Por que todo mundo quer jogar Tarot?
Entenda como o oráculo estourou a bolha do jovem místico e se distancia cada vez mais do estigma de superstição
Por Zoe de Camaris
Uma amiga me perguntou: Por que atualmente todo mundo quer jogar Tarot?. De fato, é impressionante a proporção que o Tarot vem atingindo. Sim, sabemos que ele faz sucesso e não é de hoje, mas ele vem ocupando um lugar importante no cotidiano das novas gerações.
Nos vídeos rápidos do TikTok, nos carrosséis do Instagram, nas aulas de Tarot, nos jogos online. O oráculo estourou definitivamente a bolha do jovem místico e se distancia cada vez mais do estigma de superstição.
Aqui te conto porque todo mundo quer jogar um Tarot.
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O que está acontecendo com o Tarot?
O Tarot está por toda a parte, de uma maneira que talvez você nunca tenha imaginado. Se antes era visto como uma prática associada a mistérios e rituais complexos, hoje o Tarot é uma prática acessível, que conecta com pessoas de todas as idades e estilos, sem perder sua magia.
No TikTok, a hashtag #tarot ultrapassa dezenas de bilhões de visualizações e aparece no mesmo ritmo de receitas e viagens. Deslizou o dedo e lá está ele, um Arcano estourando a bolha e aparecendo para quem nunca a procurou.
No Instagram, as leituras se multiplicam em vídeos curtos, carrosséis, lives de madrugada, tiragens espontâneas, conselhos para toda e qualquer dor.
E o fenômeno ultrapassa o digital. As vendas de baralhos físicos aumentaram em vários países e o mercado global de serviços cresce ano após ano.
Por que todo mundo quer jogar Tarot?
O Tarot fascina por sua capacidade de traduzir o invisível em imagens, transformando dúvidas complexas e sentimentos dispersos em algo tangível.
Com imagem, número e nome, ele possui uma linguagem híbrida, nascida do encontro entre símbolo, figura e história.
Mas por que ele realmente tem atraído tanta gente, especialmente os mais jovens? Vou te dar 9 motivos.
1. Mais que previsão, Tarot oferece reflexão
Primeiramente, o Tarot oferece um espaço para reflexão pessoal. Não se trata de prever o futuro, mas de entender o que está acontecendo no presente.
Ao invés de dar respostas como “sim, volte para ele” ou “não, não mude de emprego”, ele ilumina o caminho, permitindo que cada pessoa se conecte consigo mesma e com as próprias emoções, e assim, faça escolhas mais conscientes.
Por isso, aqui no Personare, eu e outros tarólogos respondemos a perguntas no Tarot Direto com conselhos objetivos para perguntas frequentes.
2. Tarot traz beleza em meio ao caos
O Tarot também fascina por sua construção estética. As cartas são belas, icônicas e carregadas de significado.
A arte captura nosso pensamento e a imagem responde ao mesmo tempo, acionando nossas emoções.
Em um mundo saturado de imagens rápidas e sobrecarga de informações, o impacto visual das cartas atrai e mantém a concentração. Isso transforma a experiência de leitura em algo único e envolvente.
3. Sentido ao caos
Cada arcano contém um tema profundo: pode ser sobre limites, reorganização, perda, excesso, revelação, um rito de passagem, ou até aquele respiro que tanto esperamos.
O que estava disperso na pergunta agora ganha forma. O caos se ordena, como se a mente finalmente tivesse onde descansar.
O alívio é imediato. Às vezes, apenas ver a primeira carta de uma sequência já é suficiente para entender a mensagem. A história salta aos olhos. A dúvida ganha uma moldura e, até aquilo que negamos, encontra seu chão, porque a imagem é concreta.
Esse impacto não é acidental. Ele conversa com algo mais profundo: a forma como lidamos com o sentido da nossa vida.
4. A beleza da sincronicidade
Jung chamou de sincronicidade o encontro entre o imprevisto e o significado. No Tarot, essa convergência é palpável.
