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Cumplicidade entre irmãos

Saiba como evitar disputas e estimular a amizade fraternal

Atualizado em

Amizade entre irmãos é uma delícia de ver! Algumas nascem prontas, a sintonia existente entre os pequenos pode ser tão natural quanto respirar. Mas o mais comum é observarmos disputas entre eles – e não se trata de desamor ou mesmo de inimizade. Faz parte do desenvolvimento saudável das crianças, tanto para o autoconhecimento quanto para a percepção dos limites, ocorrerem brigas, desavenças, competição. E isso tudo se ajusta com o tempo, quando os pequenos percebem que há espaço para cada um, que cada qual tem seus talentos e que o espírito solidário pode banhar essas relações fraternas.

Mas antes de falar sobre como podemos colaborar para fortalecer os vínculos de amizade entre os irmãos, é importante lembrar que essa amizade passa também pela forma como os pais lidam com as crianças.

É natural que pais e mães tenham mais afinidade com um ou outro filho. Porém, ter mais afinidade não significa amar mais ou menos, mesmo porque amor não se mede. É a tal da “química”, que também acontece entre pais e filhos.

Questão de identificação

Muitos pais se sentem incomodados por perceberem que existe mais cumplicidade com um dos filhos, que as coisas com aquela criança fluem mais facilmente, que a linguagem entre eles é a mesma (enquanto que com outro filho tudo parece mais difícil, truncado, os mal entendidos são frequentes). Mães sentem-se culpadas por não encontrarem a mesma leveza e identificação com um dos filhos. E pais muitas vezes não percebem que acabam por agir de forma tão distinta que acabam criando, sem querer, rivalidade entre os irmãos.

Tanto a culpa de um quanto a diferença explícita do outro são percebidas pelas crianças que, inconscientemente, se aproveitam da situação – por um lado chantageando e por outro buscando obter vantagens. Quando o casal ou os adultos responsáveis se desentendem, não é raro que o “predileto” de um seja alvo de críticas, ou seja, os pais se agridem usando a criança. As crianças acabam por aprender essa linguagem dissimulada e “exercitam” entre elas um comportamento semelhante, resultando, senão em inimizade, em constantes conflitos entre eles.

Em situações mais extremadas, em que os pais não conseguem perceber ou não conseguem compreender a razão de tratamentos diferenciados para com os filhos, o resultado pode passar a ser inimizade. O filho não percebe que sente raiva do pai que o trata com desprezo, e irá naturalmente transferir essa raiva para o irmão.

Pais equilibrados, crianças emocionalmente saudáveis

Claro que se trata de um tema complexo e com muitas nuances. Mas, de modo geral, os pais que se queixam de filhos que não se dão bem devem observar primeiramente como está se dando a relação entre o casal e como eles estão se comportando com relação às crianças. Nunca devemos esquecer que crianças emocionalmente saudáveis são também resultado de um relacionamento harmonioso e equilibrado entre os pais ou os responsáveis por sua orientação.

Filhos podem, devem e desejam ser amigos! Uma das formas mais simples de ajudar as crianças a perceber que podem seguir juntas, é na distribuição de tarefas do lar. Claro que as diferenças de idade impõem uma limitação, mas geralmente é possível fazer com que eles se unam. Seguem aqui algumas dicas de “tarefas a muitas mãos” que podem promover amizade e união entre os pequenos:

  1. É possível lavar o carro a muitas mãos. Basta “dividi-lo” em “partes iguais”, para que todos possam esfregar, enxaguar e receber elogios ao final. É importante demonstrar o mesmo grau de importância de todos os “trabalhadores”. Mas também pode ser o quintal, o banheiro… (as crianças adoram mexer com água, além de ser uma boa oportunidade para ensinar a economizar recursos naturais).
  2. Fazer um bolo gostoso a muitas mãos com alguém orientando passo-a-passo.
  3. Ensinar a cuidar de plantas ou de um jardim, enfatizando que o personagem principal naquele momento são as árvores e flores, portanto eles devem se unir para obter um resultado comum. O mesmo se dá com um animal doméstico.
  4. Uma bola pode fazer milagres para unir e promover amizade entre irmãos. Mesmo que esteja cada um num time (futebol, volei, queimada, é importante lembrar que sem o outro não haveria diversão, não importa quem ganha o jogo. Formar uma roda para jogar bola é diversão garantida.
  5. Jogos em geral tornam as crianças mais unidas, mais amigas. Tanto faz se é no videogame ou se é a criativa brincadeira de mímica ou jogos de tabuleiro.

Vale lembrar que tios, tias, avós e amigos podem promover todas essas brincadeiras e propor tarefas às crianças. Pais separados também podem e devem fortalecer os vínculos entre os irmãos.

O que importa é que os irmãos se percebam importantes uns na vida dos outros. Importa é que eles percebam que podem ser cúmplices e que podem aprender entre si, não importa quem é o mais velho.

A amizade pressupõe cumplicidade. E entre irmãos o terreno é fértil para que a cumplicidade se desenvolva, até mesmo quando eles se unem “contra” os pais que insistem nas tarefas mais aborrecidas.

Bom exemplo

As crianças se espelham nos adultos cuidadores. Para que a amizade entre os irmão se fortaleça é importante saber guardar segredos, os segredos dos filhos. Assim eles aprendem a desenvolver confiança também entre eles, e confiança é a base de toda amizade.

Mas existe algo mais que os adultos podem fazer para promover amizade entre os irmãos: desde que não haja agressão física ou desrespeito verbal, não interfiram quando eles discutem ou se desentendem. Sentir a importância que um tem na vida do outro também passa por um afastamento vez por outra. Todo relacionamento precisa de um “respiro” e às vezes crianças e adolescentes não encontram outra forma de arejar a relação sem ser “brigando”. Eles voltarão a conversar sem ajuda dos adultos, e provavelmente fortalecidos.

Ser amigo de irmão é bom demais!

Celia Lima

Celia Lima

Psicoterapeuta Holística, utiliza florais e técnicas da psicossíntese como apoio ao processo terapêutico. Presta atendimento também por meio de terapia breve com encontros semanais, propondo uma análise lúcida e realista de questões pontuais propostas pelo cliente objetivando resultados de curto/médio prazo.

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