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  • Ajude as vítimas da chuva no RJ

    Colaborador que mora em Friburgo relata drama da região serrana

    Atualizado em

    Moro em Nova Friburgo. Terça-feira, dia 11 de janeiro de 2011, fomos deitar com chuva forte, como vem sendo a rotina desde o início do ano. Por volta de meia noite, virou uma tempestade com muitos trovões e um volume de água absurdo. O sono foi picado pelo barulho dos trovões e da própria chuva batendo no telhado e nas bananeiras no quintal. O que se faz nessa hora? Me sentindo impotente, voltei a dormir.

    Às 6 horas da manhã, após uma noite de pouquíssimo sono, acordo com ruídos diferentes: helicópteros. Corri para a varanda e vi a montanha onde fica o teleférico toda escavada, com dois helicópteros à frente. Olho mais para perto e vejo mais um morro, este bem perto de casa, com a falta de uma enorme fatia. Imaginei um desastre enorme por causa da chuva, mas minha imaginação nem sequer tocou na dureza da realidade: aconteceu uma tragédia como só vejo em filmes de catástrofe, como “O Dia depois de amanhã”.

    O centro da cidade ficou submerso em lama. Lojas, casas e prédios cheios de lixo e lama. Ruas inteiras soterradas. Igreja soterrada. A Praça do Suspiro, onde ficava o teleférico e que acabara de passar por uma reforma caríssima, desapareceu debaixo da montanha que desceu. Muitas pessoas mortas, soterradas ou arrastadas pela violência dos rios.

    Bairros nobres deixaram de existir, bairros populares arrasados pela lama. O número real de mortos talvez nunca se conheça, porque famílias inteiras morreram e não sobrou quem possa reivindicar os seus mortos. A cidade ficou isolada de todas as outras, com problemas nas estradas. Os bombeiros e a PM foram incansáveis desde o primeiro momento, doando até a vida (três bombeiros morreram durante um salvamento) para resgatar as pessoas soterradas. Após a visita da presidente Dilma, chegou ajuda federal, com muitos helicópteros, exército, marinha, mais bombeiros e os garis da Comlurb, que o prefeito do Rio de Janeiro enviou para limpar as ruas, já que os garis daqui estão ajudando nos escombros das casas.

    Vivemos numa praça de guerra, sem serviços básicos como bancos, cartões de crédito, gasolina, supermercados, telefones fixos e celulares, internet, água e energia elétrica. Aos poucos, os serviços vão retornando, de forma ainda precária. As ruas estão cheias de ambulâncias, carros de bombeiro, soldados do exército. Os sons de automóveis a que estávamos habituados foram substituídos por sirenes e helicópteros.

    Agora a cidade vai se reconstruir, a sua história será marcada pela força da superação. Mas neste momento precisamos da ajuda de todos, porque há muitos desabrigados que vão ficar assim por um bom tempo. Eles abandonaram suas casas antes delas caírem e não tiveram tempo de carregar nada.

    Peço aos leitores da Revista Personare que organizem em seus grupos de relacionamento (amigos, colegas de trabalho, condomínios) comitês para recolher donativos e entregar nos postos de coleta (quartéis de bombeiros e da PM, agências dos correios, supermercados, etc). O que é mais necessário no momento são (muitas) roupas, água potável, materiais de limpeza e higiene, alimentos que possam ser consumidos sem preparo prévio, como biscoitos e barras de cereais, mas também arroz e feijão, porque nas escolas onde estão alojados há possibilidade de cozinhar. Muito obrigado!

    Veja aqui como ajudar moradores da região serrana do Rio de Janeiro

    Marcelo Guerra

    Marcelo Guerra

    Médico graduado pela UFRJ. Começou a carreira como Psicanalista e depois enveredou pela Homeopatia e Acupuntura. Ministra oficinas e palestras em todo o Brasil e atende em consultório no RJ.

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