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Como escrever uma carta de amor?

Especialistas dão dicas para colocar as emoções no papel

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Um dia, dentro de nós, o sentimento surge. Descortina-se uma luz que, mesmo que fraca, já é quente e reconforta. A cada olhar, a cada telefonema e a cada abraço essa luz se intensifica e ilumina o que antes era tomado pela escuridão, preenchendo o espaço tão absolutamente que derrama, ultrapassa todos os limites possíveis. Por acaso, ela irá iluminar tudo ao redor, mas seu único objetivo é alcançar a pessoa amada, envolvendo-a com a emoção mais bela pela qual um ser humano pode ser tomado“.

se o amor é tão lindo, ou pelo menos tem beleza em grande parte do tempo, por que não falar sobre ele?

O texto acima é um exemplo de conteúdo que poderia ser usado em uma carta de amor. Mas por estar tão distante da realidade atualmente, o hábito de se escrever esse tipo de declaração, numa primeira impressão, pode ser visto como cansativo e exagerado. Uns poderão reclamar da falta de tempo, outros da vergonha em demonstrar amor com tanta cortesia… E ainda há aqueles que simplesmente não conseguem compreender, organizar e pôr no papel tudo o que sentem pelo outro.

Mas se o amor é tão lindo, ou pelo menos tem beleza em grande parte do tempo, por que não falar sobre ele? Por que não entregá-lo ao outro em forma de palavras, escritas com a sua própria letra? A psicoterapeuta Celia Lima, a terapeuta energética Ceci Akamatsu e o escritor e tarólogo Leo Chioda explicam, em detalhes, o que essa prática significa, dão dicas para que uma carta seja escrita e falam sobre todos os significados de escrever ou receber uma carta de amor.

Carta de amor é símbolo de romantismo

De acordo com a psicoterapeuta Celia Lima, a carta de amor simboliza o desejo de estar perto da pessoa amada, vivendo o sentimento e concretizando-o plenamente.

“Essa carta é coroada por romantismo. Nela, fala-se sobre os sentimentos, sobre a saudade, relembra-se os momentos importantes da relação e revelam-se planos e desejos”, conta a especialista.

Segundo Celia, na tentativa de escrever, a pessoa não apenas materializa os próprios sentimentos, mas reflete sobre a natureza deles. “Muitas pessoas amam o amor por si próprio e acabam apenas transferindo o desejo de amar alguém para o outro. Ao escrever com calma e reflexão, pode-se descobrir que o que se sente pela cara-metade realmente não combina com toda a intensidade que foi colocada no papel. Ou pode ocorrer o contrário: no processo de escolha das palavras, pode surgir a consciência de que o sentimento é muito maior do que se supunha. Um dos pontos positivos desse tipo de escrita é que uma carta pode ser lapidada antes de ser enviada”, explica Celia.

Quem escreve manifesta desejos e aflições

Já a terapeuta energética Ceci Akamatsu acredita que não se trata apenas de escrever uma carta de amor. As influências que ela pode exercer em quem a faz, no relacionamento amoroso e também em quem a recebe são muito significativas. “Costumo dizer que as palavras são como “carrinhos”, que levam em si as emoções e os pensamentos de quem os pronuncia ou escreve. Portanto, cartas, e-mails ou mesmo tudo que falamos e escrevemos carregam a energia de nossas impressões emocionais e mentais, que chegam ao outro”, afirma a terapeuta Ceci Akamatsu.

Para o escritor e tarólogo Leo Chioda, a fala, assim como a escrita, é uma forma de poder. Todas essas práticas são, na verdade, manifestações dos desejos, vontades e medos de alguém. “Uma declaração de amor influencia uma relação na medida em que é empregada a mais pura honestidade. Não são apenas as artimanhas presentes em todo o romance proseado que encantam a pessoa amada, mas, sobretudo, a clareza das intenções e a força com que elas são colocadas. Quanto mais firme a pessoa se posicionar, certa a respeito do que sente e do quanto deseja a outra, maior é a chance de convencê-la”, avalia o especialista.

Quanto mais firme a pessoa se posicionar, certa a respeito do que sente e do quanto deseja a outra, maior é a chance de convencê-la

Segundo Celia Lima, apesar do impacto das cartas de amor ser bastante forte na relação, é preciso atenção à frequência com a qual o casal se comunica pela escrita.

“Uma carta de amor entre casais pode ser a cereja do bolo. Cartas não dispensam diálogos nem declarações de amor ao vivo, mas são uma forma de estar presente, mesmo na ausência física. Entre casais, as cartas podem ser mais breves, mais objetivas, sem deixarem de ser românticas. Elas fazem perpetuar o clima amoroso na relação, desde que não sejam uma constante: cartas diárias para quem já convive denota alguma dificuldade de expressar o amor, seja através de atitudes ou de palavras”, alerta a psicoterapeuta.

Preparar-se para escrever é essencial

Antes de escrever uma carta à cara-metade, a preparação é fundamental e pode até conscientizar a pessoa em relação ao que ela sente.

