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Rivalidade entre mães: uma competição sem ganhadores

5 passos para transformar seu olhar e trocar a crítica pelo acolhimento

Atualizado em

Queridos leitores, que saudade eu estava de escrever para vocês. Estou retornando depois de um longo período entre a gestação, o puerpério e os primeiros meses do meu segundo filho. Maternidade foi um dos temas que me afastou, mas também é o que está me trazendo de volta. Não poderia retomar falando de outro assunto. Depois desse período olhando “para dentro”, tive a ideia de escrever esse artigo, justamente observando esse olhar “para fora”.

E nesse exercício de olhar fora-dentro / dentro-fora, no meio de um puerpério, me chamou a atenção algo que tenho percebido no mundo como um todo, mas resolvi falar especialmente sobre o universo materno.

A minha impressão é que nós, mães, somos muitas vezes cruéis e perversas conosco. E como é grave esse olhar!

Posso afirmar que a maternidade me aproximou bastante de temas que hoje considero fundamentais na construção de uma sociedade mais igualitária e harmônica. São eles: empoderamento, feminismo, sororidade, empatia, rede de apoio, entre outros temas tão importantes e atuais. E tenho uma profunda gratidão sobre tudo que tenho aprendido e modificado em mim graça à inclusão desses temas na minha vida.

Toda mulher já rivalizou com outra

Entristece-me muito ver como o machismo estrutural perpassa nas relações das próprias mulheres com elas mesmas… Filmes, novelas, músicas e histórias da vida real que acontecem o tempo todo, trazendo à tona uma cultura que valoriza a rivalidade entre as mulheres. Muitas vezes, por conta dessa sociedade adoecida pelo olhar patriarcal e machista, a disputa começa em casa, na infância, quando mães disputam com filhas e vice-versa.

Não importa a posição, toda mulher tem uma história de rivalidade para contar, seja com uma colega de trabalho, uma vizinha que pensa diferente de você, a ex da pessoa parceira, uma prima ou irmã.

De alguma forma, estamos sempre acreditando que temos ou somos rivais de alguém. E para que isso?

Na maternidade não é diferente… Tem a turma do parto normal que critica a turma da cesariana e vice-versa, a turma “natureba” que critica a turma que frequenta a academia em prol de um corpão bonito pós-maternidade, aquelas que são criticadas porque decidiram amamentar seus filhos e andar com eles por aí pendurados no sling e as que são julgadas porque deram mamadeira, leite artificial e chupeta… Olhando de longe, parece uma grande corrida maluca na qual ninguém sabe onde vai chegar, algo sem propósito, sem destino certo ou linha de chegada. Afinal, esse é tipo de competição onde não existem ganhadores.

Ao invés de criticar, que tal acolher?

Uma coisa que toda mãe deveria ter em mente é que ser mãe é difícil pra dedéu e que cada uma vai encontrar sua forma de exercer sua maternidade e que não há fórmula perfeita. Essas críticas e julgamentos são rasos e pobres, na medida em que não possuem nenhum teor produtivo, nem está a serviço de ninguém. É a crítica pela crítica, algo que, cada vez mais, traz à tona um distanciamento entre as mulheres, tornando o mundo cada vez mais solitário para cada uma de nós.

Afinal, qual a mãe nunca se sentiu só ou precisou ser cuidada também?

Ao invés de criticar, poderíamos começar a acolher, nos perguntar se nossa crítica ou opinião vai trazer algum benefício para quem a estamos direcionando. E mesmo quando perguntarem nossa opinião, parcimônia, empatia e amorosidade deveriam nos nortear, pois nesse universo tão delicado tudo pode soar como um grande julgamento e causar dor e frustração que não vão ajudar nada e nem ninguém.

Ao olhar uma mãe, enxergue a mulher por trás dela

Desde que me tornei mãe venho fazendo um esforço enorme para desconstruir esse padrão de julgamento e esse olhar raso calcado na minha realidade. Tento, diariamente, exercitar um olhar e uma atitude de aceitação e acolhimento em relação ao que é diferente da minha forma. Quando olho uma mulher/mãe, olho também uma irmã ou irmãe (termo que já vem sendo usado pelas mães feministas que defendem essa ideia), mas o mais importante é enxergar alguém que tem dores e angústias assim como eu e que merece todo meu respeito e empatia – não importa se temos posicionamentos ou estilos de vida diferentes, na essência somos iguais, mulheres e mães dentro de uma sociedade machista e patriarcal.

Não é fácil se despir desse olhar, mas é libertador, é lindo de ver e viver, me sinto mais próxima e conectada com o universo feminino-materno, me sinto menos sozinha e mais feliz, e percebo que dessa forma estou contribuindo para uma sociedade mais justa e acolhedora.

Por isso, gostaria de recomendar a todos essa mudança de padrão. Afinal, aprendemos desde muito novas a competir e a rivalizar.

Então, proponho abaixo um exercício a ser praticado em 5 passos:

  • Exercite o não julgamento. Quando se perceber julgando mentalmente alguém, tente bloquear esse pensamento antes mesmo de praticá-lo.
  • Trabalhe a sua empatia. Se colocar no lugar do outro é o melhor exercício prático de exercitar a empatia.
  • Ao invés de criticar, silencie ou, se puder, sugira uma solução que você possa de fato participar.
  • Ofereça ajuda, se disponibilize.
  • Não dê ouvidos ou bocas para fofocas ou julgamentos sobre outras mães, se posicione sobre a importância de nos unirmos. Quebre essa corrente e comece por você!

Juntas podemos sempre mais! Tenho certeza que essa corrente fará a diferença. Muito amor e empatia pra todas nós. Um abraço afetuoso e até a próxima!

Amanda Figueira

Amanda Figueira

Psicóloga, com formação em Psicologia Parental, Constelação Familiar, Terapia Sistêmica Vivencial, Terapias Energéticas (Pranic Healing e Reiki), Coaching de vida e carreira, entre outras.

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