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Aprenda a abraçar seu lado B

Aceitar-se por inteiro pode fortalecer a autoestima

Atualizado em

Que tal experimentar abraçar seu “lado B”? Afinal, reconhecer a beleza, a alegria, a sinceridade e outras qualidades em nós mesmos traz um sentimento de bem-estar. Olhar para nossos aspectos positivos é sempre agradável. Mas e quando se trata de reconhecer aquilo que consideramos feio e pequeno em nós mesmos? Raiva, inveja, recalques, orgulhos, tristezas e angústias são apenas algumas qualidades negativas que carregamos e preferíamos não ter. Muitas vezes até as rejeitamos e nos negamos a admiti-las, mesmo que somente para nós mesmos.

Somos ensinados que certos tipos de sentimentos são desprezíveis e nos fazem menores e menos merecedores de felicidade e amor. Porém, esses aspectos considerados negativos são parte da natureza humana e podem até ser úteis ao nosso crescimento e desenvolvimento.

aspectos considerados negativos são parte da natureza humana e podem até ser úteis ao nosso crescimento e desenvolvimento

Claro que isso não significa que devemos alimentar essas qualidades negativas ou incentivá-las, mas sim saber utilizá-las de maneira positiva, sem fugir e nem ter preguiça ou medo de lidar com elas.

É comum mentirmos para nós mesmos, mascarando, disfarçando, criando justificativas para aquilo que não conseguimos admitir e que está, na realidade, em nosso interior. Porém, ao fazermos isso, apenas minamos nossa própria autoestima e poder pessoal, pois vamos perdendo a credibilidade em relação a nós mesmos. Conseguimos enganar quem está fora, mas não conseguiremos nunca nos enganar.

Podemos conscientemente acreditar em nossas próprias mentiras e criar uma falsa autoestima e autoconfiança. Porém, lá no fundo o que permanece é o medo e a insegurança, afinal essa mentira autoimposta sempre corre o risco de ser desfeita a qualquer momento e tememos isso. Na maioria das vezes não percebemos que criamos essas mentiras. Mas elas são detectadas através dos sentimentos de medo e ansiedade gerados, além dos eventos desagradáveis que a autoilusão acaba provocando em nossas vidas.

Lembro-me de uma cena do filme “Ele não está tão afim de você” (2009), em que as amigas dizem para a menina que foi rejeitada por mais um pretendente, coisas do tipo: “ah, mas ele não te merecia mesmo”, “você é linda e muito melhor do que ele”, “ele deve ter algum problema”, etc. Talvez as falas das amigas até sejam a realidade.

Porém, o fato que está sendo abafado e negado é que a menina foi, sim, rejeitada e que ela precisa aprender a lidar com este sentimento. Se a mulher se sente arrasada com mais um abandono e só pensa em sair deste sentimento – buscando maneiras de amenizar a situação, mas sem cuidar da causa do sentimento devastador – apenas mantém o desequilíbrio dentro de si.

Sendo assim, é bem provável que ela enfrente novas rejeições afetivas ou em outra área de sua vida, até que perceba o que precisa harmonizar e aprender – e se disponha a isso. Ainda que a pessoa se convença racionalmente de seu autovalor e passe a se achar o máximo – comportando-se de maneira aparentemente confiante ou até arrogante – se isso não for verdadeiro ela enfrentará situações desagradáveis. É preciso reconhecer e equilibrar a insegurança e a carência por trás da aparente autoconfiança.

Se alguém enxerga que precisa fortalecer sua autoestima e souber trabalhá-la, bem provavelmente chegará um momento em que as rejeições deixarão de ser um drama em sua vida.

Esse tipo de situação tende a ser mais facilmente superada, e a pessoa não precisará dar desculpas para si mesma com o intuito de amenizar a verdade. Bem provavelmente passará a vivenciar menos situações de rejeição, pois isso não será mais uma lição a ser aprendida, mas sim um aprendizado já bem consolidado internamente.

