Como lidar com a Autossabotagem: transformando o medo em ação positiva
Você pode aprender a lidar com a autossabotagem com pequenas mudanças na forma de reagir ao medo e à insegurança
Por Simone Kobayashi
Você já se pegou se sabotando no momento em que mais precisa de sucesso? O que chamamos de autossabotagem é, na verdade, um mecanismo de autoproteção excessiva, uma forma de segurança que, paradoxalmente, nos impede de alcançar nossos objetivos.
Ao invés de desejarmos fracassar, o que acontece é que nosso corpo e mente tentam nos proteger do desconhecido.
Por isso, aprender como lidar com a autossabotagem envolve compreender que este comportamento não é um simples erro, mas um padrão enraizado que pode ser superado com pequenas mudanças na forma de reagir ao medo e à insegurança.
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O que é autossabotagem?
A autossabotagem não é um acaso; e vista dessa forma ela é, em essência, um problema de atualização de crença e de frequência.
Quando você começa a evoluir, a expandir-se para além da sua identidade anterior, seu sistema nervoso entra em alerta e depois em modo de parada.
Não porque algo esteja fundamentalmente errado com você, mas porque o crescimento, o novo, o desconhecido, parece ameaçador para um corpo que se habituou a sobreviver, e não a prosperar plenamente.
Então, o que acontece? Você procrastina. Você “some” diante de oportunidades. Você atrai drama. Você recai em velhos hábitos.
Isso não ocorre por falta de desejo ou por não querer o sucesso, mas sim porque sua energia ainda está ancorada no seu “eu” antigo, na sua zona de conforto (ainda que disfuncional).
Como lidar com a Autossabotagem?
Aqui está o ponto importante para lidar com a autossabotagem. Da próxima vez que você se pegar “sabotando” a si mesmo(a), não se envergonhe. Não entre em uma armadilha de culpa e autocrítica. Apenas pause, respire.
Reconheça que essa é apenas uma velha armadilha de sobrevivência, um mecanismo de defesa tentando mantê-la(o) pequena(o) e segura(o). E então, escolha diferente, mesmo que seja desconfortável.
Porque não é sobre se tornar uma outra pessoa de uma hora para outra. É sobre avançar, passo a passo, mesmo que seu corpo, seu sistema mental e emocional ainda se lembrem do medo. É assim que você faz e percorre novos caminhos.
Exemplo prático: superar a procrastinação em um projeto importante
Imagine que você tem um projeto significativo pela frente no trabalho (ou na vida pessoal) algo que pode impulsionar sua vida, mas que também é desafiador e exige que você saia da sua zona de conforto.
Pode ser uma apresentação para um público grande, o lançamento de um novo produto, ou até mesmo começar um novo curso.
1. O Cenário Inicial
- Objetivo: Pensar, pesquisar, aprofundar e criar uma proposta inovadora que pode abrir novas portas para você.
- O Gatilho: O tempo passa, datas importantes se aproximam e você precisa começar a desenvolver a parte mais criativa e estrutural da proposta.
- Seu “Eu Antigo” (Zona de Sobrevivência): Você é conhecida(o) por ser competente, e talvez prefira fazer e se manter nas tarefas que já faz que são seguras, onde o risco de erro e exposição é menor.
2. Sinais da “Autossabotagem”
Você se senta para trabalhar na proposta. Em vez de focar, sua mente começa a divagar e o comportamento “sabotador” se manifesta através da procrastinação:
- Você de repente sente uma urgência irresistível de checar e-mails que não são importantes.
- Começa a navegar nas redes sociais, mesmo sem interesse.
- Pensa em arrumar a mesa de trabalho que estava “normalmente” organizada.
- Sente uma fadiga súbita ou uma necessidade de fazer um lanche.
- Sente um nó no estômago, uma leve ansiedade ou a sensação de que “não vai dar certo”.
Esses são os comportamentos de procrastinação, que são sinais de estar “ancorada no seu eu antigo”. Seu sistema nervoso está emitindo um alerta: “Perigo! Isso é novo, isso é se expor, isso pode falhar. É melhor voltar para o que é familiar e seguro.”
3. O Momento da Escolha
Em vez de se culpar (“Sou tão desorganizado(a)”, “Não consigo focar”, “Vou falhar”), aplique a virada:
- Pause: Perceba que você está procrastinando. Respire fundo, lentamente, algumas vezes. Não julgue o que você está fazendo, apenas observe o comportamento e a sensação.
- Respire: Sinta seu corpo. Onde você sente a tensão? É no estômago, nos ombros? Apenas observe essas sensações sem tentar mudá-las imediatamente.
- Reconheça a “Energia de Sobrevivência”: Diga a si mesmo(a), mentalmente ou em voz alta: “Ah, entendi. Isso não é …(o seu julgamento). Isso é apenas meu corpo/mente tentando me proteger. Meu sistema nervoso está percebendo esse novo desafio como uma ameaça e está tentando me manter pequena(o), escondida(o), invisível e segura(o). Isso é medo de crescer/mudar/falhar/ter sucesso.”
