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O estresse que vem do trauma

Entenda como o estresse pós-traumático afeta vítimas de tragédias

Atualizado em

Depois da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, o governo vem planejando uma série de ações para impedir ou reduzir as chances de estresse pós-traumático nas vítimas. De acordo com a psicoterapeuta Célia Lima, esse tipo de mal costuma afetar quem é exposto a situações violentas ou que ameacem a vida e a integridade da pessoa envolvida. Os principais sintomas são: insônia, irritabilidade e medos frequentes associados ao evento. “No caso dos moradores da serra, é possível que revivam o episódio que originou o trauma, ou seja, mesmo uma leve chuva ou um barulho forte podem levar o indivíduo a experimentar a mesma angústia, impotência, aflição e pavor que sentiram quando a devastação ocorreu”, explica.

A especialista ainda acredita que imagens do ocorrido possam invadir involuntariamente a mente das vítimas da enchente, provocando pesadelos recorrentes sobre o tema. “Esse tipo de trauma foi caracterizado por destruição e mortes. Algumas pessoas podem mostrar desinteresse pela vida cotidiana, como se fosse um sentimento de “tanto faz”, dando espaço para a apatia”, exemplifica Celia.

No entanto, é possível que algumas vítimas do desastre só apresentem os sintomas de estresse pós-traumático a longo prazo. Nesses casos, a pessoa pode começar a reviver as emoções negativas da tragédia até três meses depois do evento. Fatores físicos e psicológicos podem ser indicativos do distúrbio. Segundo a psicoterapeuta, se a pessoa tem pesadelos vívidos, evita falar sobre o assunto ou apresenta um “apagão” da memória a respeito do tema é possível que esteja sob efeitos do estresse. Isso é ressaltado pela presença de sintomas físicos que não existiam antes do trauma, como insônia ou dores de cabeça frequentes.

Como diagnosticar

Ficar atento às mudanças de comportamento é importante, mas o diagnóstico de estresse pós-traumático só pode ocorrer se os sintomas perdurarem sem interrupção, por aproximadamente um mês. Vale lembrar que o distúrbio pode afetar não só vítimas de tragédias, como todas as pessoas que participaram de resgates e salvamentos ou mesmo aquelas que apenas assistiram de perto a catástrofe. “Por mais que as equipes de resgate estejam preparadas ou habituadas a lidar com o sofrimento humano e presenciar mortes, todos são vulneráveis a episódios devastadores”, esclarece Celia.

Para diferenciar o estresse pós-traumático de uma situação normal de estresse é preciso ficar atento aos sintomas. O primeiro ocorre necessariamente em função de algum evento específico, quando a pessoa teve sua integridade ou sua vida ameaçadas, ou ainda quando alguém é testemunha de eventos violentos com consequências drásticas. Episódios como acidente com vítimas fatais, assaltos, incêndio ou sequestro são situações que predispõem a pessoa a vivenciar sintomas específicos deste tipo de distúrbio.

Já o estresse diário é fruto de pressões sociais, crises financeiras, ansiedade quanto ao próprio desempenho, doença em família e separações, ou seja, situações corriqueiras da vida. Nestes casos os sintomas geralmente são atrelados a oscilações de humor, sentimentos de angústia e insegurança, que podem dar origem a doenças psicossomáticas, como gastrite e tensão muscular.

Vítimas e tratamento

Vale lembrar que o estresse pós-traumático pode afetar pessoas de todas as idades, mesmo as que possuem estrutura emocional sólida e equilibrada. Por outro lado, quem já apresenta quadros de ansiedade ou é mental e psicologicamente mais sensível, tem mais predisposição a desenvolver este mal.

Segundo a especialista, o apoio psicoterapêutico é o mais indicado para tratar este tipo de distúrbio. No entanto, vale consultar um médico para saber se o paciente precisará fazer uso de medicamentos específicos. “É fundamental que a pessoa fale sobre seus medos e o eventual sentimento de culpa que pode surgir quando percebe que escapou viva da tragédia, enquanto um conhecido ou um familiar morreu. A ideia é que o paciente resgate o equilíbrio necessário para tocar a vida e se organizar emocionalmente durante o processo terapêutico”, aponta.

Há luz no fim do túnel

Dados apontam que cerca de 60% das vítimas de desastres se recuperam do trauma sem precisar de apoio psicológico. No entanto, para os 40% que desenvolvem o transtorno, a ação da comunidade, com o apoio do governo, é importante. A especialista acredita que isto é um sinal de que a generosidade e a solidariedade fazem diferença na vida das pessoas.

“Saber que você está sendo acolhido em função de uma dificuldade desse porte e que pode contar com apoio do governo e da comunidade é sempre um alento e faz toda a diferença. É a solidariedade que faz com que o homem evolua, afinal, a capacidade de empatia nos torna também generosos e isso é fundamental nas relações. Uma boa alternativa é formar grupos de apoio com a orientação de um profissional, pois o indivíduo se encoraja a superar a dor e o trauma quando se identifica com outras pessoas que vivenciaram a mesma situação”, ensina.

Para quem vive esse tipo de situação ainda há esperança. A psicoterapeuta acredita que é possível ter uma vida normal depois de viver um episódio traumático. “O ser humano tem a capacidade de superar e se renovar emocionalmente. Situações extremas nos levam a redimensionar nosso valores, por isso dificilmente seremos os mesmos depois de experimentarmos esse tipo de ocorrência. Temos um dispositivo interno de sobrevivência física, mental e emocional e, mais cedo ou mais tarde, nossa realidade pessoal nos chama de volta à vida rotineira”, garante.

Ajuda da terapia alternativa

De acordo com a terapeuta holística Solange Lima, as terapias alternativas podem minimizar os sentimentos de perda e de sofrimento, trazendo esperança e vontade de recomeçar. Veja abaixo como os Florais, a Cromoterapia e a Aromaterapia podem ajudar.

Florais

Para aceitar as perdas e combater o medo, os Florais de Bach são boas opções para amenizar estados aflitivos, ansiedade e pânico. “O “Rescue Remedy de Bach” ou o “Emergencial de Saint Germain” podem ser tomados a cada 1h, com quatro gotas em cada aplicação”, ensina Solange.

Cromoterapia

Para trazer coragem ao enfrentar novos desafios, a cor laranja pode ajudar. Se o objetivo é ter mais equilíbrio, saúde, harmonia e esperança, a cor verde é ideal. “Mentalize e visualize essas cores no dia-a-dia, por meio de um trabalho de meditação ou fazendo um trabalho de energização mental com as cores”, alerta a terapeuta.

Aromaterapia

  • Gerânio: ajuda a trabalhar os medos e traz coragem para enfrentar os desafios.
  • Eucalipto Stageriana: trabalhar o abandono, a carência e o desamparo.
  • Bergamota e Lavanda: trabalha a ansiedade e estados depressivos.
  • Erva Doce: traz aconchego e proteção.
  • Manjerona: dá sensação de acolhimento, proteção e amparo.
  • Tea tree: ajuda a fortalecer o sistema imunológico e atua como desinfetante e bactericida na limpeza dos ambientes contaminados.

Segundo Solange, os óleos essenciais puros devem ser utilizados em aromatizadores de ambiente ou elétricos, cremes neutros, óleos vegetais, sais de banho ou diretamente na água morna para fazer escalda-pés.

Personare

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