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Plutão retrógrado: os significados e as transformações profundas

Plutão retrógrado é um período de profundo questionamento e revisão interna, encorajando-nos a soltar o passado e abraçar a transformação

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Na astrologia, um dos tópicos que fascina tanto os estudiosos quanto os leigos, é a retrogradação dos planetas. Um deles é Plutão retrógrado.

Em 2024, o período de Plutão retrógrado se estende de 20 de maio a 11 de outubro. Durante este tempo, Plutão — o guardião do submundo na mitologia grega e símbolo de transformações profundas — inverte seu movimento aparente no céu.

O fenômeno da retrogradação é algo bastante comum: uma vez ao ano, por quase seis meses, Plutão estará retrógrado. Isso indica que praticamente metade da população terá Plutão retrógrado em seu mapa.

O que Plutão significa?

Plutão é sempre relacionado à palavra TRANSFORMAÇÃO, assim como metamorfose. Palavras até bonitas e fáceis, mas que verdadeiramente representam processos muito profundos, intensos e doloridos, em certo ponto, em todos nós.

Plutão nos marca com seus ritos de passagem e devemos elaborar que não se vai à nova vida, a uma nova situação, carregando tudo que adquirimos das experiências anteriores.

Uma das finalidades plutonianas é o desapego; logo, o ter e o adquirir não fazem sentido a ele. Ou seja, expurgar, extirpar, eliminar e limpar, sim!

Plutão estava no signo de Capricórnio desde 2008. Desde 2023, começou sua passagem por Aquário, onde entra definitivamente em 2024 e fica por 20 anos, devido ao seu lento e irregular passo.

Particularmente, vejo todo o sentido em que este astro se desloque lentamente, porque quando se pensa em transformação, em mudanças profundas e em descobertas, estamos tratando de algo que não pode ser superficial, da boca para fora e nem simples.

O que significa Plutão retrógrado?

Plutão retrógrado é um período de profundo questionamento e revisão interna, encorajando-nos a soltar o passado e abraçar a transformação.

Como sabemos, Plutão é o planeta mais distante da Terra e, devido ao seu lento movimento, não é tão fácil sentir seus efeitos. Portanto, pde demorar ou ser sutil.

Por isso, Plutão retrógrado tende a ser mais percebido se em oposição ao Sol, ou se for o protagonista de alguma configuração astrológica importante. Caso contrário, seus significados estão bem diluídos em outros contextos mais pessoais.

Isso porque astro é um dos que são chamados de transpessoais, representando mudanças na forma de cada um viver, provocando fins, encerramentos, destruição e reconstrução, renascimento e cura de algum tema.

Esse tema é geralmente apontado pela Casa onde está passando no nosso Mapa – que você no Horóscopo Personalizado de Plutão estiver na cúspide de algum signo, ou pela Casa onde você tem Escorpião no Mapa, já que é o signo regido pelo planeta.

Quando Plutão retrograda em uma área crítica do mapa astral, traz à superfície tensões e conflitos ocultos. Podemos superar estes desafios simplesmente ao escolhermos nos afastar da questão, abrindo espaço para novas fases da vida.

Nesse sentido, essa jornada nos permite realizar o propósito de Plutão em nosso Mapa: confrontar e integrar nossos aspectos mais obscuros.

As lições de Plutão

Plutão (que em grego quer dizer “o rico”) representa:

  • o que é legítimo na sua essência,
  • o que está por trás da máscara,
  • a riqueza
  • o valor potencial de cada um

Plutão é o poder, assim como a ânsia pelo poder e o preço que pagamos por este.

É o que nos controla pelo desejo, dando a impressão de que estamos controlando o objeto desejado, mas, na verdade, é o desejo que nos amarra e não nos deixa evoluir, tornando-se um ponto de obsessão e apego.

Suas lições vêm por meio de perdas e de passagens pelo “inferno” (como o mundo dos mortos era conhecido na mitologia). Ali temos de abandonar a casca, a aparência e só resta o essencial, o valor real e profundo. Ou seja, é a semente que morre debaixo da terra para o novo fruto nascer.

Plutão e o confronto com o mito de Sísifo

O apego restringe e limita o nosso foco e ficamos em cima de uma massa falida, de algo que já teve seu término, mas que não acabou e nem teve seu ponto final bem trabalhado.

Há um mito grego que explica bem a nossa indignada e astuta resistência: Sísifo.

Conhecido como o mais astuto dos mortais, as versões para o mito mostram as estratégias que essa personagem encontrou para driblar a vontade dos Deuses e manipulá-los a seu favor.

Numa versão, Sísifo engana Apolo, que lhe ensina como derrotar seu maior inimigo (obsessão de Sísifo contra seu irmão), sendo que os crimes familiares são severamente punidos pelas Erínias, potências responsáveis por esse assunto a fim de reestabelecer a ordem quebrada pelo crime cometido.

Ao descobrir que foi usado por Sísifo, Apolo (o Sol astrológico, a consciência) envia Sísifo a um castigo eterno no mundo dos mortos. Em outra versão diz que ele dominou o deus da morte, Tânatos, e o prendeu numa coleira.

Então, Tânatos não conseguia mais cumprir sua função, que é a de pôr um fim em tudo, fechar ciclos e as situações ficavam sem um encerramento. Nesta versão é o próprio Hades que liberta Tânatos e impõe uma punição a Sísifo.

Por toda a eternidade Sísifo teria de carregar uma pedra para o alto de uma montanha. Ao chegar ao topo, a pedra rolaria para baixo e Sísifo começaria sua tarefa novamente. Para sempre. Todos os dias. Sem fim.

O que quer te mostrar?

O mito de Sísifo pode indicar alguma tarefa, hábito, obsessão ou comportamento aprisionador, vicioso ou autodestrutivo que temos. Pode ser:

  • ansiedade,
  • depressão,
  • controle,
  • transtorno obsessivo-compulsivo (TOC),
  • insônia,
  • compulsão
  • reação nervosa (aspecto fisiológico)
  • um apego emocional
  • alguma história na qual não conseguimos dar um desfecho.

Os prejuízos podem ser físicos, tais como doenças, ou emocionais. Quando Plutão volta para trás em seu trânsito, fazendo aspectos difíceis tais como oposições ou quadraturas, ele pode deixar claro o nosso lado “Sísifo”:

  • qual pedra ou peso carregamos e por que não largamos simplesmente o que nos massacra e buscamos uma nova vida?

Ao retrogradar em algum ponto crítico de um mapa, Plutão tende a revelar conflitos e tensões, que, muitas vezes, podem ser solucionadas com a nossa desistência sobre aquele assunto.

Abdicar, entregar, abandonar, sem olhar para trás. Viver e elaborar um luto e assim estar preparado, diferentemente do nosso personagem mítico, para um novo ciclo.

Nesse sentido, conseguimos cumprir com a função que tem Plutão nos nossos mapas, integrando sua face mais sombria e, consequentemente, também descobrindo uma nova riqueza pessoal, um valor real, um poder autêntico, aptos a novos horizontes, livres e plenos de paz.

Leonardo Lemos

Leonardo Lemos

Astrólogo formado em Santos-SP. Ex-presidente da Central Nacional de Astrologia (CNA) e atualmente professor da Escola Regulus de São Paulo. Há 28 anos traduz os símbolos do céu através da Astrologia.

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