Transformação do Zodíaco e Lunação Sombria
Aprenda mais sobre signo de Libra e entenda o conceito da Via Combusta
Por Alexey Dodsworth
Você sabia que nem sempre o Zodíaco teve doze signos? Há indícios consideráveis de que, antes do atual círculo zodiacal que conhecemos, havia uma estrutura totalmente diferente, em que os signos eram em número de dez, e não doze. O signo de Libra não existia, e Virgem e Escorpião eram um só.
Em verdade, não há obrigatoriedade no que diz respeito a uma estrutura zodiacal com 12 signos. A estrutura circular pode ser dividida de várias outras formas, e assim é em diferentes culturas. Os signos maias, por exemplo, são 20. Seria perfeitamente possível dividir o círculo – símbolo da totalidade na larga maioria das culturas – em 36 signos, considerando que cada signo possui três decanatos.
Voltando ao caso dos signos de Virgem, Libra e Escorpião: notem que os símbolos de Virgem e Escorpião são extremamente parecidos. Alguns autores relacionam a letra “M” destes signos como relacionada com a runa “mannaz”, que representa a humanidade. A diferença do símbolo “M” em Virgem e Escorpião é que, no último caso, uma das pernas da letra toma a forma de uma flecha.
Sobre Libra, é curioso observar que a balança não é algo que existe na natureza, diferente de escorpiões, leões, touros e carneiros. Trata-se de um objeto construído pelo homem. Ou seja: Libra surge quando surge a humanidade, quando as leis de convivência e civilização são criadas. Libra é a manifestação da ordenação social humana. Faz sentido que, antes desta ordenação, não existisse Libra.
Mas Libra passou a existir, separando a humanidade em dois aspectos: o racional (Virgem) e o animal (Escorpião). A balança fica no meio dos dois, equilibrando estas duas forças, e cada um de nós meio que oscila entre os aspectos racional e animal da existência.
Faces do equilíbrio
A própria balança de Libra tem dupla manifestação: um lado é Têmis (justiça), e o outro é Nêmesis (vingança). Na mitologia grega, Têmis e Nêmesis são duas irmãs, e cada uma delas personifica uma face do equilíbrio. Para que as coisas se equilibrem, é preciso a justiça (o aspecto mais racional, ou seja, a parte da balança que se inclina para Virgem) ou a vingança (o aspecto mais animal, a parte da balança que se inclina para o Escorpião).
A despeito de muitos acharem a vingança algo ruim, vale notar que “vingança” deriva do verbo “vingar”, que significa literalmente “crescer”. Em muitos casos, o aprendizado só ocorre quando as pessoas experimentam do próprio veneno – daí a importância da manifestação de Nêmesis, aspecto vingativo do equilíbrio. Para os gregos, Nêmesis existia para combater o orgulho humano, sempre que alguém tentava ser maior do que os deuses.
E este é um ponto fundamental para se compreender melhor o signo de Libra. Abordar este signo como representando meramente a diplomacia e o desejo de se relacionar é extremamente superficial. O que mais importa para Libra é a justiça. E fazer justiça em muitos casos é algo que se inclina para um lado que nem todo mundo acha bonito: Nêmesis. É o lado da balança de Libra que se inclina para o Escorpião.
A Via Combusta
Compreendendo que Libra é um signo que se divide entre um lado racional e outro animal, podemos agora abordar outro conhecimento da Astrologia: o conceito da Via Combusta.
Segundo autores antigos, como William Lilly, a Via Combusta se manifesta a partir da segunda metade do signo de Libra (justamente a metade que se inclina para o Escorpião) e toma a primeira metade do signo de Escorpião. Quando a Lua transita por este setor do Zodíaco, alguns autores clássicos consideram isso “funesto” e “negativo”. Note: nascer com a Lua nesta posição não significaria nada de ruim, então nem se preocupe se for o seu caso. O problema seria tentar fazer determinadas coisas com a Lua nesta parte do círculo zodiacal. Se você faz uma pergunta oracular e a Lua se encontra nesta posição (em práticas de Astrologia Horária, por exemplo, quando a Astrologia é consultada como um oráculo), isso significaria desfecho negativo e uma dificuldade de aceitar que algo deu errado. A explicação técnica para isso é bastante simples: Libra é o signo da queda do Sol, e Escorpião é o signo da queda da Lua.
