2017: O ANO DA FORTUNA
Arcano regente do ano traz surpresas e chances de colocar a vida nos eixos
Por Leo Chioda
Um dos procedimentos de previsão mais comuns associados ao Tarot é a soma dos algarismos de um ano. O número obtido é associado a um Arcano Maior, cujos símbolos e atributos regem acontecimentos e comportamentos durante aquele período específico. Portanto, a carta que rege o ano de 2017 (2+0+1+7=10), é a décima: A Roda da Fortuna.
A ENGRENAGEM QUE NÃO DESCANSA
Uma máquina. Uma estrutura circular. Uma roda gigante. A carta do Tarot que rege 2017 deve ser vista como um movimento incessante. Essa engrenagem da deusa Fortuna merece ser compreendida além do bem ou do mal, já que ilustra o ciclo natural das situações e das pessoas: nascimento, vida e morte. Ou, ainda, ideia, execução e finalização.
Tudo o que for colocado em prática a partir de janeiro poderá se desenvolver e chegar ao fim natural, como se fossem cumpridas as etapas de um processo. Isso porque a simbologia deste arcano preserva a ideia de movimento, de ritmo e de constância: a engrenagem da máquina do mundo, que não para de funcionar. Eis uma clássica metáfora para o fluxo dos planetas, das estações e dos elementos. Tudo em constante atividade.
DEPOIS DE UM ANO MAÇANTE, UM PERÍODO MARCADO PELA AGILIDADE
A Roda da Fortuna, tal qual se vê nos baralhos de Tarot, é baseada num conceito mitológico bastante difundido na Idade Média: Fortuna, a deusa romana da sorte, gira a manivela de um maquinário – uma roda em que se situam os homens, os seres e os ciclos de tudo o que existe.
Sendo senhora absoluta do acaso, Fortuna movimenta essa estrutura concedendo as benesses e as agruras a tudo e a todos. Durante o período medieval, a ideia se popularizou devido às diversas representações e iluminuras associadas ao poder monárquico: um rei coroado no topo da roda; um em declínio, perdendo suas nobres vestimentas; outro embaixo, sem reino e sem posses; e um último subindo, quase alcançando o topo.
Nada passa incólume à Fortuna, que rege o acaso e o tempo de cada um. Hoje o conceito se mantém, sobretudo nas cartas, ainda que o termo “roda da fortuna” seja popular para caracterizar jogos de azar ou programas de TV que se baseiam em sorteios, passando a restringir a palavra “fortuna” a dinheiro ou riqueza. Mas ao longo de 2017 ficará mais claro que a boa ou a má sorte depende de como enfrentamos as situações que se apresentam. Cada pessoa tem a sua própria fortuna, termo que também se associa ao conceito de destino ou fado. Vejamos, a seguir, o que os símbolos do décimo Arcano Maior proporcionam durante o seu período de regência.
Devido à natureza dinâmica conferida à Roda da Fortuna, o ano de 2017, regido por este arcano do Tarot, passa a ser marcado pela rapidez, pela agilidade e pela agitação. Depois de um 2016 ano regido pelo arcano “O Eremita” (veja aqui as tendências que a carta sugeriu), em que as coisas custaram a acontecer devido à lentidão e aos equívocos de toda ordem, os projetos agora podem desemperrar. Será possível, ao longo de 2017, reanimar ideias, planos e atitudes que tendem a surtir efeitos em curto ou médio prazo.
Mas, mesmo a mobilidade e a agitação projetam sombras. Uma associação direta à rapidez do tempo marcada pela carta traz como consequência a correria, a impaciência e também a superficialidade com que as coisas podem ser iniciadas, executadas ou finalizadas. É como se o improviso ou o acaso fizessem mais do que o planejamento sensato ou a dedicação frequente, culminando em situações marcadas pela falta de capricho, pobreza de detalhes e ausência de profundidade.
