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Paixão na maturidade é possível

Apaixonar-se nessa fase pode ser tão arrebatador como na adolescência

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Quem já viveu com “frio no estômago” ou com “borboletas na barriga” sabe que paixão é palavra que combina perfeitamente com adolescência, juventude, vitalidade, impulso. Mas será que este sentimento pode surgir na maturidade? Como é que paixão pode combinar com ponderação, filhos crescidos, netos chegando, cuidados com os pais, vida profissional estabilizada e muitas vezes próxima da aposentadoria?

O psicólogo suíço Carl Gustav Jung faz uma das mais interessantes interpretações sobre este intenso sentimento que arrebata homens e mulheres desde que o mundo é mundo. Segundo ele, quando nos apaixonamos estamos atraídos pelo ser divino, perfeito e completo que existe dentro de cada um de nós e estamos expressando também aquilo de divino, perfeito e completo que há no nosso íntimo. Esta atração nos aproxima do nosso par e nos lança em um estado de enamoramento. Algum tempo mais tarde este véu se dissipa e passamos a olhar o outro como ele é em sua expressão humana, cheio de defeitos e virtudes, ao mesmo tempo em que podemos expressar também nossas possibilidades e limitações. E a paixão vai dando lugar ao amor.

Tudo isso combina perfeitamente com os impulsos da adolescência, com os exageros, os dramas. Mas será que pode combinar com outras fases da vida cujas características são tão diferentes? Não é incomum encontrarmos casais que, após terem construídos suas famílias, terem criado os filhos, esperado os netos, se separam, depois ou ao longo do caminho. Também para aqueles que permanecem juntos, é comum que a vida afetiva fique um pouco relegada ao segundo plano. Há aqueles que se acomodam na relação e os que esperam encontrar uma boa companhia frequente; há aqueles que buscam fora do casamento relações esporádicas e descompromissadas. Ninguém quer abrir mão de um par, mas a verdade é que poucos acreditam que possam se apaixonar novamente, ainda que seja pelo companheiro de muitos anos.

Experiência arrebatadora

A boa notícia é que é possível, sim, se apaixonar na maturidade e esta pode ser uma experiência verdadeiramente incrível! Porque nesta fase, após termos passado por muitas experiências de todos os tipos, namoros e casamentos felizes ou não, atrações e repulsas, perdas e traições, brigas e reconciliações, estamos muito mais preparados pra vivenciar a paixão, reconhecendo aquilo de mais sublime e de mais perigoso ela pode nos trazer.

A paixão na maturidade é tão mágica e arrebatadora quanto na adolescência. Aguardamos um telefonema, um email, uma mensagem, um encontro com a mesma ansiedade daquele adolescente que fomos um dia. Perdemos o apetite ou comemos demais. Temos dificuldade em conciliar o sono, nosso último e nosso primeiro pensamento do dia são direcionados ao ser amado. Estar ao lado da pessoa é uma experiência perfeita: conversar, trocar carinhos, fazer amor. Tudo se reveste de uma aura absolutamente especial.

Porém, diferentemente da adolescência, temos consciência de que por mais especial que sejam estas sensações, não vamos morrer sem o outro, a vida não perde o sentido sem sua companhia e essas sensações não durarão para sempre com a mesma intensidade. E já devemos ter aprendido o que fazer e o que não fazer para mantermos este clima de harmonia por muito mais tempo e para fazermos uma transição amena e saudável para o momento que a febre da paixão vai dando espaço para o calor do amor.

Reconhecendo limites

Quando aprendemos a lidar com nossos limites e desafios pessoais – e também com os limites e desafios do outro- conseguimos reconhecer que alguns minutos de uma conversa reconfortante ao fim do dia de trabalho podem ter tanto valor quanto uma madrugada de trocas de experiências. Que fazer amor e dormir depois de um filme na TV pode ser uma experiência tão completa quanto uma noite intensa, excitante e especial. Receber uma rosa tirada do jardim emociona tanto quanto um buquê espetacular. E compartilhar algum tempo juntos sem qualquer novidade pode ser tão bom quanto um programa diferente e raro. Porque, na verdade, o que nos faz crescer e amadurecer, o que nos proporciona momento de verdadeira felicidade, não exige requinte. A paixão é mirabolante, mas o amor é simples.

Se você já deixou de ser adolescente há muitos anos, permita-se viver o delicioso sentimento da paixão, seja com seu par de muitos anos, seja com alguém que acabou de conhecer. Certifique-se que deixou pelo menos uma frestinha aberta porque, quando ela chegar, vai escancarar a porta antes que você perceba!

Katia Leite

Katia Leite

Com formação universitária em Naturologia, dedica-se a atendimentos individuais e em grupo em São Paulo. Busca nos elementos da natureza os instrumentos que ajudam a manter e recuperar a saúde.

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