A capacidade de se reinventar
Não arquive seus sonhos. Invista na sua flexibilidade profissional.
Por Chantal Brissac
O sonho é um importante ingrediente para fazer as pessoas crescerem. Sem contar que é também o principal combustível das grandes invenções e inovações. Quem sonha mais, realiza mais. Porque acredita nas próprias ideias e se visualiza em ações construtivas. Não se deixa abater pela rotina eeestresseeante, pelas notícias da mídia, pelo mau humor do vizinho…
É por isso que é tão essencial reservar um tempo para sonhar. E isso acontece em dois níveis: dormindo e acordado. Durante o sono, é o momento de a mente libertar-se e se renovar com ideias, fantasias e imagens, muitas vezes inspiradoras. Quando é possível, vale anotar essas “viagens”, que dão pistas interessantes sobre as nossas escolhas de vida.
E quanto a sonhar acordada? Não estou falando de quem vive no mundo da lua e está sempre “voando”, sem foco e desconectada do momento atual. Não é isso. Eu me refiro à capacidade de se visualizar em situações, lugares, tempos e histórias desejados. É o hábito de pensar em coisas positivas para si mesmo e para os que se ama. Este treino é super válido, funciona como um test drive ou um estágio para a realização posterior do sonho. Sonhar acordado só atrapalha quando consiste em puro devaneio, sem qualquer possibilidade de realização.
Essa vocação para sonhar conta pontos no seu DNA emocional, na sua capacidade de ser feliz e se reinventar. Mas por que é preciso se reinventar? Porque a flexibilidade é uma das características mais importantes nos dias de hoje. Em plena era da informação, com o mundo em movimentação frenética e constante, é essencial que a pessoa tenha uma atitude aberta para a vida: de aprendizado, conhecimento e mudança, se for preciso. Claro, sem abrir mão de valores (integridade, generosidade, respeito por si mesmo e pelo outro), mas com uma postura de aprendiz. Segundo a fonoaudióloga especializada em memória Ana Alvarez, é essa postura que garante uma vida feliz e produtiva. “A flexibilidade é a verdadeira fonte da juventude”, diz Ana.
Essa vocação para sonhar conta pontos no seu DNA emocional, na sua capacidade de ser feliz e se reinventar
Isso vale para todos os campos da vida: pessoal, afetivo, profissional. Este último, especialmente, demanda boas doses desse “jogo de cintura”. O motivo é que, nos últimos anos, aconteceu uma verdadeira revolução no mercado de trabalho. Aqui e lá fora. Empresas se fundiram, outras faliram, outras tantas mudaram de ramo. Boa parte cortou maciçamente seus times, enquanto terceirizava os serviços e convocava um exército de colaboradores independentes. Não é o melhor dos mundos, convenhamos, mas é a realidade atual, acentuada nesse último ano pela crise econômica internacional.
Mas este cenário, que pode parecer cinza e sombrio para muita gente, também é um horizonte colorido e cheio de esperança para outras pessoas. São aquelas que querem se reinventar, que não acreditam nas estatísticas e não arquivam seus sonhos só porque ouvem o tempo todo que as coisas vão mal.
São essas pessoas que acordam cedo e animadas para mais um novo dia. E que vão contra a maré pensando nos seus próprios projetos e trabalhando duro para que eles possam se realizar. Não ficam sentadas esperando que alguém as chame para trabalhar e lhes deem tarefas e obrigações. Movimentam suas redes de relacionamento, lançam suas ideias adiante, apostam em suas próprias potencialidades e comandam suas vidas para realizar os seus sonhos, dia após dia. Isso é ser flexível e praticar a arte de se reinventar.
Nesses tempos em que a demissão virou pizza e a palavra “emprego” vem gradativamente perdendo o significado e o valor – os futurólogos acreditam que o modelo atual, com salários fixos e escritórios, será substituído por um panorama mais elástico, no qual a maior parte das pessoas irá trabalhar em sua própria estrutura; em geral, em casa – a necessidade de se reciclar e se reinventar fica ainda mais urgente.
Os que dependem de um crachá no peito para existir (ou, em outras palavras, se sentem perdidos quando não são o “Pedro da empresa tal ou a Mariana da companhia X”) vão precisar rever suas ideias e convicções. Por isso, sonhar (e realizar) é preciso.
Jornalista e autora de "Demitido? Sorte sua! Como superar a crise e dar a volta por cima" (Ediouro), "Quem é você, mulher?" (Ediouro) e "Seja feliz também naqueles dias" (Ed. Ficções)
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