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Jovens estão consumindo mais álcool

Estudo mostra aumento na ingestão de bebidas entre menores de 18 anos

Atualizado em

O álcool é a droga mais usada entre jovens com menos de 18 anos. Estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que cerca de 40% dos 5.200 estudantes entrevistados haviam bebido no mês anterior à pesquisa. Destes, 46% afirmaram que o primeiro consumo de álcool ocorreu em casa. Já o I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas verificou que 80% dos 18 mil universitários entrevistados, menores de 18 anos, já consumiram algum tipo de bebida alcoólica. Mas qual será a explicação para um consumo tão alto entre os adolescentes?

O psicólogo especializado no Tratamento e Prevenção ao Uso Abusivo de Álcool e Drogas, Rodrigo Garcez, acredita que diante de um número cada vez maior de drogas ilegais que surgem no mercado, como crack, cocaína e maconha, o uso do álcool acaba sendo encarado pelas pessoas como algo menos perigoso. “A bebida é uma droga socialmente aceita e a cultura da “cervejinha” no fim de semana faz parte da sociedade brasileira. Muitas famílias ainda consideram essa droga menos nociva e, por esse motivo, na maioria das vezes a iniciação ao álcool ocorre no ambiente familiar”, alerta o especialista.

Outro fator que colabora com o consumo de bebidas alcoólicas pelos adolescentes é a vontade de ser aceito em seu grupo de amigos e ter uma boa imagem com os colegas. O uso do álcool, em muitos casos, representa uma espécie de ritual de passagem da infância para a vida adulta ou mesmo um ritual de pertencimento a um grupo.

O uso do álcool, em muitos casos, representa uma espécie de ritual de passagem da infância para a vida adulta ou mesmo um ritual de pertencimento a um grupo.

“Quando uma família permite que nos encontros familiares o menino ou a menina tome alguma bebida alcoólica, esse jovem entende que os pais não o veem como criança e que agora ele faz parte do mundo adulto ou daquela roda de amigos”, explica Rodrigo Garcez.

Mitos e Verdades

Para saber se um jovem possui mais propensão a fazer uso dessas substâncias ilícitas, é importante ficar atento ao fator hereditário, que pode aumentar as chances do adolescente desenvolver alcoolismo. “Também é interessante observar se menino ou menina apresenta um quadro de compulsividade e impulsividade em relação ao uso do álcool. Geralmente a predisposição genética, associada a um quadro compulsivo, é um fator de alerta, mesmo naquele jovem que bebe há pouco tempo”, lembra o psicólogo.

Antigamente era mais comum que os consumidores do gênero masculino ingerissem maior quantidade de álcool do que o público feminino. No entanto, o especialista acredita que atualmente essa teoria está ultrapassada. “Observo, no meu consultório e conversando com outros colegas de profissão, o aumento do alcoolismo entre mulheres na faixa dos 30 e 40 anos. Se antes uma mulher que bebia era socialmente mal vista, nos dias atuais isso deixou de ser uma crença social”, compara Garcez.

Prevenção

Para o especialista, a melhor forma de prevenir os altos índices de consumo do álcool e de outras drogas é por meio do diálogo nas escolas e no ambiente familiar. “Os adolescentes têm muitas dúvidas e curiosidades que podem levá-los de maneira quase ingênua à experimentação dessas substâncias. Muitas vezes eles sequer conhecem os prejuízos reais que isso pode ter na sua vida, seja no nível físico, emocional, mental ou social”, enumera Rodrigo.

Sendo assim, palestras e rodas de conversa com parentes e profissionais especializados, além da exibição de trechos de filmes e documentários sobre o assunto podem ser um caminho utilizado pelas escolas e famílias. A ideia é que a informação chegue aos jovens de uma maneira reflexiva, crítica e consciente e colabore com o desenvolvimento sadio dos adolescentes.

Vale lembrar que é expressamente proibida a venda de álcool para menores de 18 anos.

Futuro

Especialistas de diversas áreas, como médicos, psicólogos e assistentes sociais acreditam que há chances de elevação do quadro de alcoolismo na sociedade brasileira num prazo de 20 a 30 anos. Ao contrário do usuário de cocaína ou crack, que faz o usuário sentir rapidamente sente os efeitos prejudiciais dessas substâncias, o alcoólatra pode demorar anos até buscar tratamento. Isso acontece porque os efeitos do consumo de bebida alcoólica só são sentidos a médio e longo prazo. “Um jovem de 25 anos que faz uso abusivo do álcool pode desenvolver um quadro de alcoolismo com síndrome de abstinência. Se ele não beber, é possível que tenha alucinações, crises convulsivas e quadro de confusão mental. Mas pode levar de 10 a 20 anos para que ele perceba todos esses efeitos”, avalia o psicólogo.

O uso abusivo do álcool favorece o aparecimento de problemas físicos e mentais, como depressão; transtorno bipolar; prejuízos no fígado, rim e vesícula; incapacidade de manter o foco e a atenção, entre outros. Em estágio avançado, o alcoolismo também pode gerar dificuldades na vida social, no trabalho e na família. “Quando chega a esse nível, significa que o alcoolismo já está instalado e sedimentado na estrutura biopsicosocial da pessoa, tornando o tratamento e seus resultados menos promissores. Por isso é importante que o usuário busque ajuda de profissionais qualificados para reverter esse quadro”, esclarece Rodrigo.

Mais sobre o tema:

Para saber onde encontrar tratamento na sua cidade para dependentes do álcool e conhecer os programas de prevenção do alcoolismo, acesse o site do Observatório Brasileiro de Informações Sobre Drogas (Obid)- http://www.obid.senad.gov.br

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