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O que falar na hora do sexo

Vem ver sugestões do que falar na hora do sexo e como fazer para conseguir colocar em palavras o que você sente na cama

Atualizado em

O que falar na hora do sexo? Compartilho com vocês as minhas sugestões do que pode ser interessante de ser dito na cama e como fazer para conseguir colocar os seus sentimentos em palavras, ressoando bem na outra pessoa.

Antes, um alerta em forma de pedido: não façam deste texto um tutorial de frases clichês, reduzidas a fetiches ou dicas de como ser melhor na cama.

A ideia não é ensinar você a ser um(a) amante incrível que decora algumas palavras de impacto e consegue provocar orgasmos múltiplos. Não!

Aqui queremos levar você a olhar para essa questão como uma dúvida legítima, necessária e muito bem vinda da sexualidade humana. 

Antes de descobrirmos o que falar na hora do sexo, devemos nos preocupar com o que sentimos. Já fica o convite para você mergulhar no Mapa Sexual do Personare, que traz muitas informações sobre a sua sexualidade que talvez você nem saiba ainda.

O que você sente?

(Re)aprender a identificar o que se sente, como o seu corpo é afetado naquele momento em que se une sexualmente à outra pessoa é a primeira tarefa que se deve ter em mente. 

Parece simples e instintivo, mas não é. O ser humano, há muito tempo, foi obrigado a aprender a controlar os seus instintos e lidar com suas pulsões sexuais, ao menos no mundo civilizado. 

Assim, quando o corpo alcança a sua maturidade, começamos a sentir e idealizar o sexo. Por isso, quando chegamos ao ato, ele já foi fantasia, insegurança, angústia, desejo.

Não estamos livres de sermos vítimas de repressão ao nosso desejo, julgados pelo nosso corpo, gênero, preferências e escolhas sexuais. Leia mais aqui sobre o direito de exercer a própria sexualidade.

Toda essa pressão externa nos reprime e, como ensina a Psicanálise, acabamos recalcando as nossas pulsões e deixando de reconhecer os nossos desejos

O recalque é, na verdade, um mecanismo de defesa do nosso corpo, que nos protege do nosso próprio desejo para que possamos seguir como seres sociais, adequados às exigências da cultura.

Ou seja, muito antes de conhecermos a potência do sexo, a nossa própria potência já foi lapidada e muito se perdeu pelo caminho. Iniciamos menos, quando podemos ser muito mais. 

Por isso, (re)aprender a sentir é tarefa fundamental para recuperarmos o que perdemos da nossa sexualidade e potência sexual antes mesmo de a conhecê-la.

Então, o que falar na hora do sexo?

Quando estamos mais conectados com o que sentimos e mais próximos do nosso desejo, começamos a flertar com a possibilidade de ganhar confiança nessa entrega sexual.

Esse é o melhor caminho para gerar a coragem mínima necessária para darmos asas à nossa imaginação e às fantasias, e assim conseguiremos nos libertar no ato em si. 

Quanto mais a sua fantasia caminhar junto do seu desejo e do seu sentir, mais potência você terá para conseguir dizer ao outro o que de fato deseja.

Vamos a algumas dicas para conseguir se expressar em palavras na hora do sexo:

1. Comece dizendo o que você deseja

Caso contrário, como a outra pessoa vai descobrir o que você quer? Sei que o corpo fala mais do que a boca às vezes, mas vai que ela ou ele não percebam? Aquele tímido contorcer do corpo de quem quer outra coisa, mas ainda não aprendeu a dizer. 

A hora é agora, diga! Peça! Dê voz às suas fantasias e deixe o seu desejo falar. Você vai começar a encontrar o que deve ser dito.

2. Às pessoas tímidas, fale ao pé do ouvido

Às mais soltinhas, invista em olhos nos olhos. Mas nunca deixe de perceber a outra pessoa, porque você pode não ser tímido, mas ela ou ele sim. 

Então, respeite sempre o seu tempo e o tempo alheio, nunca se desconecte totalmente do outro. Permita-se também se ouvir. Você pode se surpreender com o que irá dizer.

3. Procure falar a verdade

A verdade é sempre o melhor caminho para qualquer relação. A outra pessoa não vai cair em qualquer conversinha boba de sedução. Aliás, a mentira pode até atrapalhar, fazendo o outro desconfiar de você e desviar a atenção do momento.

4. Elogie a outra pessoa

Elogios ao corpo trazem confiança, mas não se atenha apenas a isso. Fale do cheiro, da pele, do que sente ao tocar o outro. 

5. Mapeie o seu corpo como se fosse um caça ao tesouro

Diga:

  •  Aqui, ali, aí!
  • Mais, menos, forte!
  • Devagar, rápido!
  • Me lambe, me beija, chupa!
  • Ai! Ui!

Entregue-se no dizer, seu corpo é um oceano de possibilidades, não um pequeno e restrito aquário. Como nos ensinou Rubem Alves, \”Um mar que se compreende, não passa de um aquário\”. 

Nosso corpo é infinito de possibilidades, e a linguagem é o atalho para o outro e a libertação para si. Fale!

O que NÃO falar na hora do sexo?

O perigo está no excesso de referências e conteúdo sexual que encontramos. Temos acesso facilitado e ilimitado a tudo, desde séria literatura à mais rasa pornografia.  

A maior parte desse conteúdo sexual disponível é feito para vender. Portanto, precisa chamar a sua atenção, e não necessariamente preserva alguma qualidade. 

E não estou falando apenas de conteúdo pornográfico, que é motivo de preocupação por vários motivos, inclusive pelo vício em pornografia, com efeitos como disfunção sexual (como já falamos aqui).