- Escolha Diferente (Mesmo que Desconfortável): Reconheça que o medo está presente, mas não precisa te paralisar. Decida dar um passo pequeno em direção ao projeto. Algo que seja quase impossível de falhar.
Exemplo: “Vou apenas abrir o arquivo da proposta por 5 minutos.” ou “Vou escrever apenas o título da apresentação.” ou “Vou pesquisar uma única imagem para a capa.” Comprometa-se com essa pequena ação, sabendo que você pode parar depois se quiser. A chave é quebrar o padrão de evitação com uma micro-ação.
4. A Reprogramação do Destino
Ao fazer isso repetidamente, você está ensinando ao seu sistema nervoso que:
- Crescer é seguro: Mesmo que haja desconforto, não há perigo iminente que justifique a paralisação.
- Você pode tolerar o desconforto: Ele não é um sinal para parar, mas apenas uma sensação que, como as outras, vem e vai.
- Você está no seu centro: Você escolhe conscientemente, em vez de reagir automaticamente ao medo.
Cada vez que você escolhe diferente, mesmo que seja um pequeno passo em meio ao desconforto, você está construindo um novo caminho no seu cérebro. Está construindo novas vias neurais e alterando sua “frequência” energética.
Lentamente, o sistema nervoso começa a associar o crescimento e o desafio não com perigo, mas com realização e segurança, mudando a sua resposta padrão de autossabotagem para uma de ação intencional e autêntica.
É um processo contínuo, e haverá dias em que a velha energia de sobrevivência será mais forte. O importante é o reconhecimento sem julgamento e a escolha consciente de agir, por menor que seja a ação, apesar do medo.
Primeiro, aumento de Percepção
Reconhecer os sinais é o primeiro passo crucial para a mudança. Sem perceber, não temos escolhas…
Na nossa perspectiva de que a autossabotagem pode ser uma autoproteção excessiva ou uma “modulação de frequência” que continua atraindo mais do mesmo diante do crescimento, podemos identificar alguns padrões comuns.
Aqui estão os pontos que podem ajudar na percepção e abrir para sua melhor escolha
- Procrastinação Crônica
Adiar consistentemente tarefas e projetos que são importantes para seus objetivos de longo prazo, mesmo sabendo das consequências negativas. Você encontra mil desculpas para fazer outras coisas menos relevantes. - Perfeccionismo Paralizante
Você se recusa a começar ou a finalizar algo porque “não está perfeito” ou “ainda não é o momento certo”. Gasta tempo excessivo em detalhes insignificantes, atrasando o progresso. - Dúvida Excessiva e Crítica Interna Constante
Uma voz interna que constantemente o(a) desmotiva, aponta falhas, questiona suas capacidades e antecipa o fracasso, minando sua confiança antes mesmo de você agir. - Autoisolamento ou Recusa de Oportunidades Sociais/Profissionais
Evitar convites, se afastar de pessoas que poderiam te apoiar, ou recusar oportunidades que te colocariam em evidência ou exigiriam mais de você socialmente/profissionalmente. - Atração de Drama ou Conflitos Incessantes
Você se encontra frequentemente em situações de conflito, drama ou caos, que desviam sua atenção dos seus verdadeiros objetivos. - Recaída em Velhos Hábitos Negativos
Após um período de progresso em direção a um objetivo (ex: dieta, exercício, estudo), você regride para hábitos antigos e prejudiciais (ex: comer demais, sedentarismo, falta de estudo). - Desistência Fácil e Falta de Persistência
Você começa muitos projetos ou iniciativas com entusiasmo, mas desiste rapidamente quando surgem os primeiros obstáculos ou quando o caminho fica um pouco mais difícil. - Ignorar Intuição ou Sinais de Alerta
Você tem um “mau pressentimento” sobre algo, mas o ignora, ou ignora sinais claros de que um caminho não é o ideal, levando a resultados negativos. - Fuga Através de Distrações Constantes
Passar horas em atividades que não agregam valor (maratonar séries, jogos, redes sociais) quando há tarefas importantes a serem feitas.
Ao identificar esses sinais, lembre-se: não é para se culpar. É para pausar, respirar e reconhecer que essa é uma manifestação da sua energia de sobrevivência, tentando mantê-lo(a) em uma zona de segurança familiar.
A partir desse reconhecimento, você ganha a clareza necessária para escolher diferente.
Manifestações do Perfeccionismo, Excesso de Autocrítica e Controle
Perfeccionismo, excesso de autocrítica e a necessidade de controle são manifestações clássicas daquela “energia de sobrevivência antiga” que busca segurança, mesmo que isso signifique nos limitar.
Eles surgem como guardiões que, ao tentar nos proteger de falhas, julgamentos ou do imprevisível, acabam nos aprisionando.
