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O que é psoríase?

Doença de pele pode impactar negativamente na autoestima e nas emoções. Conheça sintomas, tratamentos e possíveis causas | Glossário Personare

Atualizado em

Segundo o dermatologista Marcelo Arnone, a psoríase é uma doença inflamatória crônica que ataca o sistema imunológico e afeta a pele, principalmente.

Causas

Ainda que não haja uma causa definida para a psoríase, mas uma predisposição – em 1/3 dos casos, por conta de herança genética, e em 2/3, por razões desconhecidas -, alguns fatores podem desencadear a doença nos indivíduos já predispostos. De acordo com Marcelo, em primeiro lugar está o estresse e outros distúrbios emocionais. Em segundo, estão alguns medicamentos, que têm relação com o surgimento e até com o agravamento da psoríase: os anti-inflamatórios não hormonais, os corticoides e o lítio, um medicamento usado para doenças psiquiátricas. Além disso, o especialista explica que a psoríase não é contagiosa e tende a se manifestar na vida adulta, mesmo encontrando-se no organismo da pessoa ao longo de sua vida.

Sintomas

O sintoma mais comum da psoríase é a presença de manchas vermelhas no corpo, ou mesmo lesões mais graves, que descamam. Tais lesões surgem frequentemente nos cotovelos, joelhos e no couro cabeludo, mas, em alguns casos, podem atingir grandes partes da superfície da pele. Elas podem ser assintomáticas, ou seja, não apresentam nenhum sintoma específico, como dor, ardor e coceira, mas a maior parte dos pacientes se queixa desses incômodos. Um detalhe importante diz respeito à manipulação dessas lesões: mesmo os pacientes que não sentem desconforto frequentemente tentam descamá-las por conta própria, agravando o estado delas e prejudicando o quadro geral da doença.

Por outro lado, segundo o especialista, outro sintoma que na maioria das vezes torna-se um transtorno é o impacto psicossocial que a psoríase provoca. Como as lesões estão presentes, são crônicas e geralmente ficam em áreas aparentes, a pessoa acaba se sentindo extremamente constrangida diante dessa exposição, que às vezes é inevitável. Muitos pacientes tentam esconder essas feridas, desencadeando um processo torturante que piora quando não é possível cobri-las. Assim, é uma doença que pode afetar gravemente a autoestima e, consequentemente, as relações e a maneira de viver de quem a tem.

é uma doença que pode afetar gravemente a autoestima e, consequentemente, as relações e a maneira de viver de quem a tem.

Ainda de acordo com o dermatologista, casos de psoríase podem apresentar piora em períodos de clima mais frio. Acredita-se que haja dois fatores envolvidos nisso: a tendência dos pacientes a tomarem banhos mais quentes e demorados, o que resseca a pele e agride as feridas, e o fato de que a exposição ao sol é menos frequente nessas épocas. Marcelo explica que a luz solar pode ser bastante favorável ao paciente com psoríase, pois melhora a doença indiretamente. Segundo ele, a deficiência de vitamina D é um dos sintomas dessa doença, mas ainda não há comprovação de que a reposição desse nutriente provoca uma recuperação. Então, como a luz solar estimula a produção de vitamina D pelo organismo, os banhos de sol acabam sendo um benefício adicional.

Diagnóstico

O diagnóstico, na maioria das vezes, é clínico. Segundo Marcelo, o médico dermatologista faz o exame clínico, conversa com o paciente, obtém um histórico e chega ao diagnóstico de psoríase. Caso o profissional não identifique a doença de imediato, o que é raro, uma biópsia pode ser solicitada.

Tratamento

Há quatro tipos de tratamento para a psoríase:

  1. Tratamento tópico, feito com aplicação local do medicamento, que pode ser em creme ou pomada;
  2. Tratamento sistêmico, em que os remédios são administrados via oral;
  3. Tratamento biológico, que consiste na aplicação intravenosa ou subcutânea do medicamento;
  4. Fototerapia, na qual feixes de luz ultravioleta são irradiados sobre a pele.