Há de se ter cuidado, em 2017, em querer correr contra o tempo e acabar perdendo a chance de fazer algo bem feito. Deixar a desejar pode ser uma constante neste ano de atribulações e compromissos firmados na pressa.
A ROLETA RUSSA DO AMOR
É assim que podemos nos sentir em 2017 no âmbito afetivo ou mesmo sexual: num parque de diversões repleto de possibilidades. Mas nem sempre o que está disponível vale a pena! Uma dica para quem procura uma paixão neste ano é testar a profundidade e a consistência do envolvimento. Relações passageiras ou mesmo platônicas podem marcar os meses, mas apenas as mais significativas é que podem prometer algum desenvolvimento ou uma importância aos dias futuros.
Para quem já tem um compromisso amoroso, a orientação da carta do ano é avaliar a própria rotina. O que há de mais sólido entre as pessoas que se amam tende a sustentar qualquer empecilho, porque só os relacionamentos fortes é que resistem à oxigenação trazida pela Roda da Fortuna: salvos pelo gongo. Nem sempre é fácil, já que podem haver desentendimentos com alguma frequência, mas a primeira ordem é não deixar que as atribulações causem um gradativo distanciamento emocional: desculpas, pendências, cansaço e procrastinação podem desestruturar a paz do bom convívio.
AS VOLTAS QUE O BOLSO DÁ
No que diz respeito ao setor profissional e financeiro, o arcano de 2017 aponta para oscilações cada vez mais corriqueiras: nem sempre o emprego ou o salário dos sonhos será mantido por muito tempo.
nem sempre o emprego ou o salário dos sonhos será mantido por muito tempo.
Cabe, ao longo destes meses, agir de maneira moderada em relação às próprias economias, já que é forte a tendência a gastos exagerados e muitas vezes desnecessários. O desperdício e o descontrole em relação ao dinheiro pressupõem uma postura cada vez mais assertiva e, sobretudo, realista: não é momento para esbanjar e nem para ceder aos caprichos de cada dia.
O trabalho, por mais estresseante ou incômodo que esteja, deve ser revisto com absoluta cautela. Mudar sua própria maneira de lidar com as dificuldades é que denota o quanto você se prepara para o que pode haver de melhor neste período. Acredite: ele é repleto de possibilidades. Não perca a paciência e nem falte com educação diante de qualquer adversidade. Quanto mais você permanece fiel ao seu próprio eixo – mantendo a calma, a gentileza e a autoconfiança – mais perto está das soluções.
O ÊXITO PODERÁ VIR DO ACASO
Ainda assim, o ano preserva oportunidades únicas de criar vínculos significativos. Os golpes do acaso se definem, em 2017, pelos encontros inusitados que acabam sendo determinantes para o êxito em alguma área ou situação específica: promoções, sorteios, premiações, propostas e possibilidades, esperadas ou repentinas, estão na pauta.
A RODA GIGANTE E TODOS OS SEUS ALTOS E BAIXOS
Talvez a imagem mais acessível que temos da Roda da Fortuna no nosso imaginário seja a roda gigante. Os famosos altos e baixos que associamos ao humor ou às emoções são perfeitamente cabíveis nesta carta do Tarot, que em 2017 tanto nos influencia: a rotina pode não ser tão repetitiva quanto parecia no ano passado, em que nada saía do lugar E nem se resolvia por completo. Agora, porém, oscilam as impressões de estabilidade e instabilidade, porque ninguém fica no mesmo lugar para sempre.
Em 2017 está a chance de aprender, definitivamente, que a felicidade ou a infelicidade não são permanentes.
Em 2017 está a chance de aprender, definitivamente, que a felicidade ou a infelicidade não são permanentes.
