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Minha escolha pode fazer diferença?

Quando você ignora a política, sua vida pode ser definida pelos outros

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Mesmo quem diz detestar política, a vive diariamente. Não há escapatória. Desde as relações que estabelecemos com nossos vizinhos e parentes até os contatos cotidianos com nossos colegas de faculdade e trabalho, todas as relações são atos políticos.

Na realidade prática, a maioria das pessoas com quem nos relacionamos não são pessoas que nós “escolhemos” para estar ao nosso lado, mas sim gente que veio “de brinde” por conta de nossas escolhas. Um namorado traz consigo, no pacote, amigos e parentes. Um amigo tem ou terá um relacionamento íntimo, e será preciso lidar com a inserção desta nova pessoa em algum momento.

E, em todos estes casos, jamais concordaremos com tudo o que os outros pensam, assim como dificilmente discordaremos de tudo. A pessoa que se comporta com intransigência em relação às próprias ideias está fadada à solidão. Afinal, o ato político é um ato de diálogo, ainda que com pessoas cujas ideias não estejamos inteiramente de acordo.

O oposto da democracia é a intransigência, o autoritarismo. Por ter maior força física ou por ter melhores condições financeiras, alguém pode se achar no direito de comandar os outros, sem diálogo ou acordos. E esta não é a lei política, é a lei da selva, em que vencerá sempre o mais forte.

No campo democrático, é preciso dialogar e estar preparado para não concordar com tudo e abrir concessões. Em ano de eleições, nos é dada a possibilidade de fazer escolhas entre este ou aquele candidato, este ou aquele partido, que irá governar nosso país durante quatro anos. Você pode até detestar política, mas não tem como negar que se você não fizer uma escolha, a farão em seu nome.

Você pode até detestar política, mas não tem como negar que se você não fizer uma escolha, a farão em seu nome.

Não gostar de política não te insere num mundo à parte. Você continua a fazer parte do mesmo mundo governado pelas escolhas que os outros fizeram. Deste modo, é melhor escolher do que se evadir. Mesmo que sua escolha não seja a vencedora, você tentou.

Alguns equívocos são extremamente comuns no que diz respeito à política. Apresento aqui os mais comuns, e como evitá-los:

  • É impossível encontrar um candidato ou partido que tenha propostas com as quais você concorde integralmente. A escolha, então, precisa ser feita de acordo com o candidato ou partido que mais se aproxima das suas prioridades.
  • É um erro enorme votar em alguém ou deixar de votar por conta de questões subjetivas, do tipo “não vou com a cara dele(a)”. Eleições não são um reality show, em que escolhemos a pessoa que nos é mais simpática. Para saber quem é a pessoa certa, é preciso avaliar quais são as suas propostas para o futuro. Você poderá se chocar ao descobrir que tem afinidade de pensamento com um político que antes antipatizava.
  • Para avaliar bem e escolher direito, não se limite a uma única publicação da mídia ou a um único canal de TV. Publicações tomam partido por este ou aquele candidato, geralmente “puxando brasa pra sardinha” do candidato que eles escolheram. Deste modo, não é muito justo votar em alguém só por conta das coisas que você leu na revista X ou Y. Leia várias, compare. Você descobrirá que uma mesma notícia será apresentada de modos totalmente distintos em mídias diferentes. Caberá a você avaliar o que vê e decidir por si. Mas se você lê apenas uma revista ou assiste apenas a um canal de TV, provavelmente fará uma escolha a partir de dados equivocados.

Caminhos e escolhas

Michel Foucault, um dos filósofos que mais aprecio por conta de seu profundo senso de realidade, insistia no fato de que as escolhas raramente envolvem um caminho melhor e um caminho pior. Em geral, são escolhas entre perigos. Deste modo, não incorra no erro de votar em alguém mantendo enorme esperança. Desapontar-se, no processo político, é tão comum quanto acreditar cegamente naquele amigo ou namorado que um dia comete um erro. Além disso, tente não agir com tanta impiedade em relação aos erros alheios. Políticos também erram. E, apesar de ouvirmos constantemente que “todo político é ladrão” e coisas do gênero, isso não é verdade. É preconceito. O problema é que, quando ocupamos cargos de poder, o mundo está de olho na gente, e nossos erros são amplificados pela mídia. Nunca julgue um candidato a partir do que ele foi acusado. Entre ser acusado de algo e ser culpado, há um oceano de distância.

Sobretudo, faça uma leitura crítica do que te enviam por e-mail. Cheque a fonte, verifique se a informação é verdadeira, antes de repassar. Isso, inclusive, vale não apenas para a política – vale para praticamente tudo! Não se repassa uma informação sem antes verificar se ela é idônea. Caso a informação seja falsa, você estará ajudando a propagar mentiras.

Acerca da corrupção, este é de fato um problema muito grande não apenas na política brasileira, mas na de vários outros países. Cabe à Justiça avaliar e julgar tais casos. Mas cabe também a nós fazermos a devida autoavaliação: cobramos retidão moral de nossos políticos. Mas somos nós mesmos tão corretos assim? Avalie:

  • Você segue as leis do trânsito?
  • Você faz download de músicas e livros sem pagar os direitos do autor?
  • Você usa carteira de estudante falsa?
  • Você joga lixo no chão da rua?

Eu poderia fazer diversas outras perguntas, mas creio que cada pessoa sabe perfeitamente quando realiza algo que está ou não correto, de acordo com as leis vigentes. Se você não se comporta de modo cidadão, como pode cobrar que seus governantes sejam melhores do que você?

Por fim, esteja ciente de que o ato político é uma militância intensa e constante. Não é suficiente votar e depois “largar de mão”, como se você não tivesse responsabilidades no processo. Quem resolve um país não é apenas o Estado, mas todos os seus cidadãos. E, acredite: se você não se interessa pelas questões públicas, mesmo assim elas governarão você! Ignorar a política é tornar-se vítima da escolha alheia. Não se permita a isso. Atue!

Alexey Dodsworth

Alexey Dodsworth

Astrólogo e autor de análises de Astrologia, Tarot e Runas do Personare. Sua afinidade com temas esotéricos se alinha com sua defesa à liberdade de saberes, sejam eles científicos ou não.

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