1. Perfeccionismo
O perfeccionismo não é o desejo saudável de fazer um bom trabalho; é o medo paralisante de cometer erros ou de não ser bom o suficiente.
Manifestações: Procrastinação, Incapacidade de Finalizar, Paralisia por Análise, Padrões Irrealistas, Evitar o Desafio
2. Excesso de Autocrítica
É a voz interna implacável que constantemente aponta falhas, minimiza conquistas e gera um sentimento de inadequação. É o sistema de alarme interno em modo de pânico constante.
Manifestações: Diálogo Interno Negativo, Foco nas Falhas, Comparação Constante, Dúvida Constante, Sentimento de Fraude (Síndrome do Impostor).
3. Necessidade de Controle
É a busca incessante por previsibilidade e segurança, manifestada na dificuldade de delegar, na microgestão e na ansiedade diante do incerto.
Manifestações: Dificuldade em Delegar, Microgestão, Nervosismo Diante do Imprevisto, Preocupação Excessiva, Rigidez.
9 Pequenos Passos
Lembre-se, o objetivo não é eliminar essas tendências de uma vez, mas sim “fazer e consolidar” outras possibilidades com pequenas escolhas, mostrando que o crescimento pode ser seguro.
- A Regra do “Feito é Melhor que Perfeito” em uma Tarefa: Escolha uma tarefa (pequena ou média) hoje e decida entregá-la quando estiver “boa o suficiente”, em vez de “perfeita”. Defina um tempo limite para ela e, ao final, considere-a concluída.
- Identifique e Renomeie a Voz Crítica: Quando a voz autocrítica surgir, pare e diga mentalmente: “Ah, olá [Dê um nome divertido ou neutro à sua autocrítica, ex: ‘Dona Crítica’, ‘O Sabotador Interno’, ‘Sr. Medo’]. Sei que você está tentando me proteger, mas eu estou no controle agora.” Isso cria um distanciamento.
- Pequena Delegação (ou Soltura de Controle): Escolha uma micro-tarefa em que você normalmente teria total controle e permita que outra pessoa a faça, ou simplesmente deixe-a acontecer sem sua intervenção. Pode ser algo simples como deixar o parceiro/a escolher o restaurante ou o trajeto.
- Ação Imperfeita Consciente: Proponha-se a fazer algo de propósito “imperfeito” ou “sem terminar”. Pode ser um rabisco, um rascunho de e-mail que você não vai enviar, ou cozinhar algo de forma simplificada sem se preocupar com a apresentação. Sinta o desconforto e perceba que nada de terrível acontece.
- O “Minuto da Conquista”: Ao final do dia, tire um minuto para anotar (ou apenas pensar) em uma coisa, por menor que seja, que você fez bem ou concluiu. Sinta genuinamente o reconhecimento.
- “Cinco Minutos de Incerteza Controlada”: Separe 5 minutos do seu dia para pensar em algo incerto que está por vir (uma reunião, um evento, um plano) sem tentar resolvê-lo ou controlá-lo. Apenas observe os pensamentos e sentimentos de incerteza sem agir. Depois, volte à sua tarefa.
- Pratique a Auto-Compaixão Ativa: Quando você se pegar sendo autocrítico(a), coloque a mão sobre o coração e diga a si mesmo(a) em voz baixa ou mentalmente: “Estou fazendo o melhor que posso, e isso é suficiente.” Ou “Este é um momento difícil, mas eu me amo e me aceito mesmo assim.”
- A Meta do “Começar”: Em vez de focar em “terminar perfeitamente”, foque em “começar” uma tarefa importante. Diga a si mesmo(a) que você só precisa dar o primeiro micro-passo (abrir o documento, escrever a primeira frase, pesquisar por 10 minutos). O objetivo é quebrar a inércia, não a conclusão.
- Desafie um Padrão de Microgestão: Se você tem o hábito de microgerenciar, escolha uma única interação hoje (com um colega, um filho, um amigo) e, conscientemente, contenha o impulso de corrigir ou dar instruções desnecessárias. Permita que a outra pessoa faça à sua maneira.
Ao incorporar essas pequenas ações no seu dia, você estará gradualmente enviando uma nova mensagem ao seu sistema nervoso:
“Está tudo bem. Posso crescer. Posso ser imperfeito. Posso deixar ir. É seguro.”
Isso, ao longo do tempo, reconfigura sua “frequência” e transforma a autoproteção excessiva em uma confiança genuína no seu potencial e na sua capacidade de lidar com a vida.
E estou aqui para apoiar e ajudar.
Simone Kobayashi - Especialista em Terapia Vibracional, Terapeuta Holística e Vibracional, Mentora e Autora. Cocriadora de técnicas que promovem o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal. Ajuda pessoas a expandirem suas consciências e transformarem suas vidas para alcançar plenitude. Consultas online e presenciais em SP podem ser agendadas no Personare.
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