Tudo está em constante movimento: um dia de choro, outro de gargalhadas; um momento de vitória, outro de decepção. Por isso, uma das grandes metas que este arcano pressupõe que alcancemos é a atenção plena ao que fazemos da nossa vida e como agimos diante do que nos acontece. Em vez de ceder aos rompantes da má sorte ou achar que a boa sorte veio para ficar, vale apostar numa postura neutra: aprendendo com as dificuldades e celebrando as alegrias, mas não dependendo e nem se apegando demais a nenhuma delas.
Quando estamos embaixo, é crucial se questionar sobre o motivo de estar sofrendo. Quando estamos subindo, devemos medir nossas expectativas de modo sensato para saber aonde (e como) queremos chegar. Quando estivermos no topo, é importante ver toda a vida por um panorama de sucessivas experiências: gente nascendo e gente morrendo, gente reclamando ou desperdiçando tempo e gente aproveitando o que há de melhor. E quando estivermos em declínio – devido a alguma frustração, substituição, demissão ou mesmo abandono – é crucial perceber que é um momento difícil, sim, mas não o fim derradeiro. Não é a primeira e nem a última queda, mas é a dádiva de aprender com as situações e se tornar mais forte diante de qualquer dificuldade que se apresente. Porque dias melhores já vieram e sempre virão.
A GENTE SAI DO LUGAR, NÃO ESTAMOS EM UMA ESTEIRA
É importante frisar o quanto 2017 pode parecer, em algum raro momento, um fluxo ininterrupto de situações parecidas ou iguais. Uma reação em cadeia, como se a rotina estivesse se repetindo desde o começo dos tempos. Mas não é bem assim que as coisas acontecem. Com este arcano nós não só saímos do lugar, como também abrimos o leque de possibilidades de mudança: de casa, de trabalho, de amor, de crença, de rotina e de atitude.
Não estamos numa esteira, mas sim numa escada rolante: subindo e descendo. Neste ano tudo se move, de uma forma ou de outra. Meses de circulação em que podemos perceber várias mudanças na maneira de lidar com as pessoas e com os nossos próprios interesses. A Roda da Fortuna não tira nem concede poderes, ela testa o que somos e como lidamos com o que e quem acontece ao nosso redor. É a grande chance de renovar e desenvolver, dia a dia, uma postura cada vez mais maleável, atenta e inteligente diante da vida. Encontros inusitados, surpresas boas ou desfavoráveis, chances únicas e imperdíveis de colocar o próprio mundo nos eixos.
EIS UM ANO AFORTUNADO
Como você vê, são várias diretrizes a serem seguidas em 2017. Não se esqueça que Fortuna é a deusa regente do Tarot, ainda que não apareça representada em quase nenhum baralho disponível no mercado. Mesmo que o foco seja a Roda, a divindade é quem a mantém em movimento. Isso significa que um ano regido por ela é um ano de sorte – tanto aquela que comumente chamados de boa sorte quanto a má sorte, pejorativamente chamada de azar. É de nossa responsabilidade enxergá-la como positiva ou negativa.
Mas o que importa mesmo é constatar o quanto somos afortunados em 2017. De experiências, de possibilidades. Entender o mecanismo deste arcano ao longo do ano pode ser difícil, já que exige aceitar a duração das coisas e até das pessoas – os prazos de validade, a convalescência, os fins. Mas esse mecanismo também passa por momentos de alegria que surgem sem avisar e até mesmo por escolhas feitas de última hora, aquelas que nos levam a experiências realmente significativas.
Por isso, em vez de reclamar do que não agrada, fique de olho no tempo que corre. Ele não volta. Porque, em 2017, o que vale mesmo é constatar que, apesar de tudo, ainda temos sorte. Toda a sorte.
Leo Chioda é escritor e um dos principais tarólogos em atividade no Brasil. É doutor em Literatura pela Universidade de São Paulo e sua tese é sobre poesia e alquimia. No Personare é autor do Tarot Mensal, Tarot Direto e professor do Curso Básico de Tarot.
Saiba mais sobre mim- Contato: l.chioda@personare.com.br
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