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Veja o lado positivo dos arcanos mais temidos no Tarot

Os arcanos mais temidos Tarot refletem medos e exigem atitudes. Entenda as lições que você pode aprender com eles.

Atualizado em

Existe o lado positivo dos arcanos mais temidos no Tarot? Que fique bem claro: todas as cartas do Tarot têm seu lado positivo e negativo. Nenhum arcano é totalmente bom ou totalmente ruim. 

As cartas são ambivalentes, palavra que diz respeito a algo composto de duas naturezas, ou dois valores, opostos. Em termos simples, um lado claro e um lado escuro.

No entanto, frequentemente as pessoas se atêm apenas a um desses lados quando não se entende muito bem a aplicação e a atuação de determinado arcano. O Sol, por exemplo, é considerado a maravilha suprema, enquanto A Torre costuma ser um nome (e um endereço) de acidentes e desgraças.

Há cartas absolutamente amadas e outras declaradamente odiadas, evitadas a todo custo durante uma leitura ou mesmo durante os estudos do Tarot.

Que tal repassar alguns conceitos e repensar o medo dos arcanos mais temidos do Tarot? Veja a seguir o lado positivo deles.

Essa medida é imprescindível para ampliar o significado das cartas sem se prender a uma visão dualista – a tendência a rotular as imagens de boas ou más – sobre a simbologia do Tarot.

Antes de ir aos significados, que tal experimentar aqui um jogo de Tarot do Dia e conferir se algum desses arcanos temidos sai para você? Se for o caso, já aproveita para ver o lado bom da carta.

O lado positivo dos arcanos mais temidos

O LOUCO

Imagem: The Tarot of Prague, de Karen Mahony e Alex Ukolov. Magic-Realist Press, 2004. Todos os direitos reservados. Fotos de Leo Chioda

A pureza, a alegria, o entusiasmo com o mundo. Este é “O Louco” pulando de telhado em telhado, perseguindo seus ideais ou falseando o passo à beira de um precipício, pois diz respeito à inconsequência, à imaturidade e à busca pelo prazer em vez de acatar as próprias responsabilidades.

É como se o caos tomasse conta de qualquer compromisso, fazendo com que a pessoa dançasse a esmo pela vida, sem rumo certo nem documento no bolso.

O lado bom deste arcano está na sua autoconfiança. “O Louco” é indomável, pois o que realmente importa, aqui e agora, é jogar-se. Ele não pensa duas vezes ao querer tentar ganhar uma rodada.

E é espelhando sua postura livre, mesmo que às vezes absurda, que podemos nos permitir: deixar de lado o medo ou as reservas para estarmos presentes na vida. Aproveitar as oportunidades.

Sem tantos pudores, alguns loucos se mostram verdadeiros gênios, daí a chance de agarrar o momento como se fosse único. Dar ouvidos ao arcano O Louco tende a ser prudente quando se pensa demais e pouco se faz.

O PENDURADO

Imagem: The Tarot of Prague, de Karen Mahony e Alex Ukolov. Magic-Realist Press, 2004. Todos os direitos reservados. Fotos de Leo Chioda 

Este arcano é tradicionalmente associado a perda, traição e sofrimento. É um estágio triste, realmente, porque demonstra o quanto a pessoa pode ter se amarrado a situações ou a pessoas que nada acrescentaram à sua busca.

Mais que isso, “O Pendurado” é a vítima pagando pela sua inconsequência: está atado a uma condição inútil. É a suspensão da vontade, sendo, assim, um dos arcanos mais temidos do Tarot.

O lado bom desta carta pode ser visto por meio de um sacrifício que se faz por alguma causa. Ele é o mártir, aquele que dá o próprio sangue pelos seus sonhos ou então pode representar, em casos isolados, a pessoa que toma as dores e a culpa por outra.

É possível entender a suspensão como um tempo para recuperar as próprias forças e tentar sair da posição imposta pelas dificuldades ou pelos próprios equívocos. Tendo noção de que é responsável por si, “O Pendurado” pode começar a traçar um plano para desamarrar seu tornozelo e também a sua vida.

A MORTE

Imagem: The Tarot of Prague, de Karen Mahony e Alex Ukolov. Magic-Realist Press, 2004. Todos os direitos reservados. Fotos de Leo Chioda

Sendo o arcano anunciador do fim, “A Morte” é uma das mais indesejadas numa leitura de Tarot – pelo menos por quem desconhece a estrutura e o funcionamento do oráculo.

Tem sido chamada de “transformação” por diversos escritores e profissionais, no intuito de diminuir, talvez, o pavor criado pela foice enferrujada que o esqueleto empunha.

