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Uma leitura poética do Eclipse lunar em Touro: borrando as fronteiras entre o espírito e a matéria

"Descobertas virão em enxurradas", leia essa linda interpretação do eclipse lunar em Touro de 2021

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A paisagem fractal, fragmentada e aceleradamente instável de Urano em Touro junto a Lua Cheia e do Eclipse de 19 de novembro de 2021 assemelha-se a um carro em alta velocidade em uma estrada. É violento para os olhos acompanhar o cenário em rápido movimento por muito tempo, enquanto grandes rastros de luz e cor (de)formam a imagem para a abstração.

Em altíssimas velocidades não assimilamos o ver, divorciamos a existência do visível e especulamos os fluxos de energia que correm em nossos corpos.

É fugidio e enganoso o mundo das aparências de acordo com o Sol em Escorpião, que habitualmente vive de iluminar os reinos ocultados. Ele pretende revelar a verdade oculta que governa o cosmos tornando novamente visível aquilo que nos escapa, na distopia de fragmentar a matéria a ponto de não vê-la, mas percebê-la por um campo de visão abstrato.

O desejo ativo é anunciado por Marte e Mercúrio escorpiônicos, rasteiros, venenosos e combustos ao lado do Sol: a edificação da elevação e iluminação de um futuro vem paradoxalmente da disruptiva queda e da mudança uraniana.

Apenas formas sólidas quebram e estilhaçam em partes fractais que refletem os feixes de luz em desordenadas direções. O eclipsar da Lua iluminará unicamente a Terra, esta grande matéria sólida e orgânica se torna um caleidoscópio de luminosas realidades.

O caldo lamacento de escorpião incorpora os cacos e os dilui na lava solar. A calda quente ferve suas moléculas, ionizadas e eletrizantes. Esse será o fluido que correrá em nós. O repouso deste Eclipse será apenas aparente enquanto emanamos imperceptivelmente por nossos poros eletricidade pura, que arquiteta novos psiquismos, despadronizados e não mais estáticos.

Ao fractalizar o mundo de dentro, equacionamos partes similares, cópias menores e de diferentes escalas do mesmo, dando chance a estas frações de interagirem por novas escolhas e caminhos, pelas possibilidades que o multiverso oferece. É a armadilha labiríntica psíquica que encontra sempre novas maneiras de atuar a cada repetição, a cada cópia de si mesma.

Netuno terá a incubência de espalhar o fluido selvagem, vital, viscoso e elétrico que borra as fronteiras entre o espírito e a matéria. Júpiter trará tsunamis desse “petróleo” que corre nas veias e no veio da Terra.

Descobertas virão em enxurradas. Se a economia romper, brotará uma nova no mesmo instante. A estratégia será indefinir para o redesenhar, pois se o futuro é uma abstração ele pode ser redesenhado a qualquer momento. Uma parte é sempre a abstração de um Todo, isso é o que somos, fragmento, fractal do Cosmos.

Quinta, 19 de novembro de 2021, Elipse Lua Cheia 27˚ Touro oposição Sol, Mercúrio, Marte Escorpião

Jakob von Narkiewicz-Jodko, Eflúvio de uma mão eletrificada repousando, 1896

imagem: Jakob von Narkiewicz-Jodko, Eflúvio de uma mão eletrificada repousando, 1896 fonte: google imagens
Ana Andreiolo

Ana Andreiolo

Ana Andreiolo é artista visual desocultista, comunicóloga e astróloga. Publicou o livro astropoético "Manifesto Cósmico Nada Cômico, Narrativas Poéticas Celestes do Apocalipse", ministra o curso de astrologia contemporânea Orbitantes e é também autora do método registrado "Astrobranding", onde reúne a astrologia às práticas de design holístico e artes visuais.

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