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Enfrentando a insegurança

Entenda como é possível lidar com o medo gerado pela violência

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O Rio de Janeiro vive, desde domingo (21), um clima de medo. Veículos incendiados, confronto entre polícia e bandidos, explosivos lançados nas ruas e arrastões fazem parte do cenário carioca. A violência está cada vez mais presente no cotidiano dos moradores das grandes cidades e impacta diretamente na qualidade de vida das pessoas. Segundo a psicoterapeuta Celia Lima, bom senso e uma boa dose de realismo são elementos fundamentais para impedir que o sentimento de impotência e a insegurança prevaleçam.

“Do ponto de vista social, o clima tenso pode gerar uma paranoia coletiva. Claro que todos precisam estar antenados a respeito das regiões mais perigosas ao andar pelas ruas e se proteger, mas às vezes isso toma uma proporção maior que a realidade. Ter prudência não significa que você não deve sair de casa. A violência não pode impedir ninguém de viver”, alerta a especialista.

Em um sentido positivo, a violência pode ser benéfica para as relações pessoais, promovendo mais união entre as pessoas. “Se em um determinado dia está mais perigoso ir às ruas, assista um filme em casa na companhia de amigos e família. Todos somos passíveis de ter um olhar generoso sobre as situações, até mesmo no caso da violência”, explica Celia.

Violência gera violência

Por outro lado, o medo pode deixar as pessoas mais agressivas. Estudos mostram que depois do atentado às torres gêmeas, em 2001, houve um aumento de 40% na venda de armas nos Estados Unidos. Segundo a psicoterapeuta, as pessoas sentem desejo de se defender do que consideram uma ameaça e muitas vezes o ataque é a maneira que encontram para buscarem proteção. “Violência gera violência mesmo. Mas vale lembrar que no caso das grandes cidades esse tipo de comportamento só piora a situação”, enfatiza.

A constante venda de câmeras de segurança, blindagem e outras formas de proteção, conhecida como indústria do medo, também colabora para que as pessoas fiquem mais ansiosas ou hostis. O clima de insegurança presente nas ruas pode acender os medos pessoais de cada um. “Quando a população vê muita propaganda sobre a necessidade de se proteger, entende que todos correm riscos o tempo todo. Dessa maneira, a pessoa pode reagir com violência ao que vem de fora ou se acovardar e viver dentro de um casulo, guardando seus próprios medos”, lembra a psicoterapeuta.

Até pouco tempo a violência era considerada consequência da necessidade dos bandidos em adquirir coisas materiais. As pessoas roubavam ou matavam para possuir bens. Atualmente esse comportamento ainda pode ser entendido como uma forma de expressão. “A intenção dos bandidos é colocar terror e mostrar que eles têm poder sobre determinada situação. Essa brutalidade é um tipo de psicopatia que já está instalada na sociedade. A violência tem uma ligação muito forte com o sentimento de raiva”, explica.

Sintomas do medo

Quando não é canalizado de uma forma realista e positiva, o medo pode gerar sintomas físicos e psicológicos nas pessoas. O sentimento de impotência diante da vida pode causar um processo depressivo. Além disso, a violência muda o comportamento pessoal e familiar de cada um. “As pessoas saem às ruas com medo do que pode acontecer. Hoje em dia uma mãe não tem sossego enquanto seu filho não chega a casa. Isso representa um impacto significativo na qualidade de vida das pessoas”, exemplifica Celia.

Fisicamente, o nervosismo pode causar uma série de problemas de saúde, como úlceras, dores de cabeça e tensão muscular. “Os rins são os órgãos que representam a sede do medo e as mágoas. Se a pessoa não souber colocar seus temores para fora, de uma forma positiva, também pode ter dificuldades nessa área”, lembra a especialista.

Ter medo é natural e todo mundo tem direito de tê-lo, especialmente em circunstâncias ligadas à violência. No entanto, é importante perceber quando o sentimento passa a dominar a vida da pessoa. O corpo sinaliza se a emoção não vai bem. Sudorese excessiva, dores constantes de estômago e pernas inquietas são indicativos que devem ser levados em consideração. “Tente investigar se a violência lhe trouxe algum desconforto social, alguma mudança de comportamento que tenha alterado sobremaneira suas relações, e busque tratamento, se for o caso. Não deixe o sentimento de insegurança dominar sua vida”, ensina.

Personare

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