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Aprendendo a lidar com o diagnóstico de depressão

Escritora relata os sentimentos e cobranças internas após ser diagnosticada com a doença

Atualizado em

Não é possível que isso esteja acontecendo comigo. Quer saber? Eu não admito!

Se a realidade é a gente quem cria, hoje eu crio a realidade de que estou bem. Não há nada que possa me parar agora!

Aliás, justo agora? Nesse momento em que estou fazendo tanta coisa, dando conta de tanta demanda? Com tantos sonhos pela frente?

Eu não sei o que está acontecendo, mas se eu fingir que não está, sei que acaba passando. Isso é pura frescura – se todo mundo aguenta, porque eu não aguentaria?

Essa conversa aí de cima foi a que eu tive comigo mesma durante algumas semanas antes de tudo desabar e receber o diagnóstico de depressão. Na verdade, eu falava assim comigo por meses, anos… o que mostra que a vida estava querendo me dizer aquilo que eu não estava querendo escutar há muito tempo.

A vida  me dizia: “Pára, Tatiana. Se você não parar por bem, eu vou te parar do meu jeito”. E foi o que ela fez.

Recebendo o diagnóstico de depressão

Um belo dia, enquanto levava as crianças para a capoeira (algo que fazia pelo menos 2 vezes por semana), ou seja, super corriqueiro e natural na minha rotina, eu cheguei lá, mas não consegui sair. 

Foi nesse dia, em um momento qualquer, que eu parei. Na verdade, paralisei. E a partir daí, tive que aceitar que do jeito que estava eu não poderia continuar.

E não continuei mesmo. Ali, voltei a ser criança, como as minhas crianças, que precisam da mãe para me buscar.

E ela foi. Foi minha mãe que pegou na minha mão, me colocou dentro do carro junto com seus netos e nos trouxe para a casa dela, dizendo:

“Você está doente. E você precisa aceitar não só a sua doença, como o fato de que precisará ser cuidada”.

E quando eu digo que ela nos trouxe para casa dela, é porque de fato, desse dia até o momento em que escrevo esse texto é onde estamos. Tivemos que deixar a nossa casa, eu, meu marido (que trabalha o dia todo fora) e meus dois filhos, porque eu fiquei incapaz de fazer o mínimo – ainda que fosse só por mim.

Depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do pânico

E assim se vão 8 meses em que estou em tratamento de depressão, transtorno de ansiedade e síndrome do pânico.

A primeira metade foi, sem dúvida, a pior. Acertar a medicação, a terapia e lidar com a doença são processos dolorosos e que demandam tempo. E o meu tempo não era o tempo das coisas.

E há que se dizer: especialmente a depressão ainda é um tabu. Apesar de ser considerada a doença do século, ainda é tratada por muitos como “frescura”, “falta de Deus” ou simplesmente “falta do que fazer” mesmo.

Depressão é uma doença que pode ser comparada a uma morte em vida – por isso é tão difícil de encarar.

Já avançamos muito – e estar aqui escrevendo sobre isso já é parte deste avanço. Se eu mesma desconfiava que eu poderia estar de frescura, que isso iria passar logo, imagina para quem nunca sentiu ou lidou com isso? Não é todo mundo que entende e tem estrutura para apoiar e ser apoiado nessa situação. Eu tive sorte.

Renascendo após o diagnóstico de depressão

Agora, enquanto escrevo essas palavras, já consigo olhar para trás e ver que eu morri sim, mas já renasci e estou na fase de engatinhar de novo. 

Quem é essa pessoa que está nascendo eu ainda não sei, mas te convido a se juntar a mim para falarmos mais sobre esse assunto e crescermos juntos – sabendo que as transformações são inevitáveis e que o segredo está em não se negligenciar.

Temos o dever de ser a nossa maior prioridade – para o nosso bem, antes de tudo, e para o de todos que estão à nossa volta.

 

Tatiana Magalhães

Tatiana Magalhães

Taróloga e astróloga especializada em Astrologia Natal e Infantil

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