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  • Como diferenciar verdade de opinião?

    Argumentos precisam ser sinceros e coerentes com suas emoções

    Atualizado em

    Quem nunca se exaltou ao discutir futebol, religião, política ou qualquer outro assunto polêmico? É interessante perceber como certas questões deixam as pessoas nervosas e até mesmo exaltadas. Em uma discussão um tenta convencer o outro de sua opinião, e todo mundo de alguma forma se acha o dono da verdade.

    Mas, então, como podemos diferenciar opinião de verdade? É importante lembrar que cada pessoa interpreta a realidade com seus filtros de crenças, experiências e vivências individuais, e assim cria a sua própria verdade pessoal. Dentro da linha de pensamento que sigo, creio que existe uma “Verdade” – com V maiúsculo mesmo – que simplesmente é o que é, que vem antes da interpretação da realidade que nos leva a ter uma opinião, criando as nossas verdades pessoais.

    Essa “Verdade” é maior que o conjunto de todas as opiniões pessoais, ainda que isso possa soar contraditório. A “Verdade” existe independente de a querermos ou não, de estarmos de acordo com ela ou não. Quando nossa opinião e verdade pessoal se alinham a essa “Verdade”, sentimos e promovemos mais harmonia para nós mesmos e para aqueles a nossa volta. Ela nos unifica e traz paz, porque faz sentido no âmbito coletivo – e não apenas no individual.

    Busque a verdade, mas não reaja com agressividade a ela

    Os conflitos fazem parte do caminho para a harmonia. Porém, a violência e a agressividade não. Isso é uma pista para percebermos o quanto estamos alinhados à “Verdade”. E esse alinhamento prevê mais do que fatos e interpretações dos fatos. Ele abrange também a qualidade da energia e do sentimento associados a eles.

    Por exemplo: se olhamos para alguém que está roubando, e interpretamos isso como algo negativo, bem provavelmente estamos racionalmente alinhados à “Verdade”. Porém, se sentimos revolta e agressividade em relação à pessoa que rouba (ainda que nosso pensamento esteja alinhado à “Verdade” de que roubar é algo negativo), nossa energia se desalinha com a “Verdade”, pois trazemos uma qualidade desarmônica para essa opinião.

    É claro que um roubo ou qualquer outro fato que nos pareça violento ou injusto pode – e até deve – nos trazer indignação. Mas se nosso sentimento cai na mesma sintonia que o fato violento ou injusto, toma a mesma qualidade que ele. Por mais lógico e coerente que nosso pensamento esteja com os fatos. Se a “Verdade” traz harmonia, para ficarmos alinhados a ela não podemos estar na mesma sintonia que o ato violento ou injusto, mas sim nos colocar na real oposição dele: ou seja, tendo mais compaixão e amor incondicional.

    Muitas vezes achamos que nossas opiniões estão alinhadas à Verdade, quando na realidade estamos nos opondo a ela. Quando nos colocamos contra a violência, mas fazemos isso com revolta, rancor e agressividade, nada mais fazemos do que alimentá-la, ainda que na polaridade oposta. Quando discordamos de alguém, seja lá em que tipo de opinião for, e ficamos bravos tentando convencer (e muitas vezes até combater) o outro, passamos a agir como num cabo de guerra. Porém, a “Verdade” está além disso. Não adianta estar coerente apenas nos argumentos e nas ideias. Essa coerência precisa se aplicar também à qualidade dos impulsos e emoções que, em conjunto com esses aspectos racionais, formam nossas opiniões e verdades pessoais.

    Não adianta estar coerente apenas nos argumentos e nas ideias. Essa coerência precisa se aplicar também à qualidade dos impulsos e emoções que, em conjunto com esses aspectos racionais, formam nossas opiniões e verdades pessoais.

    Não adianta se opor às pessoas e situações e ficar condenando-as, reclamando e se lamentando. Para nos alinharmos à “Verdade”, é preciso ir além e buscar um sentimento dentro de nós que tem por base o impulso da compreensão e da expectativa positiva. Geralmente, isso é emocionalmente mais trabalhoso e exige inteligência emocional e compaixão. Mais uma vez, isso não significa ser complacente ou negligente em relação ao que discordamos, mas saber se opor de uma maneira harmoniosa. Essa é a real contraposição dentro da “Verdade”.

    Sinceridade para falar e humildade para ouvir

    Outra pista para perceber nosso alinhamento com a “Verdade” é a sinceridade e a nossa maneira de encarar o conceito de harmonia. A harmonia a qual me refiro não significa a ausência de conflitos ou a atitude de colocar “panos quente” em qualquer situação desarmônica. Pelo contrário, harmonia significa ter sinceridade e respeito às opiniões alheias. É saber que todos podem estar alinhados com a “Verdade”, ainda que as verdades pessoais sejam completamente diferentes entre si.

    Portanto, não adianta ficar amenizando as nossas verdades ou sair falando o que achamos sem nenhum cuidado. A “Verdade” pressupõe uma sinceridade que não fere – mas não deixa de ser verdadeira – assim como uma humildade para escutá-la sem deixar que sentimentos negativos tomem conta de nós. Para isso, é preciso superar nossos medos de enfrentar as situações e dos confrontos, nossos sentimentos de raiva e irritação ao lidar com as diferenças, nosso orgulho e prepotência, entre tantos outros impulsos negativos que podem surgir.

    Saber lidar com nossos sentimentos menos nobres, que emergem quando lidamos com as verdades pessoais contrárias às nossas, pode ser tão trabalhoso quanto é para um criminoso se redimir do crime, por exemplo. Isso nos ajuda a refletir sobre como pode ser difícil para aqueles que condenamos trabalhar com seus instintos, e assim buscarmos mais compaixão, seja pelo outro ou por nós mesmos.

    Muitas vezes a luta de opiniões acontece dentro de nós. Podemos acreditar, por exemplo, que os outros são melhores que nós, ou que devemos provar que somos melhores que os outros ou, ainda, que não somos nem melhores nem piores do que as outras pessoas, mas somos apenas todos seres humanos. Isso mais uma vez nos lembra o quanto é importante desenvolver a habilidade emocional para alinharmos nossa verdade pessoal à “Verdade”.

    O que coloco aqui nada mais é do que a minha própria opinião e, portanto, a minha verdade pessoal. Espero que ela se aproxime cada vez mais da “Verdade”, e isso é algo que sigo aprendendo a cada dia, em minha própria experiência. Que você possa também, a partir de suas opiniões e verdades pessoais, conhecer cada vez mais a “Verdade” e a paz interior que ela traz!

    Para continuar refletindo sobre o tema

    Ceci Akamatsu

    Ceci Akamatsu

    Terapeuta Energética, faz atendimentos à distância pelo Personare. É a autora do livro Para que o Amor Aconteça, da Coleção Personare.

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