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  • Livro “A Alma Imoral” e o poliamor

    Obra desperta reflexão sobre fidelidades e traições

    Atualizado em

    O livro A alma imoral, de Nilton Bonder, tem alcançado sucesso por anos consecutivos, tanto por meio do livro, como com a peça de teatro adaptada. E talvez seu sucesso se deva ao fato de que a obra nos faz pensar de maneira assustadora sobre os conceitos vigentes e sobre como muitas vezes nos enjaulamos nestes conceitos antes de buscarmos significados mais verdadeiros para nossa alma.

    Alguns questionamentos centrais se referem a especificidades da cultura em que estamos inseridos (ocidental, que recebe influência de valores norte-americanos e europeus, globalizada, plural, adepta do estilo de vida fast, conectada por redes sociais.). Neste sentido, ao se pensar em reflexões sobre A alma imoral e sobre o tema deste texto – o poliamor – surgem imediatamente algumas perguntas. Trair é errado? Alguns responderiam que sim, baseados nos argumentos de que trair machuca o traído, rompe a confiança do casal, estabelece paranoias na relação… Mas e se encararmos de outro modo esta pergunta, esmiuçando-a um pouco mais? a sociedade e a coletividade são constituídas de indivíduos, e se estes sujeitos estiverem infelizes em sua subjetividade, não há como garantir um coletivo em equilíbrio.

    a sociedade e a coletividade são constituídas de indivíduos, e se estes sujeitos estiverem infelizes em sua subjetividade, não há como garantir um coletivo em equilíbrio.

    Este entendimento é fundamental para a compreensão de que os anseios pessoais estão em diálogo com os sociais, e mais ainda, são estes anseios que constroem e modificam a História, a partir de processo de amadurecimento coletivo.

    Portanto, chega-se a um momento histórico em que se é possível vivenciar o poliamor, falar sobre isso, ter sonhos e expectativas a este respeito, não ainda de maneira plena e totalmente aberta, mas há um apelo para se considerar este caminho como legítimo. Cada ator social: eu, você, nós somos chamados a reformular os contatos humanos a fim de que mais pessoas sejam felizes e livres em suas formas de amar. Se amamos nossos pais, irmãos e amigos, dividindo nosso tempo, atenção e afeto entre eles e tendo eventualmente ciúmes nestas relações, certamente temos exemplos de como seria a prática de amores românticos múltiplos e simultâneos. Não se trata de não ter nenhum apego ou ciúme, mas de trabalhar e lidar com estes sentimentos, lembrando que o outro está ali ao lado não por conta de regras, filhos, papeis, mas pelos atos mais belos da vida: o amor e a felicidade.

    A caminho do amadurecimento, o poliamor segue como uma possibilidade que acena para um cenário de respeito e liberdade ao ser. E que vivam todas as formas de amor e amar!

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    Clarissa De Franco

    Clarissa De Franco

    Clarissa De Franco é psicóloga, com Doutorado em Ciência das religiões e Pós-Doutorado em Estudos de Gênero. Atua com Direitos Humanos, Gênero e Religião, além de ser terapeuta, taróloga, astróloga e analista de sonhos.

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