com sede. Mas nós vamos além da necessidade fisiológica. Nós reconhecemos o prazer que o corpo pode proporcionar e podemos buscá-lo de forma consciente.

Não existe masturbação na infância

Desde bebês o corpo sinaliza prazeres que começam com as mamadas. Afinal, é um grande prazer saciar a fome! Conforme o tempo passa, as crianças vão encontrando outros prazeres que passam pelo controle dos esfíncteres. Ganhar elogios dos pais quando a criança sinaliza que quer fazer xixi ou cocô é um estímulo a mais para controlar suas funções. E, assim, naturalmente, as crianças vão explorando seus corpos.

Por volta dos três ou quatro anos, o corpo está à disposição para ser explorado e as crianças vão tocar seus genitais, mas isso não deve ser encarado como sexualização ou masturbação. Essa prática pode se tornar constrangedora para os pais porque a criança não escolhe hora ou lugar para se tocar, então o melhor a fazer é orientar a criança, não proibi-la.

É negativo usar a religião como forma de repressão ou dizer que é feio, já que a sexualização está só na cabeça do adulto. A criança é inocente e vincular prazer a pecado e desaprovação dos pais pode ter consequências nefastas na vida adulta.

Essa fase vai passar por volta dos 6 anos, quando a curiosidade sobre a exploração do corpo dá lugar à exploração do mundo à sua volta e os interesses migram para o aprendizado da leitura, dos esportes e das amizades.

Cuidados com crianças – um alerta!

É importantíssimo que os pequenos sejam bem orientados com relação a quem pode e quem não pode tocar em seus corpos. Em cada fase numa linguagem apropriada, as crianças devem saber que ninguém “grande” pode encostar na sua genitália a não ser papai e mamãe para limpar e na hora do banho. Desde bem cedo, a partir dos dois ou três anos, as crianças devem ter noção do que são as partes íntimas do corpo, ou seja, aquelas em que os adultos não têm permissão para tocar ou acariciar. A mãe, especialmente, deve deixar claro que ela sempre vai acreditar na criança, assim, quando qualquer adulto quiser ir a algum lugar “secreto”, “escondido”, a criança deve recusar sempre e contar aos pais ou professores. Os pais devem deixar claro que não existe segredo entre uma criança e um adulto e que ela sempre deve contar para a mamãe tudo o que qualquer adulto – tio, primo, avô, padrasto, vizinho, amigos da família – disser que é um segredo. O que não pode: o adulto pedir para tirar a roupa, filmar, fotografar, tocar, espiar, tocar no corpo dele, beijar e tudo mais que os pais entenderem como um risco à integridade dos filhos.

Masturbação na puberdade

A partir da puberdade é que a sexualidade começa a se desenvolver. O prazer na região genital passa a ser buscado conscientemente e a prática da masturbação se inicia. Dessa forma, não será necessário alertar os filhos para que isso não seja feito em público, as crianças entenderão naturalmente que esse prazer deve ser saciado na intimidade.

Quero aqui abrir um parêntesis no que diz respeito às crianças com deficiência, seja ela física ou mental. Todas as crianças passam pelas mesmas fases no que diz respeito às descobertas de seu corpo e seus responsáveis não podem ficar alheios a isso.

São as conversas esclarecedoras em cada fase do desenvolvimento e a insistência e paciência nas orientações aos filhos que podem fazer com que eles se desenvolvam com mais naturalidade e menos preconceito.

Não é porque o filho é uma pessoa com deficiência que deva ser tratado eternamente como criança. Esse comportamento não protege, ao contrário, limita e causa mais prejuízos que benefícios. Existem profissionais especializados e capacitados para orientar os pais em todas as fases do desenvolvimento. Conte com esses profissionais.

Adolescentes, adultos, senhoras e senhores se masturbam. Ou deveriam…

O exercício da sexualidade é saudável. Não é preciso ter um parceiro ou parceira para usufruir dos prazeres que o corpo pode proporcionar. Se os adolescentes não estão ficando ou namorando com alguém, isso não significa que o corpo esteja inerte, ele está produzindo uma infinidade de hormônios que apelam para a busca do prazer. Então… por que não se masturbar?

Por que não dar asas à imaginação e se soltar em sua intimidade e aproveitar para explorar ainda mais esse corpo e suas possibilidades? É na masturbação que o adolescente se prepara também para viver sua sexualidade sem travas e para orientar seu futuro parceiro ou parceira para suas fontes de prazer. Sem conhecer o próprio corpo, seus limites e horizontes, o jovem pode, por um lado, ser alvo de abusos e, por outro, ficar enclausurado em medos e preconceitos.

Os adultos, ainda que com vida sexual ativa, também não precisam deixar de lado a prática da masturbação, seja como um ato solitário, seja a dois. Sabemos que o apelo visual é estimulante e o casal pode se valer da masturbação nas preliminares ou mesmo como prática sexual com fim em si mesma.

E as pessoas que não estão mais em idade reprodutiva e que já passaram por uma nova revolução hormonal? Ainda que os apelos pelo prazer estejam mais calmos, eles não deixam de existir. Nada que um estímulo não dê conta!

Prazer sexual não é pautado apenas por orgasmos incríveis. Tocar-se, acariciar-se, prolongar a sensação de bem estar sexual, seja sozinho ou com a parceira/parceiro de uma vida, é sempre uma prática que relaxa, estreita a intimidade e reforça os laços. É o preconceito que muitas vezes faz com que “esqueçamos” que o corpo pode continuar sendo um playground.

Cada fase da vida com suas peculiaridades, a masturbação é e sempre será saudável desde a juventude até a maturidade! É uma prática totalmente alinhada com o autoconhecimento.

Conhecer e aproveitar as possibilidades do corpo é também chegar mais perto da mente e das emoções.

Celia Lima

Celia Lima

Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e pós graduanda em Psicologia da Saúde e Hospitalar pela PUC-PR. Utiliza os florais, entre outras ferramentas como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.

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