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Arcano do Mês: a Roda da Fortuna

Tarot recomenda aceitar imprevistos e lidar bem com o que começa e termina

Atualizado em

Em junho de 2019 o arcano regente do mês é A Roda da Fortuna, o décimo arcano maior do Tarot. você tende a notar a correria se intensificando. Mesmo assim, pode bater uma impressão de que as coisas e as pessoas não saem do lugar. Mas isso se deve às impressões que temos a respeito da rotina — termo ligado à ideia de “rota”, que por sua vez se liga a “roda” —, não há movimentação interna e física de cada um.

Tudo está em constante movimento, e uma prova disso é que você não é a mesma pessoa que era há um ano atrás. Não é verdade? Por mais que o tempo pareça correr mais depressa ultimamente, um ano é o suficiente para notar que nada é como antes. A vida muda sem parar.

Essas são tendências coletivas para junho, que podem ser sentidas por todos. Para entender também suas tendências particulares, após a leitura consulte seu Tarot Mensal.

A roda dos afortunados

Você já evitou uma enrascada por pouco?Ou se safou de algum perigo só por ter ficado em casa? E o que dizer sobre o imprevisto que te faz faltar a um compromisso e, depois, você descobre que o lugar foi assaltado naquele dia? Essas situações são aleatórias, mas é quase impossível não pensar que algo nos guia e nos guarda de tal forma que não entendemos no momento.

Há quem associe essas circunstâncias a figuras como anjo da guarda, e no Tarot essa figura está personificada no arcano desse mês. Em junho você tem a missão de seguir um pouco as mudanças da vida sem lutar contra elas.

A Roda da Fortuna sugere que você, em vez de se colocar na contramão das transformações — só por que nem tudo sai como você deseja —, deixe as coisas acontecerem. Tudo tem o tempo certo de fluir. E, se algo está emperrado, considere isso um recado da deusa Fortuna, que nos livra de problemas e perigos que estão mais próximos do que imaginamos.

A Roda da Fortuna e as voltas que o amor dá

Dispersão, correria e superficialidade. Em tempos de tantos afazeres e tanto tempo dedicado a ansiedade, a redes sociais e a preocupações, o amor parece ficar de lado. Com A Roda da Fortuna, junho passa a ser o período em que você nota mudanças consideráveis na maneira como encara o amor e como lida com os sentimentos.

Se você está em uma relação amorosa, atente à rotina de modo cada vez mais enfático. Em vez de perder a cabeça com detalhes, procure o eixo do vínculo afetivo — os sentimentos, o respeito, o desejo, a companhia — e cuide melhor dele. É normal que um romance se desgaste ou perca um tanto o brilho devido a tantos compromissos, já que o Tarot exalta a vertigem da correria. Mas o afeto merece algumas horas de sua atenção e verdadeira dedicação.

Se você não tem um compromisso afetivo, considere o fluxo de pessoas que podem se aproximar. Se há alguém específico, aproveite as oportunidades sem perder tempo com expectativas exageradas. A Roda da Fortuna tanto oferece quanto tira com rapidez, então não se prenda a nada e a ninguém com tanta força. Viva o momento. Se não há qualquer pessoa em vista, não pense que continuará assim por muito tempo. A vida é cheia de surpresas.

As reviravoltas no trabalho e no bolso

A Roda da Fortuna não deixa ninguém no trono por muito tempo. Essa estrutura é conhecida desde os primórdios da nossa civilização, quando um chefe de tribo era deposto quando atingia certa idade e outro, mais novo, assumia o seu lugar.

Essa é a estrutura considerada normal pela maioria dos povos que já passaram pela Terra: um reina agora, outro reinará em seguida e um outro reinou antes. No âmbito profissional, você tende a perceber que nem tudo ou todos ficam onde estão. É possível que, com a crise, venhamos a testemunhar colegas sendo desligados e até mesmo nós passemos por reformulações em nossas próprias carreiras.

Por mais que isso possa nos amedrontar, o Tarot é enfático: uma sucessão ou um destronamento não são necessariamente posturas perversas, mas sim partes importantes à manutenção de um estabelecimento e, a nível pessoal, à transformação de cada um.

Se você não está trabalhando no momento, considere a Roda da Fortuna como um indício de boa sorte em junho: é possível que alguma proposta chegue até você, mas lembre-se: prepare-se devidamente e não se apegue a promessas.

A roda gira, mas seus pés continuam firmes no chão.

