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Não quero ter filhos, e agora?

Reflita sobre como lidar com essa importante decisão

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Acolher, proteger, nutrir, cuidar, orientar, ninar e confortar são atitudes e sentimentos que combinam com o que alguns chamam de instinto materno. Muitas mulheres se sentem cobradas, internamente e socialmente, como se optar por não ser mãe fosse uma aberração da natureza. Muitas são desprovidas desse desejo por não sentirem que a maternidade seja condição para que se sintam realizadas na vida. E o que há de “errado” nisso? Nada. Absolutamente nada!

O famoso instinto materno, como o conceituamos, está presente em todos os seres humanos: homens, mulheres, idosos e crianças. Em alguma medida todos nós somos protetores, acolhedores e cuidadores, sabendo naturalmente como confortar outras pessoas e “dar colo” quando solicitados ou atendendo a um apelo solidário. E fazemos isso com nossos pais, irmãos, amigos e até desconhecidos. Um bom exemplo é quando entregamos donativos, apadrinhamos financeiramente alguma instituição filantrópica ou praticamos caridade no sinal de trânsito e nas calçadas das cidades. E isso mostra um impulso natural de acolher ou confortar.

Portanto, não é apenas na maternidade que as mulheres – e todos os seres humanos – exercem o instinto materno. Escolher conscientemente não ter filhos é uma atitude corajosa, pois desafia preconceitos. Veja alguns dos motivos que levam certas mulheres a optar por não serem mães:

  1. Privilegiar a carreira profissional e saber que um filho não caberia em seu projeto de vida.
  2. Temer a perenidade da escolha, afinal filho é “para sempre”, não dá para não tê-lo depois que ele existe e nem todas se sentem prontas para assumir uma escolha eterna.
  3. Saber ser portadora de alguma doença geneticamente transmissível e temer pela saúde de um possível filho.
  4. Ter consciência de que não tem paciência para cuidar de crianças.
  5. Não desejar abrir mão da liberdade por um bom período na vida.
  6. Sentir-se insegura com relação ao papel de mãe.
  7. Simplesmente não desejar ser mãe.

É claro que muitas dúvidas ou inseguranças são reversíveis, caso essa mulher queira ir fundo para compreender melhor seus motivos. Mas isso passa a ser uma necessidade apenas se essa pessoa estiver sofrendo ou se de alguma forma a decisão de não ser mãe for uma fonte de conflito. Caso contrário, as razões citadas entre tantas outras são absolutamente legítimas e não implicam em culpa. Não existe “esquisitice” em não desejar ser mãe e isso não quer dizer que essa mulher seja desprovida de instinto materno.

Quando o assunto é criança, muitas mulheres exercem esse instinto focando em seus sobrinhos ou afilhados. Além disso, é sempre possível optar mais tarde, com um certo grau de amadurecimento, pela adoção.

Sinta-se confortável com sua decisão

As datas comemorativas, como o Dia das Mães, só trarão algum desconforto caso as mulheres que escolheram não ter filhos não estiverem suficientemente convictas ou não souberem como lidar com as cobranças familiares e sociais.

Mesmo as que se sentem confortáveis com sua decisão podem se perder algumas vezes quando questionadas. Para essas vai uma sugestão de resposta, caso não queiram expor ou discutir esse assunto de foro íntimo: “da mesma forma que muitas mulheres escolhem ter filhos eu escolhi não tê-los. Poder fazer escolhas na vida é realmente exercer a liberdade, não é?”, vale perguntar ao ser interrogada pela sua decisão.

Para as mulheres que não têm filhos por não encontrarem parceiros adequados, estarem fora de um relacionamento afetivo ou mesmo por questões de saúde, sugiro deixarem medos e preconceitos de lado e pensarem seriamente em adoção. Os filhos do coração, assim como os filhos biológicos, podem transformar suas vidas e ter as vidas deles mudadas, caso seu instinto materno esteja transbordando na direção de uma criança, seja ela recém-nascida ou mais velha. E é claro que isso tudo vale para homens e mulheres. Feliz escolha consciente!

Celia Lima

Celia Lima

Psicoterapeuta Holística, utiliza florais e técnicas da psicossíntese como apoio ao processo terapêutico. Presta atendimento também por meio de terapia breve com encontros semanais, propondo uma análise lúcida e realista de questões pontuais propostas pelo cliente objetivando resultados de curto/médio prazo.

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