Considerando isso, não é de estranhar que exista um tipo de Lua Nova que pode ser especialmente delicada: trata-se Lua Nova que ocorre quando a Lua está ou na segunda metade de Libra ou na primeira metade de Escorpião. “Lunação” é o nome que os astrólogos dão para as luas novas, que ocorrem todos os meses, ou seja, quando o Sol e a Lua estão no mesmo signo. Tecnicamente falando, a lunação começa a ocorrer quando a Lua está até doze graus antes da posição do Sol – mesmo que a Lua se encontre no signo anterior. No caso da lunação de Escorpião, o momento em que a Lua se encontra na segunda metade de Libra, caminhando para o encontro com o Sol nos primeiros graus do Escorpião tende a ser um momento extremamente delicado. A lunação em si só ocorre quando os dois astros estão no mesmo signo, mas no caso destes signos em especial é possível observar dois fenômenos:
- Quando o Sol está na segunda metade de Libra e a Lua se encontra na primeira metade do Escorpião (ou seja, 1 ou 2 dias depois da lunação propriamente dita);
- Quando o Sol está na primeira metade do Escorpião e a Lua se encontra na segunda metade de Libra (ou seja, 1 ou 2 dias antes da lunação propriamente dita).
Em ambos os casos, o Sol e a Lua estão ativando signos que, por natureza, enfraquecem tanto o Sol quanto a Lua. No primeiro exemplo, temos o caso de uma vontade racional por justiça (Sol em Libra) que oculta um sentimento de vingança (Lua em Escorpião). No segundo exemplo, temos o caso de um sentimento de justiça (Lua em Libra) que decorre de uma vontade de vingança (Sol em Escorpião). Em qualquer um dos casos, temos exemplos de fases extremamente delicadas para os relacionamentos humanos, pois as pessoas tendem a se sentir injustiçadas e inclinadas a retaliar, a partir de sentimentos que julgam legítimos. Como os astros se encontram na Via Combusta, é comum que as pessoas em geral não aceitem o fato de que algumas coisas não deram certo, e insistam no erro, podendo, assim, errar mais ainda!
Esta lunação acabou de ocorrer, em 26 de outubro de 2011, quando o Sol já tinha entrado em Escorpião, mas a Lua ainda se encontrava em Libra, na segunda metade do signo. É quando se dá a “lunação sombria”, uma espécie de prévia da lunação escorpiana. Vale a pena, portanto, repassar o que você decidiu no último dia 26, que procedimentos adotou e que conversas teve. Repasse e pense: se algo precisa terminar (lunação escorpiana, momento de deixar as coisas morrerem), por que você se apega a justificativas pseudo-racionais para manter as coisas do jeito que estavam? O que te mobiliza é um desejo de justiça ou de vingança? Se é a vingança que te mobiliza, será que você está realmente “crescendo”, “vingando”? Eis a lição derradeira que Escorpião ensina, com sua força de “vingar”: dar o troco, na maioria das vezes, significa ser melhor com os outros do que eles foram com você. Mas, se for preciso dar algumas bordoadas para que o outro aprenda, tenha primeiro uma certeza maior se a única solução são as tais bordoadas, pois os deuses da justiça e da vingança não toleram quem se arvora a representá-los sem conhecimento de causa.
Astrólogo e autor de análises de Astrologia, Tarot e Runas do Personare. Sua afinidade com temas esotéricos se alinha com sua defesa à liberdade de saberes, sejam eles científicos ou não.
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