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Philomena e Alabama Monroe: guiados pelo afeto

Astrologia revela o que os filmes indicados ao Oscar podem ensinar

Atualizado em

O filme “Alabama Monroe” – indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro esse ano – possui diversas cenas embaladas por músicas vibrantes, e tem por protagonista um casal alternativo, formado por um músico de bluegrass (uma espécie de música country de raiz) e uma tatuadora, cujo corpo é uma vitrine artística do seu trabalho. Já o filme “Philomena” (indicado para o Oscar de Melhor Filme e Melhor Atriz) mostra várias paisagens verdes e plácidas da Irlanda e é protagonizado por uma senhora católica, que adora ler histórias de amor e também interagir afetuosamente com as pessoas.

Estes dois filmes, que parecem muito diferentes, possuem mais coisas em comum do que aparentam à primeira vista.

Estes dois filmes, que parecem muito diferentes, possuem mais coisas em comum do que aparentam à primeira vista.

O casal de “Alabama Monroe” tem sua vida alegre e alternativa virada do avesso a partir da descoberta de um câncer na filha pequena. E a simpática senhora que empresta o nome ao filme “Philomena” não deixa antever a traumática perda que sofreu no passado. Rejeitada pelo pai devido a uma gravidez não desejada, deu à luz em um austero convento, trabalhando lá por quatro anos para custear sua estadia. E teve, ao final deste período, seu filho entregue para a adoção para um casal norte-americano, contra a sua vontade.

Ambos os filmes possuem por temas: os fortes laços entre pais e filhos, questões difíceis e dolorosas para se enfrentar, mulheres com fé e homens agnósticos. E estreiam sob um determinado céu astrológico que tem estreita ligação com as questões que abordam. Descubra abaixo quais são elas e quais reflexões os dois filmes podem trazer para a sua vida!

A crise que obriga a se mexer: Saturno em Escorpião

Saturno transita por Escorpião de outubro de 2012 a dezembro de 2014, e novamente de 16 de junho a 18 de setembro de 2015. Esta passagem tem por principal característica fazer enfrentar tudo o que é difícil, especialmente se é algo que vem sendo empurrado para debaixo do tapete há muito tempo. A forma desse trânsito atuar é provocando intensos sentimentos de crise, angustiantes de se ter, mas que podem ajudar a finalmente levar alguém a tomar uma atitude.

No caso de “Philomena”, a protagonista, depois de cinquenta anos, decide que realmente precisa saber o que ocorreu com seu filho: descobrir onde ele está, como vive e se ele se lembra dela ou de seu país de origem. Ou seja, ela tem uma dor guardada em seu peito que finalmente chega a um apogeu, bem de acordo com o trânsito de Saturno em Escorpião.

Lidar com a morte (seja no passado, ou com a perspectiva real dela no presente) também é algo ligado a este trânsito, e isto está presente tanto em “Philomena” como em “Alabama Monroe”. No seu sentido positivo, ao trazer à tona este tipo de questão, este posicionamento deveria também instigar o oposto: aproveitar melhor a vida, não perder oportunidades e não deixar coisas importantes passarem.

Dica para você: se algo está doendo ou vai muito mal na sua vida, deixe isto sair para fora e mobilize-se. E se há dificuldade em transformar a situação sozinho, não hesite em procurar ajuda para dar o próximo passo. O importante é entender que a dor é sempre sintoma de algo que não vai bem, e que este é um momento muito propício para resolver questões crônicas que vêm incomodando há bastante tempo.

Reflexões sobre a fé: Netuno em Peixes

Netuno ingressou em Peixes em 2012 e só sairá deste signo em 2024. Dentre os vários temas que este trânsito levanta, um deles é a fé. E fé é o que não falta para as duas protagonistas. Elise, de “Alabama Monroe”, acredita que o corpo abriga uma alma que não se extingue com a morte, e que há mistérios que desconhecemos – assim como “Philomena”.

Ao transitar por este signo, Netuno promove uma reflexão sobre o que acreditamos e sobre o que não acreditamos, além de trazer a possibilidade de crises de fé. O pólo oposto, de acreditar que a vida está circunscrita ao âmbito da matéria, também seria um questionamento ligado a este trânsito. Tanto que os dois filmes apresentaram estas perspectivas através dos protagonistas masculinos.