Quando a doença ocorre nas regiões mais comuns, Marcelo explica que os dermatologistas geralmente tentam prescrever exclusivamente o tratamento tópico, já que é mais seguro, pois causa menos efeitos colaterais. Dentre eles, os mais utilizados são os corticoides, que são anti-inflamatórios, e os análogos da vitamina D, que agem diretamente sobre as células que estão sofrendo a ação do sistema imunológico. Existe, inclusive, um medicamento local considerado altamente efetivo, que combina as duas substâncias na mesma pomada.

Existe, inclusive, um medicamento local considerado altamente efetivo, que combina as duas substâncias na mesma pomada.

Já os pacientes que têm a psoríase mais espalhada pelo corpo, que é a forma mais grave da doença, precisam de tratamento sistêmico, além do tópico. Nesse tipo de tratamento, os principais medicamentos são os retinóides – o nome técnico da substância é acitretina -, que agem diretamente nas células prejudicadas, e os imunossupressores – metotrextato e ciclosporina são os nomes técnicos -, que corrigem o distúrbio no sistema imunológico. O tratamento biológico, feito com as medicações imunobiológicas, por sua vez, é o mais efetivo para a psoríase. Além disso, de acordo com Marcelo Arnone, é um método novo, porém mais caro em relação aos outros.

O tratamento sistêmico, ao contrário do local, pode provocar efeitos colaterais significativos. O dermatologista explica que é muito comum os pacientes que usam o metotrextato – um dos tratamentos mais populares para a forma grave da doença – terem o fígado prejudicado. Pode-se dizer que é um remédio hepatotóxico, ou seja, tóxico ao fígado, sendo imprescindível, portanto, que a pessoa não faça uso de bebida alcoólica. A ciclosporina, outro medicamento, pode fazer mal ao rim; o especialista, então, deve ter atenção especial a possíveis problemas renais que o paciente já tenha. Esses são alguns dos riscos que os pacientes correm, mas Marcelo constata: como a psoríase é extensa e atrapalha demais a vida da pessoa, não se pode deixar de lançar mão dos remédios, mesmo diante de possíveis efeitos colaterais – ao menos quando eles forem administráveis.

No âmbito emocional, das doenças de pele, a psoríase é uma das que mais têm o perfil de uma doença psicossomática. Isso significa que emoções conturbadas podem tanto provocar quanto piorar a doença. Então, como explica Marcelo, não é apenas a doença que deve ser tratada, mas o doente como um todo, de forma integral. Ele deve ser assistido em todos os níveis.

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O tratamento psicológico para a psoríase é totalmente individualizado. Como pontua Marcelo, alguns pacientes demonstram claramente o impacto emocional causado pela doença; são justamente esses que podem se beneficiar de um acompanhamento psicológico. Esse acompanhamento pode ser feito por profissionais integrantes da Psoríase Brasil, uma associação nacional de apoio ao paciente com psoríase, ou por profissionais da área de Psicologia que atendam na cidade da pessoa. Quando é possível, o próprio dermatologista pode encaminhar o seu paciente a um psicólogo.

Alguns medicamentos podem ser obtidos facilmente através do SUS

Tanto os medicamentos tópicos quanto os sistêmicos são disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em todas as localidades do Brasil. De acordo com o dermatologista, o paciente que faz tratamento, seja em uma unidade básica de saúde ou em um centro de referência, pode receber a prescrição do remédio para, em seguida, retirá-lo no SUS – mesmo que ele se trate, por exemplo, em um consultório particular. Trata-se de um direito dele.

A grande dificuldade surge quando o profissional prescreve o tratamento biológico, pois as medicações imunobiológicas usadas nele não são disponibilizadas para pacientes com psoríase.

A grande dificuldade surge quando o profissional prescreve o tratamento biológico, pois as medicações imunobiológicas usadas nele não são disponibilizadas para pacientes com psoríase.

Nesses casos, Marcelo explica que a maneira de consegui-los é via judicial, o que pode levar bastante tempo e ainda depender da análise do juiz, podendo se transformar em outro transtorno para o paciente.

