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Os personagens que construímos

Você é feliz da maneira como costuma agir para agradar aos outros?

Atualizado em

Sempre que você toma uma atitude, você se preocupa com o que as pessoas vão pensar ou em como vão reagir? Por exemplo, ao escolher uma roupa, fica pensando se a cor e o estilo vão agradar aos outros? Ao pensar em mudar o visual, questiona se o corte cabelo que você tanto quer fazer vai assustar o pessoal? Vamos conversar sobre esse assunto: o que você escolheu ser até hoje é o que você realmente é por dentro? Ou você escolheu usar um personagem que sempre agrada a todo mundo para parecer sempre bonzinho para os outros?

Tem gente que vive a vida inteirinha querendo ser o bonzinho, querendo agradar a todo mundo. Sempre se deixa para trás (na verdade para baixo) enquanto coloca todo mundo lá em cima e espera como esmola dos outros a atenção e a aceitação. Essas pessoas sempre estão se sentindo mal, com algum vazio por dentro, com uma sensação de infelicidade pura. Uma das grandes lições da vida é que ser bonzinho para os outros é ser malzinho para si mesmo. Não podemos deixar de respeitar nossas vontades para agradar o tempo todo aos outros.

Em geral, quando as pessoas são muito indecisas, o que justamente acontece com elas é um conflito entre o que realmente querem fazer e a vontade dos outros. Elas se deixam levar pelas opiniões alheias e são guiadas sempre para o que já foi dito que é o certo, o ideal. Assim, vivem vagando entre o que acham ser perfeitinho e o que realmente são. Não entendem que o que é certo e ideal para um, não quer dizer que seja para todos.

O pior de tudo isso é a questão do medo. Quando a pessoa tem medo do que os outros vão pensar sobre ela é justamente porque ela se preocupa muito mais com os outros do que consigo mesma. Na vida é assim que funciona: quando damos a nossa força para os outros, deixamos de ter essa força. Dessa forma, ficamos desprotegidos, sem personalidade, sem nossa própria identidade e, na verdade, ninguém valoriza alguém nessa posição.

Os passos para jogar fora os personagens

As pessoas que sofrem por viver assumindo personagens em suas vidas, geralmente chegam no meu atendimento sentindo na cabeça uma sensação de vazio e cheio ao mesmo tempo. É justamente o seu corpo lhe trazendo a informação de que a sua cabeça está vazia de suas vontades e pensamentos próprios e cheia de gente escolhendo o rumo de suas vidas.

Os dois primeiros passos para jogar fora os personagens seriam:

  1. Pare e pense se você está esperando elogios em sua vida. Se estiver, é sinal de que você também está aberto para as críticas que só nos empurram para baixo.
  2. Aprenda a dizer não. Observe que quando você diz “sim” para as vontades dos outros, você acaba dizendo “não” para si mesmo, para quem realmente você é e sente.

Se cada um entendesse que é único à sua maneira, todos nós iríamos ser muito felizes e respeitaríamos muito mais as qualidades dos outros. Até porque quando nos aceitamos, não ficamos procurando o ruim no outro.

Dicas para você descobrir se vive interpretando um personagem:

Você já foi a algum evento por “livre e espontânea pressão” de outra pessoa? Você se sentiu bem com isso? Dá um mal-estar, não é verdade? É a sua alma que quer se libertar dessas situações.

De repente, dá uma vontade de sair por aí e ser feliz? É sinal que você não está sendo feliz no seu momento presente.

Você já percebeu que as pessoas boazinhas para todo mundo só se dão mal, enquanto que aquelas que são mais elas mesmas se sentem muito melhor? È a diferença entre viver a sua própria vida em contato com a sua alma e ficar se preocupando em agradar a todos e se colocar em último lugar no ranking da vida.

O fato de buscar o negativo no outro já foi muito bem explicado pela psicologia ao analisar o comportamento de crianças que ficam criando apelidos ofensivos para seus amiguinhos. O que ocorre, na verdade, é a tentativa dessa criança de tirar do foco a sua baixa auto-estima e trazer as outras crianças para o lugar onde ela está – lá embaixo, se sentindo muito mal e tentando disfarçar fazendo algazarra na vida de seus coleguinhas.

Se nós entendêssemos que ninguém deve ser igual a ninguém, nem muito menos deixar de ser si mesmo para agradar aos outros, você não acha que iríamos ser muito mais felizes? Só podemos transmitir coisas boas quando estamos bem e nos dando o nosso melhor. Do mesmo modo, só podemos amar aos outros quando temos amor dentro do nosso coração, não é verdade?

Bruna Rafaele

Bruna Rafaele

Psicanalista, especialista em Saúde Mental. Faz atendimentos presenciais no Rio de Janeiro e consultas online no Personare.

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