É uma carta de finalizações, de cortes, de dissolução do que está saturado. É um dos arcanos mais temidos no Tarot porque a cultura ocidental não foi e nem é educada para lidar com a morte de modo sensato. A carta ganhou força como uma das representações da peste negra na Idade Média.

“A Carta Sem Nome” em diversos baralhos é personificada pelo que há de mais macabro e mais natural ao ser humano: um cadáver, um ser de ossos.

O lado bom deste arcano se sobressai quando um relacionamento, uma ideia, um projeto ou uma expectativa leva um corte. É um recado de é necessário ceifar para brotar novamente. E também fala que o que está fora do nosso alcance não nos pertence e nem pode ser modificado de acordo com nosso gosto. É um fim, seja ele desejado ou não.

Outra possibilidade interpretativa diz respeito a uma postura mais firme. O oráculo aconselha a acatar as próprias possibilidades e tomar atitudes cabíveis em relação ao que pode ser mudado. E o que não pode, o tempo se encarrega.

O DIABO

Imagem: The Tarot of Prague, de Karen Mahony e Alex Ukolov. Magic-Realist Press, 2004. Todos os direitos reservados. Fotos de Leo Chioda

O pai da mentira, o governante dos infernos – que são os outros e somos nós. “O Diabo” representa a dependência emocional, os melindres, o rancor, a vingança e a incapacidade de enxergar a vida e as medidas diárias com responsabilidade.

É o representante dos sete pecados e o organizador do caos pessoal, pois o que vale, para esta carta, são as sensações, os desejos atendidos, as vontades feitas sem demora. Ele mora nos detalhes.

Mas o lado bom do arcano está nas rédeas tomadas diante de um impasse ou de uma dificuldade. É como se o oráculo nos ensinasse a ousar e a seguir em frente em vez de esperar pela vontade alheia ou pelo tempo. É uma injeção de ânimo e de convicção para tornar o mundo palpável cada vez mais prazeroso e digno de ser celebrado.

O Diabo ensina a gargalhar de si mesmo e a gozar os momentos. Ele tempera a vida com humor e rasga as amarras da vergonha e da dúvida.

A TORRE

Imagem: The Tarot of Prague, de Karen Mahony e Alex Ukolov. Magic-Realist Press, 2004. Todos os direitos reservados. Fotos de Leo Chioda

Para algumas pessoas, o chão treme quando “A Torre” sai em um jogo de Tarot. É outra carta que aponta para o medo da mudança, já que nesta imagem o fogo vem do céu – um indicativo claro de que a ordem superior está nos dando lições ou começando a corrigir nossas posturas aqui embaixo.

É justamente o ruir das expectativas e das ilusões criadas o tempo todo em relação a ideias, projetos e afetos que faz com que, para muitas pessoas, esse seja arcanos mais temidos no Tarot.

Raios e trovões para desesperar de qualquer sonho bonito e fincar os pés na realidade! O lado bom de “A Torre” está no terremoto que nos acorda para a vida. É o arcano-mensageiro do que está fora do nosso alcance, que questiona a firmeza das nossas escolhas e dos nossos argumentos.

Se as bases estão sólidas, a estrutura suporta a tempestade. Se elas fraquejam, é sinal de que podemos melhorar, adotando uma postura humilde e disposta a mudar para melhor.

A LUA

Imagem: The Tarot of Prague, de Karen Mahony e Alex Ukolov. Magic-Realist Press, 2004. Todos os direitos reservados. Fotos de Leo Chioda

A confusão mental, os monstros famintos, o pavor de mergulhar no mar escuro da própria alma. “A Lua” é alvo de diversas teorias e interpretações ao longo da história do Tarot, a maioria delas contribuindo para uma visão perturbadora da noite repleta de mistérios.

O astro em si é tradicionalmente associado à magia, às bruxas e ao desconhecido que durante o dia não é visto e nem falado. “A Lua” é o processo do medo. Ela denuncia sobretudo conflitos emocionais, não materiais, o que faz com que, muitas vezes, ela seja lida como um dos arcanos mais temidos no Tarot.

O lado bom da carta “A Lua” está no chamado de uma postura digna diante dos medos e dos perigos – sobretudo aqueles que criamos e alimentamos ao longo da vida. Esses são os mais fortes.

A partir dela é que adquirimos uma espécie de “visão noturna” diante de todo e qualquer embate, sobretudo emocional. Ela oferece discernimento e postura, mesmo que os lobos uivem ou estejam correndo ao nosso encontro.