Em todo caso, a economia tende a ser urgente ao longo desse mês. Saiba em que e quanto você investe seu dinheiro e a quantas andam as suas reservas financeiras.

A Roda da Fortuna: acaso e também sorte

Um dos aspectos pouco falados desta carta de Tarot é que quando ela sai em uma leitura, ou quando rege um mês específico, a deusa da sorte tende a nos agraciar com alguma tarefa ou presente inusitado. É como se em junho fosse necessário encarar as situações com mais serenidade, já que há desígnios e caminhos que o destino nos impõe sem que saibamos muito bem como lidar com eles.

Mas é tendo noção dos nossos privilégios — poder comer, falar, se locomover, refletir, pensar e seguir em frente — que começamos a lidar bem com a ideia de sorte. Por mais que situações consideradas ‘de azar’ lhe tirem do sério, encare-as como importantes lições para se tornar cada vez mais forte. ‘Força’ é bem próximo de ‘Fortuna’, já percebeu?

O zodíaco também é uma roda

Assim como Fortuna rege os círculos e as espirais, o zodíaco da Astrologia também é uma representação do tempo — elemento inerente a este arcano do Tarot — e aos signos, que regem a todos nós. Pensando nisso, e tendo por base o arcano regente de junho, sorteamos uma carta para cada um dos signos para aprofundar as tendências do mês. Clique no seu para saber quais são as tendências do junho e as orientações do arcano exclusivo para você:

Áries

Touro

Gêmeos

Câncer

Leão

Virgem

Libra

Escorpião

Sagitário

Capricórnio

Aquário

Peixes

Carta A Roda da Fortuna

O décimo arcano maior do Tarot é tradicionalmente chamado de A Roda da Fortuna. Embora seja comum associar esta carta à dinheiro devido ao termo fortuna, devemos prestar atenção a um detalhe: a Fortuna, no Tarot, diz respeito à deusa romana que leva este nome, que personifica a sorte — que pode ser boa ou má — e a impermanência da vida.

Embora algumas iluminuras a representem como uma mulher coroada e vendada, indicando que suas bênçãos são para todos os mortais, sem qualquer distinção, geralmente os baralhos mais antigos não a traziam na carta, como se ela fosse invisível ainda que onipresente, tal como a concepção de Deus.

Roda da Fortuna de John Lydgate
Roda da Fortuna de John Lydgate (Século XV). Universidade de Manchester

Mas em alguns oráculos mais recentes podemos ver diferentes representações que remetem ao seu simbolismo: círculos, relógios, mandalas, espirais, ou mesmo o zodíaco e a representação das Moiras, uma tríade de divindades gregas que regem o destino de todo e qualquer ser humano — Cloto, Láquesis e Átropos que, respectivamente, fiam, medem e cortam o fio da vida de cada um.

É impressionante o desdobramento iconográfico que a divindade Fortuna recebeu ao longo do Renascimento, passando a ser identificada com outros deuses ou criaturas encantadas, como a fada-madrinha, aquela que presenteia o recém-nascido com algum dom, que por sua vez se associa ao destino que recebemos quando nascemos. Mas a sorte, que pode ser boa ou má, popularmente chamado de ‘azar’, é uma das principais características dessa figura mitológica tão importante.

No Tarot, a evolução do arcano maior mostra, em resumo, duas ou mais figuras ao redor de uma estrutura — a própria roda — que gira ininterruptamente. Esta é a máquina que a deusa Fortuna manipula o tempo todo, fazendo com que uma das criaturas esteja no topo, outra em ascensão e outra embaixo.

Na Idade Média esse conceito serviu especificamente aos reis e governantes, que iriam reinar, estavam reinando e haviam reinado. Essa verdadeira dança das cadeiras é não só uma metáfora à instabilidade do poder nas mãos de um ou outro homem importante como também à impermanência da vida e toda a sua complexidade: nosso corpo físico, nossos pensamentos e nosso lugar no mundo estão em constante mudança. Aliás, tudo ao nosso redor está mudando sem parar, mesmo que não percebamos.

Leo Chioda

Leo Chioda

Leo Chioda é escritor e um dos principais tarólogos em atividade no Brasil. Graduado em Letras pela UNESP, atualmente desenvolve uma tese sobre poesia e alquimia na USP. Assina o blog e as redes sociais do Café Tarot desde 2006, onde publica associações entre os arcanos e a cultura popular, a literatura, a música e o cinema.

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