Me refiro também aos tantos “especialistas” em sexualidade espalhados pela internet e que não necessariamente possuem compromisso ético, visam antes vender e lucrar com seus produtos. 

Por isso, cuidado com o que e com as pessoas em quem você se inspira, para não repetir frases e supostas fórmulas mágicas. Você acabará se frustrando ou prejudicando a sua relação.

Siga em busca da sua verdade e de quem com você estiver. Nenhuma pessoa é igual a outra. Sentimos e nos interessamos de formas únicas sobre tudo. 

Descobrir o que é verdadeiramente seu, o que de fato lhe dá prazer, vai muito além de seguir determinada influência lacradora da moda. 

Por isso esse texto não é um tutorial de “como fazer”. Nós não somos exatos e portanto não cabemos em manuais. 

O que você precisa ter em mente é quem você é, e inspirar-se no próprio sentir. Somente a partir de si encontrará o que sente e desejará falar na hora do sexo.

Exercício para conseguir falar na hora do sexo

Existem muitos caminhos em busca dessa autodescoberta. Vou sugerir alguns, mas não se preocupem em seguir a ordem ou todos eles. Experimente o que quiser, você é livre! 

  1. Comece tentando encontrar o seu desejo. A masturbação pode ser uma opção (veja aqui dicas de masturbação);
  2. Perceba o que te ocorre enquanto sente prazer a sós, dê voz a sua fantasia. Procure fazê-lo sem o auxílio da pornografia. O uso de vibradores é interessante, mas requer cuidados (confira aqui);
  3. Conecte-se com o seu corpo e perceba o que passa pela sua cabeça; 
  4. Se se sentir à vontade, deixe o seu prazer falar. Diga em voz alta o que passar pela sua cabeça. Nada que você falar estará errado – não tenha dúvidas disso e não julgue o que vier;
  5. Não procure as palavras “certas”. Deixe-as vir livremente, jogue-as para fora. Se o som não sair, perceba-as na sua mente, tanto faz, é seu. Não julgue nada que vier. Essa é a sua verdade. Aceite-as, liberte-as, deixe o seu prazer falar;
  6. Se for um gemido que lhe parecia represado, dê voz a ele. Se for um grito, solte-o. Se for um pedido, faça-o. Permita-se ser visceral; 
  7. Aos poucos, pense menos e sinta mais. O sentir vai naturalmente se transformar em um dizer.

Esse pode ser um bom exercício para inflar a coragem para a hora que estiver com a pessoa parceira.

O que importa

Quanto mais livres estiverem, quanto mais verdadeiros forem, melhor será o encontro sexual.

Procure ser uma pessoa atenta, cuidadosa, verdadeira e corajosa. Sim, viver o prazer em uma sociedade originalmente castradora requer uma boa dose de coragem para vivê-lo e gozar. 

Quem sabe assim você se conecta com o seu verdadeiro querer, quem sabe você o(a) estimula a dizer o que vier à cabeça também, quem sabe não irá ouvir aquilo que lhe fará dizer e pedir mais, quem sabe? Arrisque-se a ser mais.

O que eu gosto de falar hora do sexo?

Minha vez né, não vou fugir dessa. Se me perguntarem o que gosto mesmo de dizer e ouvir na hora de fazer sexo, ahhh… não tenho dúvidas.

Como bom romântico, mesmo alguns achando estar fora de moda, afirmo sem medo de errar que nenhum elogio, gemido, grito gutural ou pedido, nem mesmo os mais ousados, superam um: “EU TE AMO!”.

Pois é, talvez alguns não dêem muito valor a isso, como se amor pudesse sair de moda. Não, não, amor jamais será fugaz. Se for, relaxa!, não é amor. 

Vale “te amo” no sexo?

Muitos irão sustentar que o sexo não se filia a isso, que são coisas separadas, e não me oponho aos que sustentem isso. 

De fato, não há certo ou errado em matéria de sexo desde que envolvam pessoas maiores, capazes e lúcidas, em reciprocidade de consentimento. 

Há o que dá e o que não dá prazer. O resto é com quem vive aquele ato sexual. É livre! 

E se ouvir e dizer “eu te amo” nunca foi um alvo para você, tá tudo bem. Agora, se for o seu alvo maior e ainda não o alcançou, lute por ele. Se já o possui, lute para mantê-lo. Não deixe algo tão precioso e importante se tornar cada vez mais raro.

Deixei esse finalzinho apenas para trazer a minha opinião diante da pergunta deste artigo, que pode parecer banal e até vulgar diante de mentes castas ou hipócritas, mas essa é apenas a minha opinião, e a divido com vocês, me digam o que pensam.

Para além do que li e estudei, o que sinto é que quando vivo a união do prazer ao amor, vivo sem dúvidas o melhor da experiência humana.

“Em última análise, precisamos amar para não adoecer” (Freud, 1914 – Introdução ao Narcisismo)

Artur Vieira Filho

Artur Vieira Filho

Artur Vieira é Mestre em Psicanálise, Saúde e Sociedade; Estudioso da Ciência da Felicidade e Psicologia Positiva; Sexólogo e Terapeuta, especialista em Relacionamentos e Sexualidade; Co-fundador do Centro de Estudos da Felicidade; Palestrante sobre Felicidade, sexualidade humana e relacionamentos; Graduado em Psicologia Positiva pelo Wholebeing Institute, certificação internacional, e Felicidade e Bem-Estar pela Universidade Positivo; possui GBA (Global Business Administration) em FELICIDADE - transformando pessoas e organizações pelo ISAE/FGV - Curitiba; Professor convidado da Universidade Estadual do Maranhão no programa Educação para o envelhecimento e advogado.

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