A própria fototerapia, por exemplo, é outro tratamento raramente oferecido pelo SUS. E é justamente por isso, de acordo com o especialista, que muitos dermatologistas tentam tratamentos mais acessíveis – muitos reagem bem ao metotrextato -, mas, com o tempo, eles acabam se tornando ineficazes. Além disso, mesmo liberando o medicamento, o juiz pode fazê-lo por um período insuficiente; caso o doente precise de um ano de tratamento e consiga remédios por apenas seis meses, ele terá que solicitá-los novamente. De uma maneira ou de outra, em casos graves de psoríase, a dificuldade no tratamento acaba aparecendo.

Contudo, atualmente, há uma condição especial nesses casos, em alguns estados do país. É o chamado processo administrativo: o médico faz uma solicitação individual para o paciente, que é analisada pela Secretaria de Saúde, resultando na liberação do tratamento. Portanto, vale a atenção a essa possibilidade.

Prognóstico

Segundo Marcelo Arnone, há outra doença que pode se desenvolver em aproximadamente 20% dos pacientes com psoríase, o que vem sendo observado por especialistas: a artrite psoriática. Geralmente, a psoríase começa na pele e, após um período de 5 a 10 anos, evolui para as articulações, comprometendo-as. Nessas situações, os sintomas são a inflamação dessas articulações e a própria dor causada por ela. Caso não seja tratada, a artrite psoriática pode provocar deformidades nas articulações em longo prazo, como sequelas. E os médicos ainda não conseguem prever qual caso de psoríase, com o passar do tempo, evoluirá. Por isso, a orientação é que o paciente busque tratamento sempre que possível, para garantir a prevenção. Assim, ele fará com que as lesões sejam controladas e, consequentemente, a sua qualidade de vida melhore. Um fator importante: quando diagnosticada com artrite psoriática, a pessoa pode obter a medicação imunobiológica pelo SUS. A liberação é autorizada quando se trata dessa doença.

Um fator importante: quando diagnosticada com artrite psoriática, a pessoa pode obter a medicação imunobiológica pelo SUS. A liberação é autorizada quando se trata dessa doença.

Além dessa evolução da psoríase, foi comprovado, ao longo dos últimos 15 anos, que apenas os pacientes que têm a psoríase grave, com feridas espalhadas pelo corpo, têm mais chances de ter outras doenças. Esse fenômeno é chamado de comorbidade. As doenças que podem ser contraídas são as cardiovasculares, como pressão alta e derrame cerebral, entre outras. Para o especialista, a provável explicação é que o fato de o paciente ficar cronicamente com uma inflamação na pele, por muito tempo, tal inflamação favoreceria o aparecimento dessas outras doenças. Por conta disso, é importante que o paciente tenha alguns cuidados, entre eles uma alimentação balanceada e saudável.

Já em relação aos quadros mais leves de psoríase, além dos banhos de sol, o cuidado com a hidratação da pele é essencial.

em relação aos quadros mais leves de psoríase, além dos banhos de sol, o cuidado com a hidratação da pele é essencial.

Essa doença faz com que a camada de gordura natural da pele da pessoa fique mais frágil, mais escassa, por isso deve ser reposta através de hidratantes prescritos. Além disso, é fundamental que o paciente não tente remover as escamas das lesões, em nenhum momento, pois isso funciona como um agravante.

Como ajudar?

Para quem tem algum parente, amigo próximo ou conhecido com psoríase, Marcelo Arnone aconselha: a primeira coisa a se fazer é motivar, tentando mostrar à pessoa que ela tem uma doença crônica, mas que pode ser tratada, controlada e às vezes até reduzida. Esse incentivo pode ser uma grande ajuda. A segunda recomendação é tentar fazer com que essa pessoa conviva de maneira mais saudável com a doença. Muitas vezes, o paciente abandona o tratamento e fica mais vulnerável à doença e a problemas como a depressão, o que, em si, piora a psoríase. É um círculo vicioso. Quanto mais a pessoa se sentir motivada, melhor aceitará a doença e mais chances terá de reduzir os sintomas.

Contribuiu para esta matéria

Dr. Marcelo Arnone, dermatologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da Campanha Nacional de Conscientização da Psoríase da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

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