Quando estamos solitários ou infelizes na profissão, por exemplo, pode ser difícil olhar para uma pessoa que tem um relacionamento ou um bom emprego. E isso pode trazer à tona inveja e recalque. Mas vale reforçar que este tipo de sensação é normal quando estamos com a autoestima abalada, e não nos faz piores ou melhores que os outros. Na hora que vem aquela pontada desagradável de um destes sentimentos geralmente dá uma certa vergonha de nós mesmos, além de irritação e raiva. Logo depois costuma surgir a vontade de abafar e suprimir a qualquer custo estas sensações, o que geralmente fazemos, por considerá-las vergonhosas ou medíocres.

De fato não é construtivo ficar alimentando a inveja, o recalque ou quaisquer outras sensações deste tipo. Porém, condenar e reprimir estes sentimentos, ficando assustado, fugindo deles ou se culpando pelo fato de senti-los é tão destrutivo quanto mergulhar neles. Mas, então, como conduzir tais sentimentos tão desagradáveis?

Quando reprimimos ou condenamos os aspectos negativos dentro de nós, na realidade estamos condenando a nós mesmos, e com isso enfraquecemos nosso amor próprio. Assim como uma dor no corpo ocorre para nos avisar que algo está errado em nosso aspecto físico, os sentimentos desagradáveis estão ali para sinalizar também que alguma coisa não está equilibrada – o que em geral tem relação com um problema de autoestima.

Assim como uma dor no corpo ocorre para nos avisar que algo está errado em nosso aspecto físico, os sentimentos desagradáveis estão ali para sinalizar também que alguma coisa não está equilibrada

Porém, se não percebermos que até os sentimentos negativos podem ter um lado positivo, negaremos a nós mesmos a cura do mal-estar.

Se sentirmos inveja e não percebermos que isso apenas sinaliza algo a ser harmonizado em relação à autoestima, corremos o risco de simplesmente “engoli-la”, com vergonha de nos reconhecer tendo tal sentimento. E ao invés de olharmos com mais atenção para as causas dessa inveja, fugirmos cada vez mais deste sentimento. No âmbito externo, podemos começar a evitar pessoas que despertam tal qualidade ou, em outro extremo, buscar defeitos nas pessoas que invejamos para nos sentirmos melhor.

No âmbito interno, ainda que de maneira mais ou menos consciente e clara, pode ser que a gente fique assustado e com medo dos próprios sentimentos, sem saber o que fazer ou como lidar com eles. Com isso, acabamos escondendo-os de nós mesmos. Ou, por outro lado, podemos começar a tentar abafar a sensação ruim com sentimentos e ideias mais positivas, mas de maneira ainda ilusória, como no exemplo da menina do filme, citado anteriormente.

Não iluda a si mesmo, aceite-se por inteiro

Conduzir nossos pensamentos e sentimentos por caminhos mais positivos é uma solução bastante eficiente e construtiva. Porém, se antes disso não trabalharmos nossa aceitação dos aspectos que condenamos, esta solução não funcionará tão bem. Apesar de ser bastante sutil esta atitude interna de aceitação, ela é de extrema importância para nossa harmonia e autoestima. Ficamos mais leves com a vida e ganhamos mais força e disposição para realizar nossas transformações pessoais.

Geralmente associamos nossa autoestima e poder pessoal ao que temos de positivo e belo. Porém, tão ou mais importante do que reconhecer e valorizar o que temos de bom é também enxergarmos e aceitarmos nossos aspectos mais negativos e até mesmo odiosos.

tão ou mais importante do que reconhecer e valorizar o que temos de bom é também enxergarmos e aceitarmos nossos aspectos mais negativos e até mesmo odiosos

Mais do que buscar qualidade no que sentimos e pensamos, devemos atentar para a maneira como lidamos e conduzimos nossos sentimentos e pensamentos. Afinal, seria uma meta por demais ambiciosa nos libertar completa e absolutamente das qualidades negativas a ponto de não senti-las mais. É preciso lembrar que somos todos seres humanos em processo de aprendizado, cada um com seus desafios. Então, que tal aceitar e lidar de maneira construtiva com seus aspectos mais feios, tornando-os belos, transformando erros em aprendizados e defeitos em virtudes?

Ceci Akamatsu

Ceci Akamatsu

Terapeuta Energética, faz atendimentos à distância pelo Personare. É a autora do livro Para que o Amor Aconteça, da Coleção Personare.

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