“A Lua” é uma carta fértil – é ela que regula a vida na terra e a vida no mar, influenciando os movimentos mais significativos do planeta. Também é um símbolo divino milenar, o repositório universal do princípio feminino: as deusas de diversos panteões florescem e se reconhecem nas representações lunares.

Assim, “A Lua” é tanto a mãe amorosa quanto a mãe severa. Logo, sua influência merece reflexão. Em vez de ouvir opiniões e receios de outras pessoas, convém fortalecer a própria coragem e enfrentar o que vier. Reconhecer e respeitar a nossa própria intuição é o primeiro passo para encararmos toda e qualquer ameaça.

O JULGAMENTO

 

O toque das trombetas é um anúncio de repaginação. É esse o momento de reconfigurar as crenças, as posturas e os anseios. Eis o chamado a uma nova realidade. São esses alguns dos principais atributos do vigésimo arcano maior, considerado nefasto por alguns.

Talvez por estar associado à passagem bíblica do Juízo Final, “O Julgamento” anuncia surpresas e redefinições. É um bom arcano quando se espera por novidades ou mesmo por um renascimento. É a carta da reinvenção, do rearranjo, do levantar-se dos mortos e colocar as mãos na massa. Emergir depois de um período difícil ou silencioso.

O lado bom deste arcano é que ele pode ser um sinônimo de cura. Dissolve os bloqueios e desobstrui a visão a respeito das atitudes que você precisa tomar neste exato momento. Longe de ser uma carta que vem para dizimar o que está bem, “O Julgamento” promove uma reavaliação prática do que serve e do que não serve, colocando tudo e todos nos devidos lugares.

Como levar o Tarot para a vida

Entenda que os símbolos que compõem as cartas do Tarot representam momentos, condições, emoções e caminhos que porventura temos ou adotamos ao longo do tempo.

Logo, eles estão isentos de qualquer dicotomia sobre o que é valoroso ou monstruoso. Todo oráculo é amoral, ou seja, não faz juízo do que é certo ou errado. Cabe ao consulente definir o que é certo ou errado.

Como podemos ver, a maioria dos Arcanos Maiores mais temidos tem a ver com mudanças – sobretudo aquelas que a vida traz ou impõe, não as que desejamos ou aplicamos. Isso reforça a dificuldade histórica que há em sair da zona de conforto e lutar pelos próprios ideais, mesmo que doa ou que haja sofrimento.

As emoções inerentes à vida humana estão, por isso mesmo, contidas nas cartas. Elas formam uma galeria de quem somos. Aquelas consideradas apavorantes são reflexos do que costumamos ocultar ou esquecer em nós mesmos: a carência, a ansiedade, a arrogância, o medo da solidão e, principalmente, que nem tudo conseguimos mudar de acordo com nossa vontade.

Entenda mais

Por isso, é importante enxergar o Tarot com verdadeiro respeito. Ele é um mestre.

É possível consultar sua sabedoria sempre que necessário, desde que haja sensatez diante das respostas obtidas pelas cartas, sem sentir medo diante dos arcanos mais temidos no Tarot.

O oráculo é um amigo rigoroso, mas está bem longe de ser um vilão.

Sabendo que não existem cartas necessariamente boas ou más, a conduta diante delas deve ser de abertura, disposição e reflexão. É prudente ler, ouvir e pensar a respeito dos seus significados em vez de tomar decisões precipitadas. Ou mesmo de considerar desastroso ou absurdo um presságio ou um conselho vindo dos arcanos.

Superar o hábito de enxergar as cartas – e também as pessoas – como simplesmente boas ou más é necessário para haver uma relação saudável com essas imagens arquetípicas.

O Tarot não tem um lado nem dois. Cada carta é multifacetada, como nós. Longe de serem apenas boas ou apenas ruins, cada uma delas é sorteada apontando um caminho, trazendo uma lição ou exigindo uma atitude.

Adiantaria alguma coisa ir contra certos arcanos só porque não gostamos deles? A resposta é bem clara também: não. Compreender e aceitar o que eles mostram e propõem é sinônimo de maturidade e sensatez. E é assim que pode haver um aproveitamento significativo do Tarot.

Leo Chioda

Leo Chioda

Leo Chioda é escritor e um dos principais tarólogos em atividade no Brasil. Graduado em Letras pela UNESP, atualmente desenvolve uma tese sobre poesia e alquimia na USP. Assina o blog e as redes sociais do Café Tarot desde 2006, onde publica associações entre os arcanos e a cultura popular, a literatura, a música e o cinema.

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