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Arcano do mês: O Eremita

Março de 2017 exigirá paciência, perseverança e coração equilibrado

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Em março de 2017, o silêncio vale mais que mil palavras. E os pensamentos, administrados um por um, são mais saudáveis do que qualquer ansiedade. “O Eremita” é representado por um homem, geralmente velho, que caminha sozinho. Apoiado num cajado e levando uma lamparina, ele segue o seu destino sem se importar com o que ficou para trás. É essa conduta, aliás, que deve ser mantida em março: o desapego do que e de quem só faz intriga e a postura comprometida com o que vem por aí.

As águas de março que fecham o verão exigem uma pedra em assuntos pendentes. Resolva e mantenha o ritmo dos pés – mesmo que você se ligue ao passado, é favorável se questionar sobre o que já pereceu e o que já foi resolvido. Perdoar e continuar são as condições deste mês, marcado por uma sensação de necessária solidão e recuperação de toda a intensidade que houve durante o mês passado.

Perdoar e continuar são as condições deste mês, marcado por uma sensação de necessária solidão e recuperação de toda a intensidade que houve durante o mês passado.

Fechar-se para balanço tende a ser crucial para renovar os seus projetos e mesmo o seu ânimo. É agora que você começa, de fato, o ano de 2017: com um leve cansaço, mas com uma conduta ainda mais responsável para manter ou alcançar a estabilidade, o sucesso e a satisfação. Tudo é possível para quem já viveu tantas coisas, não é mesmo? Então, dê o seu melhor, porque em março a vida exige sabedoria, paciência e comprometimento.

VOCÊ NASCEU PARA TROPEÇAR E CAIR

Porém, mesmo havendo tantos percalços ao longo da sua jornada, é exatamente no mês regido pelo Eremita que levantar-se e continuar caminhando acaba sendo um grande teste de resistência. Fazer valer sua experiência de vida, toda a sua bagagem, é revelador neste período. Em vez de criticar os desafios, comece a perceber o que você pode aprender com toda e qualquer situação difícil. E, o melhor, passe a levar em conta tudo o que você tem aprendido ao longo do tempo – seja com desilusões afetivas, escolhas mal pensadas, traições ou arrependimentos. Não adianta entrar em março com tudo nas suas costas, como se você tivesse que carregar tudo de pior que já lhe aconteceu. Prefira lidar melhor com as complicações, aprendendo com elas. Faça o que deve ser feito, sabendo bem quais são seus limites. E quando chegar neles, respirar fundo e seguir seu caminho será melhor do que se curvar ao que você não pode resolver.

LEVE LUZ AONDE ESTÁ ESCURO

É bem aquela história: em vez de maldizer a escuridão, acenda uma vela. E você terá, em março, coragem e discernimento para clarear situações adversas e perceber melhor as pessoas. Atente à sua intuição. Este arcano do Tarot fala sobre seguir os passos da sabedoria, que nada mais é do que a sensatez na hora de tomar decisões e a prudência com as palavras. Quanto menos você fala, melhor você diz. E assim a estrada se torna mais nítida.

SAÚDE EM PRIMEIRO LUGAR

Em março você deve atentar para questões de saúde, que podem complicar. Todo e qualquer exagero tende a ser problemático, por isso a prudência é exigida em todos os âmbitos, inclusive na alimentação e na prática de exercícios físicos. A estafa e o estresse pressupõem horas de refúgio e tranquilidade.

O AMOR PEDE SERENIDADE

Não é nada prudente agir de modo irritado com as questões do coração. Para março, “O Eremita” aponta uma tendência a um período de reclusão bastante necessário para avaliar melhor os desejos e as atitudes em relação à vida amorosa. Em contrapartida, o que está bem sólido entre duas pessoas tende a se manter: a estabilidade que o tempo traz a um compromisso afetivo merece atenção. Não mexa no que está dando certo. Conviver com respeito é um passo importante na direção da harmonia.

Como é escolhido o arcano do mês?

Dos e-mails que chegam: “Qual a força ou mesmo a idoneidade dos arcanos do mês que aparecem em diferentes páginas? Nunca são iguais! Qual deles seguir?”. Sim, existem muitas pessoas que puxam uma carta para o dia, uma para a semana, uma para o mês e até mesmo uma para o ano. E elas são válidas.

“Ué, mas todas elas são válidas? Então, qualquer pessoa pode tirar uma carta que vale para tudo e todos?”, alguns podem se perguntar. Não é bem assim. E não é simplesmente tirar a esmo. Deve-se levar em conta o propósito do sorteio (para quê? para quem?) e a marcação de tempo aplicada (para quando? Dentro de qual período?). Esta é uma forma de delimitar a atuação dos símbolos, sendo para uma previsão ou para uma orientação, a um grupo ou um público em particular.

Aqui no Personare, por exemplo, as cartas selecionadas para o mês são sorteadas tendo como premissa aquela que melhor venha a orientar os usuários, nos períodos especificados.

São tendências gerais que ressoam, que batem, que agradam, preocupam e até desagradam.

Ao contrário da Astrologia, que tem uma fonte única de cálculos (que são as posições dos planetas e os aspectos, considerados universais), com o Tarot teremos sempre cartas diferentes porque cada oraculista responsável tem um baralho em mãos – um microcosmo à disposição – que refletirá suas respectivas intenções. Ainda que os referenciais sejam os mesmos no mundo todo (78 arcanos: 22 Maiores e 56 Menores), existem deformações simbólicas, sistemas e filosofias diferentes no âmbito do Tarot. A melhor maneira de avaliar a validade e a eficácia desses arcanos é testando a interpretação e percebendo sua atuação em nossas vidas.

Mesmo que os símbolos também sejam universais, eles falam através de vozes diferentes. Vez ou outra as cartas são as mesmas, indicando que certas energias podem estar alinhadas. Mas pode acontecer de serem próximas ou absolutamente destoantes. A prioridade é perceber que cada carta, por mais divergente de um canal para outro, acaba sendo pertinente à pessoa interessada. Os símbolos falam ao melhor e ao pior de nós. E a idoneidade de cada canal é medida pela assertividade da interpretação, não pelas cartas sorteadas.

Portanto, querer ou pressupor que as cartas de todos os canais sejam iguais para validar o Tarot ou dar uma impressão de coerência oracular é o mesmo que desejar que um raio caia várias vezes no mesmo lugar. Pode acontecer, claro, mas não somos nós que determinamos isso.

Então, cabe avaliar o que se lê, assiste e ouve sobre os arcanos selecionados para um período estipulado de atuação. Conviver com os símbolos. O Tarot é um instrumento auspicioso para o aperfeiçoamento pessoal e, sobretudo, para tomar as devidas atitudes diante do mundo.

Leo Chioda

Leo Chioda

Leo Chioda é escritor e um dos principais tarólogos em atividade no Brasil. Graduado em Letras pela UNESP, atualmente desenvolve uma tese sobre poesia e alquimia na USP. Assina o blog e as redes sociais do Café Tarot desde 2006, onde publica associações entre os arcanos e a cultura popular, a literatura, a música e o cinema.

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