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Como sua mente é manipulada?

Nossas opiniões, percepções e memórias são moldadas por algum fator

Atualizado em

Você já parou para pensar sobre como sua mente é manipulada? Para começar a falar do tema, vamos pensar sobre um ponto importante: será que quando nascemos somos como uma folha em branco que vai sendo moldada pela vida? Ou será que já chegamos ao mundo com algum conteúdo e certas “tendências”? Você provavelmente já notou como bebês novinhos já apresentam reações e padrões de comportamento bem diferentes uns dos outros. Assim, a partir dessa e de outras observações, a ciência moderna passou a trabalhar com a ideia de que nossa mente não nasce em branco, que de certa forma já nascemos sabendo.

Apesar de ser um tema bastante polêmico, correntes da Psicologia, Filosofia, Neurociência (isso sem falar na própria Astrologia!) entendem que o ser humano já traz desde o seu nascimento uma “herança” ou “modelo” do que será sua personalidade. A própria história familiar, histórias dos nossos antepassados mais remotos, de herois que nem chegamos a conhecer, são exemplos de vivências que afetam nossas reações diante da vida e mostram como nossos afetos, lembranças e memórias serão construídos. Alguns chamam de “pré-experiência”, outros de “inconsciente coletivo”, mas o que não faltam são teorias para explicar esse pré-conhecimento. Mas o que isso tem a ver com a manipulação da mente?

Brilho eterno de uma mente

A ideia que temos da mente hoje em dia leva a muitas fantasias a respeito de seu funcionamento. Quem já assistiu ao filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” (2004)? Bem, nesse filme, Joel e Clementine – os protagonistas – são um casal de personalidade oposta e vivem uma crise em seu relacionamento. Impulsiva, depois de uma briga com Joel, ela decide recorrer a um médico que se propõe a apagar as memórias dos seus pacientes, uma a uma, começando da mais recente até chegar a mais antiga – que seria o centro da memória afetiva. “Quer esquecer o seu ex? Ok, podemos fazer isso em meu consultório”. É mais ou menos isso que é oferecido. O tratamento não funcionou muito bem nem no filme, é claro. A mensagem contida no título já nos dá uma pista: ainda que “sem lembranças”, a mente tem um “brilho eterno” que está ali desde sempre.

É possível mudar nossas lembranças, nossa maneira de perceber o mundo, de construir nossas opiniões. E é possível também que nossas mentes sejam manipuladas de forma que nem cheguemos a perceber. Dizer que nascemos com certos conteúdos inatos não significa dizer que nossa mente já venha determinada e que não possa ser expandida ou “aperfeiçoada”. Porém, não é um processo de borracha e lápis. Existem conteúdos em nossas mentes que estão guardados lá no fundo, aquelas coisas que pensávamos haver esquecido, coisas que não ousamos remexer, muito menos elaborar. Tudo isso está vivo e atua atraindo situações, pessoas e sentimentos penosos, num movimento repetitivo que não conseguimos nos afastar. Da mesma forma que podemos nos transformar ao conhecer esses conteúdos em uma psicoterapia, por exemplo, uma outra pessoa mal intencionada que conseguir enxergar esses nossos pontos cegos e quiser agir sobre nossas mentes, será capaz de nos manipular.

Não quer ser manipulado? Aprenda a se conhecer

O processo de autoconhecimento sempre ajudará a nos precaver de situações como essas. Como um sol no fundo de uma floresta bem densa (nossa mente), cujos raios iluminam e conhecem tudo que cresce e sobrevive ali, existe nosso self, que poderá nos guiar sempre para aquilo que é melhor para nós. Voltarei ao filme para explicar essa possibilidade: Joel decide também recorrer aos serviços do médico assim que recebe a notícia de que Clementine submeteu-se a um procedimento para apagá-lo da memória. No entanto, na metade do processo de apagamento ele se arrepende. Não quer perdê-la para sempre. A “lembrança” de Clementine dizendo para que a encontre na praia permanece sob a forma da “intuição” de que deve ir à praia aquele dia. Ele segue a intuição, eles se reencontram e, mesmo sem lembrarem um do outro, se apaixonam. Um final feliz de um conto de fadas moderno.

Moral da história: é importante repensar o quê e quem pode manipular nossas mentes através da análise de nossas próprias falhas. Que conteúdos estão influenciando as decisões que tomamos? É o nosso “brilho eterno” ou conteúdos sombrios que nos recusamos a elaborar? Basta olhar para os caminhos que estamos seguindo e para as consequências de nossos passos para termos a medida correta. Já que não nascemos uma folha em branco e que o nosso conhecimento inato também pode ser alterado, cabe a você decidir até onde vai deixar brechas para sua mente ser manipulada de maneira prejudicial. Decidindo seguir o caminho do autoconhecimento, a transformação da sua mente virá sempre em prol do seu crescimento e expansão.

Para continuar refletindo sobre o tema

Veja aqui o trailler do filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”.

Marianna Protázio

Marianna Protázio

Psicóloga, Psicoterapeuta Junguiana, Mestre e Doutora nas áreas de Ciências da Literatura e Estudos de Mulheres, Gênero e Cultura. Atuação clínica voltada aos desafios contemporâneos do feminino, por um olhar que busca, nas imagens e símbolos, autenticidade e criatividade. Fundadora do site Psique Criativa, que aborda temas como relacionamento, sexualidade, vocação, sonhos e autoconhecimento.

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