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  • Divertida Mente: vivendo as emoções sem julgamento

    Filme da Disney mostra importância de aceitar todo tipo de sentimento

    Atualizado em

    Venho percebendo no meu trabalho no consultório o quanto as pessoas estão se privando de vivenciar emoções nomeadas como negativas. De um lado estão a alegria, o entusiasmo, a coragem e a tranquilidade que todos almejam viver constantemente; e do outro estão aquelas emoções que geralmente são evitadas e vistas como algo ruim, como a tristeza, o medo e a raiva. Há uma crença, principalmente entre pais de crianças e pré-adolescentes, que a alegria deve ser uma constante na vida dos filhos.

    Sem querer, estamos ensinando às crianças e adolescentes a negar os sentimentos, ao invés de aceitá-los.

    Sem querer, estamos ensinando às crianças e adolescentes a negar os sentimentos, ao invés de aceitá-los.

    Então, uma lágrima ou um gesto de agressividade já é motivo para procurar a terapia. Vejam que este é meu trabalho e, ainda sim, me incomoda esta não-aceitação de um lado nosso que diz respeito à natureza de cada um. Afinal, somos seres humanos ou não?

    Divertida Mente faz refletir sobre o papel de cada emoção

    Vivemos com o sentir. Tudo pode nos causar algum tipo de emoção e isso, de certa forma, é um grande privilégio. E para nossa sorte, o novo filme da Disney, Divertida Mente (Inside Out), traz esta mensagem de maneira lúdica, simples e profunda. Ele nos faz refletir que cada emoção tem seu papel e todas elas são importantes e necessárias. Tanto a tristeza, a raiva, o medo e o nojo precisam ser vivenciados, assim como a tão esperada e desejada alegria! Não podemos ser alegres o tempo todo, pois assim estaríamos negligenciando uma parte de nós, de quem somos e do que nos faz crescer, aprender e evoluir.

    E com este equívoco de querer eliminar a emoção negativa, acabamos por abrir espaço para que outros sentimentos tomem as rédeas, o que pode causar ainda mais problemas.

    E com este equívoco de querer eliminar a emoção negativa, acabamos por abrir espaço para que outros sentimentos tomem as rédeas, o que pode causar ainda mais problemas.

    Então, um excesso de raiva pode ser algumas vezes uma tristeza não vivenciada. Ou simplesmente um dia, por acreditar que só a alegria deve reinar, nos vemos incapaz de sentir e experimentar. E é aí que o nosso mundo interno cai em ruínas, causando ainda mais transtornos e sofrimento.

    Recomendo a animação para que ela possa ser alvo de reflexões, e por que não, discussões em família. Alguns dizem que o filme não foi direcionado para as crianças. Concordo que os mais novos podem não ter ainda a estrutura para compreender a complexidade das emoções que existem em nós. Mas mesmo os menores precisam lidar com elas desde cedo para que cresçam mais seguros e autoconfiantes de que podem expressar sem problemas o que sentem. Assim, acho que é um filme para a família, das crianças até os mais velhos. Pois para expressar e viver as emoções em todos os seus aspectos não há idade. Pelo contrário, é um aprendizado constante o qual todos precisamos lidar de forma constante.

     

    Maria Cristina

    Maria Cristina

    É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.

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