Fé e ceticismo fazem parte do eixo PeixesVirgem, signos que são complementares na astrologia e opostos entre si. Netuno esteve em Virgem, aproximadamente, de 1929 a 1943. Foram anos bem difíceis, de quebra na Bolsa de Nova Iorque e da crise que resultou disso, da ascensão do nazismo e da Segunda Guerra Mundial. Não é de se admirar que a fé tenha sido duramente testada.

Com Netuno em Peixes, o mesmo tema reaparece, ainda que com outra roupagem. Mas o jogo de opostos reflete-se tanto em “Philomena” como em “Alabama Monroe”, com todas as divergências de opiniões em torno do tema da fé.

Júpiter em câncer: mais força para o amor

Júpiter transita em Câncer de junho de 2013 a junho de 2014. Este planeta desenvolve e acentua os temas e características do signo por onde passa. Em Câncer, leva todo o foco para a vida particular e, principalmente, para os vínculos. Por isto, favorece encontrar um amor, iniciar um namoro, casar, ter filhos, fazer as pazes, visitar a família, entender e curar questões ligadas à infância, etc. Como os dois filmes falam de situações envolvendo filhos, é evidente neles o reflexo deste trânsito.

Em seu melhor, Júpiter em Câncer pode ser a plenitude e a excelência do amor. Em “Alabama Monroe”, simboliza o casal que tenta dar a melhor vida possível para a filha, seja antes da descoberta da doença ou depois. Uma das mais belas cenas é quando, no retorno do hospital, a criança é surpreendida com a banda de seus pais na sua casa, cantando, tocando e dançando uma música infantil só para ela, com todos seus integrantes com lenços na cabeça, em um gesto ímpar de simpatia e solidariedade à quimioterapia dela. Os olhos da menina brilham de emoção com a surpresa e com toda a atenção recebida.

Em “Philomena”, o amor da personagem título justifica a indicação do Oscar de Melhor Atriz para Judy Dench. Philomena ama o filho ausente. Logo fica claro que seu amor está pronto para aceitá-lo de qualquer forma que ele aparecer. Ela, inclusive, se angustia com a perspectiva de que ele seja um mendigo e passe necessidade. E suas reações, ao descobrir qualquer fragmento a respeito do filho, são ricas em todas as nuances de emoções e encantamento. Embora ela procure um homem de cinquenta anos, em seu coração ele nunca deixa de ser o frágil menino de quatro anos que foi levado para longe da mãe. Para ela, também é muito importante saber se ele manteve, viva dentro dele, alguma conexão com a sua terra e origem, porque ela nem por um dia o esqueceu.

Dica para você: aproveite a passagem de Júpiter em Câncer para dar mais atenção aos seus vínculos. Verifique, também, suas necessidades neste campo. Por exemplo: se você quer um amor, o que tem feito a respeito? Um dos temas mais importantes desta passagem também é da maternidade/paternidade. Se você tem este desejo, pode ser hora de começar a se preparar para realizar isto. Este trânsito também pode ajudar a curar problemas do passado, como é o caso de Philomena, que procura ajuda para solucionar o paradeiro em torno do mistério do desaparecimento do filho.

Crises no meio do caminho: Júpiter em tensão com Urano e Plutão

Quando Júpiter ingressou em Câncer, formou um belo triângulo com Netuno e Saturno (em 2013), inspirando esperança. No Brasil, nesta época houve a visita do Papa Francisco, que acabou sendo um fenômeno de popularidade e uma renovação de fé para os católicos.

No entanto, Júpiter também formou uma complicada quadratura com Plutão e Urano no segundo semestre de 2013, e volta a entrar em contato com estes planetas em 2014, nos meses de janeiro, fevereiro, abril e maio. Ou seja, praticamente o primeiro semestre deste ano.

Esta combinação pode trazer desafios nos temas ligados a Júpiter, dentre eles o otimismo. A quadratura de Júpiter com Urano e a oposição com Plutão podem indicar momentos de mudanças. Para ter prosperidade – um dos significadores de Júpiter – pode ser preciso se adaptar, mudar e lidar com desafios (Urano e Plutão). O prêmio é bom, mas tem um preço alto para pagar.

No caso de “Alabama Monroe”, a quebra na prosperidade do casal foi o câncer da filha. Como Júpiter também rege visão de mundo, as diferenças de crenças entre o músico e a tatuadora foram se tornando cada vez mais explosivas no filme. E, no entanto, o amor deles é formado por tudo o que de especial construíram no passado. Câncer rege o passado, que para Elise e Didier foi rico e farto. Não de dinheiro, mas de alegria, satisfação, afinidades, sensualidade e, principalmente, amor. Através de constantes flash backs (um recurso canceriano, voltar ao passado), é possível saber como era a relação dos dois: como se conheceram e se envolveram, como lidarem com os desafios que vieram no caminho, sendo que nenhum deles foi maior do que o que enfrentam com a doença da filha.