Ceci recomenda que feche os olhos e faça um relaxamento, por mais rápido que seja, para que os sentimentos mais serenos e calmos possam ser trazidos à tona. “Não é muito construtivo escrever algo para ser enviado à outra pessoa se aquele que faz a carta está no auge da raiva, da irritação, da tristeza ou de outro sentimento negativo. É positivo escrever para desabafar, mas recomendo que esse texto seja guardado e relido. Quando estamos com as emoções equilibradas, voltados para atitudes menos agressivas ou defensivas, podemos usar aquele conteúdo de desabafo para perceber como nossas feridas e dores emocionais se manifestam. Isso nos dá pistas sobre como curá-las”, ensina Ceci.

Leo Chioda também alerta quanto à necessidade de conhecer e entender os próprios sentimentos ao escrever uma carta de amor. “Em primeiro lugar, é preciso que haja sinceridade. Nada pode dar certo ou atingir os resultados desejados se não houver clareza e transparência diante dos sentimentos. A pessoa tem que reconhecer que ama ou deseja o outro, para então se dedicar à arte da conquista. As dúvidas criam impasses, que, por sua vez, deságuam em desilusões e até em ódio. Quanto mais profundo for o esclarecimento diante do próprio afeto, mais claras serão as circunstâncias que compõem toda a construção da carta”, orienta o especialista.

Por outro lado, a escrita também pode ser livre, fluindo de acordo com a intuição de quem escreve, de acordo com Celia. “Deve-se escrever da forma como as emoções vão surgindo, mesmo que pareça um pouco confuso ou desordenado. Quem escreve, lê e relê o que produziu e pode aproveitar para ordenar e desenvolver melhor o pensamento. Esse é o momento de refletir, mudar uma ou outra palavra, perceber e resgatar o romantismo em si mesmo e avaliar o quanto se pode ser mais gentil ou menos sentimentalista, por exemplo. Esse exercício é uma boa forma de se conhecer e se avaliar melhor”, afirma a terapeuta.

Exemplos de frases para uma carta de amor

Algumas afirmações amorosas são bastante simbólicas e seu uso é recorrente em correspondências de amor. Leo Chioda dá alguns exemplos de quais podem ser usadas ou evitadas, relacionando-as com seus significados.

  • Segundo o escritor, frases do tipo “Eu nunca amei ninguém como amo você” são muito fortes, se forem levadas ao pé da letra. Além de denotarem um sentimento exclusivo, acabam colocando a pessoa em questão num posto muito mais elevado do que os de todas as outras que já passaram pela vida de quem deseja conquistá-la. É conveniente ter cuidado para não haver melodrama ou melindre demais.
  • Dizer “Eu não sou ninguém sem você” ou “Eu amo você mais do que qualquer pessoa um dia amará” são exemplos de desespero ou ansiedade exagerada. É favorável optar por algo mais leve e ainda assim veemente, como “O amor que sinto por você me deixa mais forte” ou “A sua existência confere sentidos e razões cada vez mais fortes que eu siga firme ao seu lado“.
  • Leo Chioda também ensina que mensagens em que a pessoa se afirma ao lado da outra são uma boa pedida, pois além de não haver cobrança, as palavras dão sentido, significado e força ao amor.

Entrega da carta deve ser feita com criatividade

A entrega de uma carta de amor também é um momento decisivo, sobre o qual Celia Lima fornece algumas dicas. Segundo ela, a surpresa na entrega torna as cartas de amor ainda mais especiais, podendo variar de diversas maneiras. “Surpreender a pessoa amada é sempre melhor do que ser óbvio ou previsível. Essa carta pode ser deixada no bolso do paletó, na bolsa da mulher, debaixo do pires no café da manhã ou sobre o travesseiro, por exemplo. Pode vir junto com flores, amarrada na escova de dentes ou até presa no espelho do banheiro. A importância está em reavivar os sentimentos quando menos se espera, fortalecendo sempre os vínculos de afeto”, ensina a psicoterapeuta.

Já Ceci Akamatsu sugere que dar a carta deve ser algo feito de maneira bem pessoal. “A entrega de uma carta de amor deve ser feita com o máximo de autenticidade e criatividade, de maneira que a pessoa amada perceba que está recebendo uma parte de nós mesmos”, reflete a terapeuta energética.

Para quem recebe uma carta, a ideia não é guardá-la por tempo indeterminado, nem jogar fora imediatamente. A necessidade de renovação é importante, o que indica que a pessoa deve se desfazer da carta que recebeu, após certo período.

Ceci Akamatsu dá a dica sobre o que fazer. “Gosto da ideia de receber uma carta de amor, mantê-la por um tempo e depois me desfazer dela ou até queimá-la. A queima remete à tradição da transmutação, simbolizando o desapego e a liberdade de deixar as coisas virem e irem embora. O mais importante não é a carta em si, mas o que ela nos traz. E como tudo na vida é passageiro, é saudável deixar ir aquela carta para que novas possam vir, renovando as energias, sem “atravancá-las”. Assim, podemos guardar as boas memórias e abrir espaços físico, emocional, mental e espiritual para que novas memórias continuem a ser criadas, a cada momento”, conclui a terapeuta.

 

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