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Estreitando os vínculos entre pais e filhos

Relação com figura paterna faz bem para saúde física e emocional

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Antigamente ser pai era sinônimo de trabalhar horas e mais horas para garantir o futuro do filho e só. A relação do pai nos primeiros meses da vida da criança era a de ser um provedor. E lá por volta dos cinco ou seis meses, quando os bebês já estavam com o seu corpinho firme e interagindo mais, é que eles começavam a se relacionar e participar dos cuidados com os pequenos.

Hoje em dia é diferente! Os pais colocam a mão na massa literalmente, afinal, ser pai é ser presente. É levar o filho na escola, na aula de natação e até mesmo no pediatra. Outro dia, visitando um casal de amigos pediatras, vi um pai com um casal de filhos na sala de espera. Ele brincava com os pequenos enquanto aguardava a consulta e achei interessante ele estar lá sozinho.

São situações corriqueiras como essa que fazem a gente pensar em como essa participação ativa é importante para a saúde física e emocional da criança. Nós sabemos que a relação da mãe com o bebê é extremamente forte. Basta o bebê ouvir a voz dela para se tranquilizar num momento de estresse, parece até mágica! A relação é mesmo muito intensa e, para o bebê, ele e a mãe são uma única pessoa.

E onde o pai entra nessa? É ele quem ajuda o bebê a se desprender da mãe e assim se desenvolver de forma emocionalmente sadia. A presença constante do pai, tocando o bebê, conversando e cuidando dele é super importante para que a criança possa se ver como um indivíduo único.

Mas não é só depois do nascimento que os pais podem entrar em ação. Eles devem participar desde o começo, “engravidando” junto com a esposa. Isso significa acompanhar as consultas do pré-natal, planejar o parto, conversar e tocar a barriga. Essa comunicação desde cedo ajuda na criação do vínculo, pois o feto retém memórias intrauterinas. É lindo de ver como o bebê reage à voz do pai após o nascimento. E essa relação poderá ser estreitada pelo pai através dos cuidados com os filhos, estando próximo da criança.

De pai para filho

Momentos simples como brincar, dar banho, fazer uma massagem no filho ou ter uma conversa e partilhar momentos com ele ficarão gravados na memória do bebê, da criança, do adolescente ou do adulto. O pai Marcelo Miranda criou com o seu filho Lucas, de 1 ano e 10 meses, um momento único entre eles, chamado “dia dos meninos”. Imagina só como a farra deve ser gostosa. Ele descreveu um pouquinho esse dia especial.

“Meu filho é o meu melhor amigo. Sempre fui muito presente na vida dele, trocando fraldas, dando banho, mamadeira e brincando. Há alguns meses minha esposa começou a fazer um curso aos sábados e agora oficialmente temos ‘o dia dos meninos’. É aos sábados que realmente tenho muitos momentos de alegria ao lado do Lucas. Aproveitamos a manhã para jogar bola, almoçar, ir à brinquedoteca e ‘andar’ no carro vermelho do Lucas. Depois de algumas voltas pelo condomínio já é hora da mamadeira da tarde. Logo depois ele está cansado e dorme. Cada momento ao lado do meu filho é especial e único. É emocionante estar ao lado dele nos momentos de conquista e a cada dia que passa eu evoluo como pai e como ser humano”, comentou Marcelo.

De filho para pai

E para falar sobre o pai, pedi a ajuda do Matheus Cosmai. Ele é meu enteado e por admirar demais a relação do meu marido com os seus filhos pedi para que ele fizesse uma cartinha para o pai.

“Hoje, faltando pouco tempo para atingir a maioridade, decidi escrever um pouco sobre uma pessoa que foi essencial para que eu me tornasse quem sou. Eu aprendi muitas coisas com meu pai, e posso dividir o que observei em três categorias. Aquelas coisas que foram erros do meu pai, e as que não foram. As coisas que não importam. E as coisas que foram problemas meus, relacionadas ao meu olhar.

Meu pai é um cara com quem eu posso ser aberto, que me entende sem que eu precise dizer uma palavra e para o qual eu consigo muito bem dar uma bronca se precisar. Eu não preciso ter orgulho dele, apesar de ser o homem que eu mais admiro. E nem ele de mim. O barato é ter orgulho de como ele formou quem eu sou e como eu transformei os conselhos dele em realidade, aplicando os bons e modificando os ruins. Tendo amor, do que mais precisamos?”, questiona Matheus Cosmai, 17 anos, filho de Sidney Gomes.

Não sei como será o seu Dia dos Pais. Se será brincando com o seu filho ou se vocês passarão a tarde inteira juntos, conversando. Mas sei que a relação entre pais e filhos é construída dia a dia, e que você sempre poderá começar ou recomeçar, não importa onde parou. Permita-se ser feliz ao lado de quem você ama incondicionalmente, o seu filho.

Denise Gurgel

Denise Gurgel

Fisioterapeuta materno infantil, especialista em Shantala, consultora do sono e de desenvolvimento motor dos pequenos. Atende em São Paulo e no Rio de Janeiro.

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