O sorteio não parece vir nem do tarólogo nem do consulente, mas de uma fronteira fina entre necessidade e surpresa. O símbolo chega quando é preciso.
A leitura se torna o ponto de convergência. A mão que escolhe a carta conversa com algo que está no fundo de si, algo que só o consulente reconhece. E, de repente, o insight aparece.
5. Caminhos inimagináveis
Horizonte expandido em segundos. A janela se abriu de repente e fez barulho. São metáforas vivas que entram no nosso quarto, como pássaros ou morcegos.
Metáforas têm uma força estrutural: reorganizam o pensamento profundamente. Além da resposta dada, um novo campo de visão se abre, proporcionando uma nova forma de ver o mundo e a vida.
6. Tarot oferece continuidade
Num mundo fragmentado, onde tudo parece estar em partes, como este texto, a leitura de Tarot cria uma linha narrativa que nos conduz pelo labirinto. Ela devolve o arco narrativo, colocando começo, meio, travessia e consequência na história da nossa vida.
Ao olhar para si mesmo como uma trama e não como um caos, estabilizamos nossas emoções e encontramos mais clareza no que parece ser um turbilhão.
7. Neutralidade em um mundo dividido
Outro motivo para o fascínio pelo Tarot é sua neutralidade. Não há vínculo religioso. Não depende de adesão a dogmas ou tradições específicas. O Tarot é um sistema aberto, portátil e acessível, que pode conviver com múltiplas espiritualidades — e até mesmo com a ausência delas.
Sua iconografia contém marcas cristãs, mas seu uso atual rompe fronteiras religiosas e culturais, tornando a prática compatível com quase qualquer visão de mundo.
O consulente não sente que está sendo convencido de nada. Ele está apenas vendo, reconhecendo, conectando os pontos. A leitura devolve autonomia, não a retira.
O tarólogo também não está ali para dar opiniões pessoais e muito menos preconceituosas. O profissional é um leitor do mundo simbólico e foi para este trabalho que você o contratou.
Se o que estou dizendo não está acontecendo com você, procure outro tarotista. Escolha bem!
8. Ritual simples, acessível
O Tarot funciona também como imaginação guiada, iluminando nossas paisagens interiores e multiplicando perspectivas. Pode até romper muros.
Isso é especialmente valioso em momentos de indecisão, quando o pensamento linear se bloqueia e precisa de uma nova porta de entrada.
O Tarot tem uma dimensão narrativa irresistível. Ele dá forma ao que é íntimo sem expor, sustenta o que é sensível sem fragilizar. E é um ritual leve, sem templo, sem cerimônias rígidas e sem requisitos.
Está no gesto simples de embaralhar. E você se encontra diante do Oráculo de Delfos, com uma mesa simples de madeira iluminada pelas cores das cartas.
9. Não há jogo igual
Por fim, o encanto infinito do Tarot está na combinação entre repertório e imagem. Um profissional experiente conecta o cotidiano ao símbolo, o cinema ao mito, a literatura à iconografia. A cada leitura, a imagem se renova.
Não há duas interpretações iguais. Não há duas tiragens idênticas. O Tarot é um processo contínuo e, a cada leitura, uma nova revelação se desenha.
Conclusão
O fascínio pelo Tarot não nasce de superstição. Ele nasce da beleza, da curiosidade, da forma e da linguagem. O Tarot é uma ponte entre o que se sente e o que pode ser compreendido.
E, nessa ponte, o consulente se reconhece — talvez pela primeira vez, talvez de novo, mas sempre de uma forma mais clara e reveladora.
Há 38 anos fortalecendo a arte do Tarot, Zoe é escritora, formada em Letras e com especialização em História Social da Linguagem. Presta consultoria de mitologia e análise simbólica em obras de ficção literária e cinematográfica. Consultas online podem ser agendadas no Personare.
Saiba mais sobre mim- Contato: zoedecamaris@gmail.com
- Site: http://www.zoedecamaris.blogspot.com