O presente é um choque em relação a este passado e faz soar a pergunta se os vínculos podem sobreviver a crises como a que eles têm. Esta é a grande pergunta que atravessa “Alabama Monroe”: até que ponto o amor aguenta situações que o testam e estressam a convivência, muitas vezes tornando mais agudas as diferenças, que, no caso de Elise e Didier, têm a ver com a fé? Quão profundo ou raso pode ser este amor? “Alabama Monroe” responde esses questionamentos, mas é preciso ver o filme, que cativa por causa da música, da química entre o casal e porque está repleto de sentimentos – mesmo que em vários momentos tristes, difíceis ou tensos, bem à moda dos signos do elemento Água (Câncer, Escorpião e Peixes).

Já em “Philomena”, a combinação Júpiter, Urano e Plutão funciona de um jeito ligeiramente diferente. Também a protagonista vai precisar de força – e fé (Júpiter) – para sair atrás do paradeiro do filho. Mas a quadratura se reflete também no passado da personagem, que lidou, ainda muito jovem, com uma intensa austeridade social, aqui podendo ser representada pelo papel exercido por Plutão transitando por Capricórnio. Uma das facetas deste signo pode ser o conservadorismo e o poder institucional, sendo que Plutão, em sua utilização menos nobre (as energias planetárias podem ser dispostas de forma positiva ou negativa), representa o abuso do poder. No caso, o abuso de uma instituição: o convento que recebe a jovem Philomena.

Porém, Plutão desde 2010 vem fazendo quadratura (que é um aspecto de desafio) com Urano transitando por Áries. Urano em Áries representa a urgente necessidade de libertação e um forte traço de rebeldia. Tem a ver com a energia do “peitar”, que está sendo vista em todos os lugares ao redor do globo. É a quadratura de Plutão com Urano que está por detrás dos protestos no mundo todo, com o questionamento da ordem das coisas (Plutão em Capricórnio), que por vezes abriga distorções como as que cometeu o convento contra Philomena, até então engolidas como um xarope muitíssimo amargo. Philomena e o jornalista Martin surgem, portanto, como uma força independente (Urano em Áries) para tentar romper o ciclo de poder, abuso e silêncio a que protagonista foi submetida por cinco décadas.

Confiança e otimismo são temas de Júpiter. Nos filmes, as duas protagonistas sofrem duras provas de fé, representadas pelos aspectos aflitivos que Plutão e Urano enviam a Júpiter. Assim, não por acaso um dos desafios desta quadratura, para todos, é a capacidade de manter a fé e o otimismo diante de situações difíceis, tentando tentar fazer do limão a limonada.

O que este momento quer dizer para você: o mesmo que para os protagonistas dos filmes. Isto é, para não desistir sem antes tentar e acreditar. Até o segundo semestre de 2014, nada vai ser somente “céu de brigadeiro”. E, eventualmente, se uma batalha não for ganha, pode ser necessário ressignificá-la e ver o que é possível manter, o que ficou daquilo, o que ainda vale a pena e o que merece NÃO ser perdido. Plutão, que participa da quadratura, simboliza a fênix, que é a ave que renasce das cinzas.

Conclusão

Os filmes falam da valorização dos vínculos e daquilo em que colocamos sentido passar a ter o significado e a força que atribuímos. No caso, as duas mulheres dos filmes ensinam isto. Ambas deram plena e total expressão ao amor, com Philomena um pouco mais adiante que Elise. Não na intensidade do sentimento, mas em algo que a verdadeira fé (e que ela tem, apesar de tudo o que sofreu) é capaz de fazer exercitar com o tempo, da mesma forma que uma ostra envolve um fragmento até transformá-lo em pérola: sabedoria.

Vanessa Tuleski

Vanessa Tuleski

Vanessa Tuleski dá consultas astrológico-terapêuticas e foi pioneira na Astrologia brasileira ao falar do Céu geral, ao invés do tradicional horóscopo signo a signo. É idealizadora do curso "Alimentação e seu Mapa Astral" no Personare. Participa dos programas semanais de previsões astrológicas no canal do YouTube do Personare.

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