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Rejeição: significado na constelação familiar

Se sentir excluído(a) é uma das maiores dores humanas. Entenda como é trabalhada a rejeição na Constelação Familiar

Atualizado em

Se sentir rejeitado(a) pode ser um das emoções mais impactantes que podemos vivenciar. Isso acontece porque vivemos em um meio coletivo, onde as trocas interpessoais são muito importantes para o nosso desenvolvimento e a rejeição, na visão da Constelação Familiar, interrompe ou impede que aconteça este fluxo em determinadas relações.

Quanto mais íntimo é o círculo afetivo onde acontece a rejeição, a dor e as consequências podem ser mais intensas, podendo inclusive levar estas experiências que seriam pontuais para algo que chamamos de “complexo de rejeição”.

Onde a memória dessa primeira dor passa a ser um molde para as experiências futuras, criando assim um padrão de expectativas negativas e repetições dolorosas ao longo da vida.

Rejeição: uma ferida que pode ser curada

Saber lidar com este sentimento e ressignificá-lo é uma grande chave para o nosso crescimento e um gerador de transformações profundas na vida, permitindo verdadeiros novos começos.

O que é o sentimento de rejeição?

A rejeição, na visão da Constelação Familiar, pode ser o resultado de uma escolha, às vezes consciente e outras, inconsciente. Estamos sujeitos a fazer escolhas sobre as pessoas que queremos ou não presentes em nossas vidas, com quem queremos trocar nosso tempo e energia.

Quando somos nós que escolhemos a ruptura, nossa leitura tende a ser mais ou menos tranquila, pois estamos respondendo a um sistema de crenças, valores e sentimentos que nos oferecem a sensação de assertividade. Só que quando é o outro quem escolhe, falta-nos habilidades para naturalizar o fato de sermos preteridos.

Geralmente não compreendemos que foi uma escolha decorrente dos motivos pessoais do outro que resultaram nesta decisão de negar o que você oferece e representa na vida dele: temos a tendência em achar que estamos ou fomos inadequados.

Ou, ainda, que temos graves defeitos ou qualquer coisa que passa uma rasteira na nossa autoestima. Isso estapeia nossa autoconfiança e degringola com nosso amor-próprio na medida de importância que este relacionamento tem para nós.

Sim, podemos aprender e aprimorar com as rejeições, rever conceitos e comportamentos. Porém, isso não nos coloca em um lugar de autodepreciação. Pelo contrário: nos leva para um maior autocuidado e ficamos só com o que é nosso e a deixamos com o outro a parte que lhe cabe.

E de onde vem tamanha dor?

Quando a dor da rejeição é muito grande, podemos considerar que ela tem raízes profundas e antigas. Geralmente a pessoa está experimentando uma nova versão de uma dor já conhecida, que tenha provavelmente surgido na primeira infância.

Podemos ter sentido a rejeição de forma clara, vindo de nossa mãe ou de nosso pai, ou de outras pessoas muito próximas a nós, responsáveis pela nossa formação e desenvolvimento. No entanto, muitas outras vezes essa rejeição não é visível nem fácil de ser identificada.

Esta rejeição pode estar oculta, ainda, em atitudes preconceituosas. Estes preconceitos podem ser estruturais em nosso modelo cultural e/ou social e passam despercebidos em nosso discernimento. É possível em formas de violências física, emocional e/ou mental.

Para a criança, estes eventos podem ser interpretados como uma invalidação de quem ela é na sua essência mais pura. Se de alguma forma ela é “castigada” por expressar quem ela é, ela se sente profundamente rejeitada.

Como as constelações familiares trabalham com a rejeição

Pelo olhar das constelações, a rejeição na Constelação Familiar que acontece nas relações familiares mais íntimas é decorrente de um movimento que observamos no campo que chamamos de “amor interrompido”. Aqui, considero as relações entre pai ou mãe com o filho porque esta, sem dúvida, é a mais forte de todas.

Temos muitos casos de filhos colocados para adoção, filhos cujos pais são ausentes a ponto de não terem seus nomes nos registros de nascimento. Há também filhos de pais separados que com o divórcio são suprimidos do seu convívio e contato com um dos genitores. Ainda há filhos de pais que, embora presentes de corpo, são ausentes de presença efetiva pelos mais diversos motivos.

O que é muito comum em qualquer um desses casos é identificarmos o amor interrompido. Por algum motivo, o pai ou a mãe não pode, não tem condições de dar amor ao filho. Talvez este adulto não o tenha recebido de um de seus pais ou talvez este emaranhado esteja ainda em gerações anteriores.

Entenda mais

Em algum momento da interrupção desse fluxo amoroso, podemos encontrar algum membro da família que foi excluído ou algum trauma profundo vivido por algum antepassado que não foi superado.

Pela lealdade amorosa, esta dor, este sofrimento, é lembrado pelas gerações futuras na forma de rejeição. Isso porque o amor deixou de fluir e esta é uma maneira inconsciente de lembrar de alguém esquecido.

Reconhecer essas dores ou os antepassados, dar um lugar para eles na família e no coração pode levar à liberação de um fluxo amoroso. Fluxo esse interrompido, chegando aqui em nós e transformando nossas experiências de vida.

A compreensão da dinâmica do sistema familiar pode liberar de nossos julgamentos sobre nossos antepassados e curar nossas feridas. Agora adultos, podemos olhar para o nosso pai ou a nossa mãe e compreender que apesar de tudo, de todas as dores, eles fizeram o melhor que foi possível com o que eles tinham.

Podemos compreender que mesmo com todas as dificuldades, foram nossos pais que nos deram a vida. Eles nos disseram sim e estamos aqui.

Quando compreendemos tudo isso, passamos a perceber a rejeição de outra forma, não mais como um castigo ou algo pessoal contra nós. Porém, como uma escolha do outro, que muitas vezes foi feita baseada em suas próprias dores e limitações.

Assim conseguimos liberar quem nos rejeitou e aceitar suas escolhas e destino. Desse modo, podemos seguir com muito mais leveza, mais consciente de quem somos e com o amor-próprio renovado!

Isabela Borges

Isabela Borges

Terapeuta especializada em terapias transpessoais constelações sistêmicas, astrologia, tarô e Reiki Integrado. Os atendimentos podem ser pontuais ou em processos terapêuticos e promovem o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal.

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