Yoga: sinônimo de paz ou passividade?
Entenda a diferença e descubra os reais benefícios da prática
Por Mario Santos
O praticante de Yoga é muitas vezes lembrado, nos dias de hoje, como alguém “zen”, tranquilo e livre de eeestresseee. A formulação desse esteriótipo acaba por afastar todas as pessoas que acreditam não se encaixar nesse perfil, ou seja 99,9% da população das grandes cidades, não é mesmo?
É muito comum ouvir comentários do tipo: “não sou calmo o suficiente para praticar Yoga” ou “não tenho paciência para ficar sentado meditando” e tantas outras associações que confundem Yoga com passividade.
Yoga está relacionado diretamente com a paz e não com a passividade.
Yoga está relacionado diretamente com a paz e não com a passividade.
Por isso é necessário diferenciar uma situação pacífica de uma situação passiva. Vamos tomar como exemplo a ideia de um professor de Yoga dirigindo em meio ao trânsito caótico de uma segunda-feira, às 9h em uma avenida de muito trânsito e movimentação. Muitos pintariam um quadro “passivo” de alguém super calmo, entoando mantras ou escutando música “new age”, enquanto na realidade é bem mais provável que essa pessoa esteja tão irritada quanto o motorista do ônibus ou o taxista ao lado.
Mas se o Yoga não elimina a origem da discórida e dos conflitos, como poderia, então, contribuir para uma cultura da paz?
Segundo Patanjali – mítico codificador do Yoga Clássico – através do Yoga é possível criar um estado de não identificação com os pensamentos (ainda que eles surjam naturalmente). O praticante pode, com isso, fazer escolhas mais sensatas e que não levem em conta apenas os sentimentos que surgem em meio a uma situação desagradável. O Yoga nos ensina a perceber e observar essas “flutuações da mente” sem nos prendermos a elas. Com isso, é bem mais fácil nos libertarmos de situações onde somos convidados a produzir violência, já que podemos criar um limite entre o que pensamos e o que somos ou fazemos.
O Yoga, assim como a paz, é um fim em si mesmo, já que não visa objetivos maiores que não o próprio estado “desperto” do corpo e da mente.
O Yoga, assim como a paz, é um fim em si mesmo, já que não visa objetivos maiores que não o próprio estado “desperto” do corpo e da mente.
É preciso tomar cuidado para não cairmos no engodo de transformá-los em algo demasiado importante ou acima da nossas vidas, já que a própria PAX romana trouxe guerras e mais guerras sob o pretexto de trazer paz e segurança para os povos sob domínio romano.
Mahatma Gandhi dizia que “não há caminho para a paz, a paz é o caminho”. Essa disposição de pensamento nos ensina a olhar para o momento presente e aceitar que a verdadeira transformação ou mudança não está no outro, está em nós mesmos. A paz não pode ser conquistada pela força ou pela guerra, sendo que os verdadeiros desafios que um guerreiro deve vencer são suas próprias limitações. A postura do guerreiro (virabhadrasana), por exemplo, nos ajuda a criar esse estado pacífico sem estar passivo, já que esse asana (ou postura) exige bastante concentração e atividade.
Om Shanti!
Sócio na empresa Ekomat Yoga (www.ekomat.com.br). Estudou história na USP e formou-se em hotelaria pelo SENAC com pós graduação em Gestão Estratégica de Marcas pela FIA. É praticante de Iynegar Yoga há mais de 7 anos.
Saiba mais sobre mim- Contato: conteudo@personare.com.br