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Problemas que se repetem por gerações e a Constelação Familiar

Técnica auxilia na percepção e entendimento dos desafios que marcam uma mesma família

Atualizado em

É natural que ao longo da vida situações repetitivas ocorram. Afinal, a repetição nos impulsiona ao aprendizado. Mas, às vezes há problemas que se repetem por gerações e nem sempre é possível perceber exatamente o que é necessário aprender para que a situação pare de se repetir. E é aí que a constelação familiar pode nos auxiliar.

A constelação familiar é um método criado pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, que estuda os padrões comportamentais familiares. Os princípios propostos pela técnica nos auxiliam na compreensão desses padrões inconscientes, que se repetem por gerações e podem criar dificuldades semelhantes dentro de um mesmo grupo familiar.

Avaliar todas as variáveis

É importante estar atento na primeira repetição. Não é uma tarefa muito fácil, já que temos tendência de perceber como uma mera coincidência, sem darmos a importância necessária.

Pode ser uma data que se repete na família, alguma doença recorrente ou até situações cotidianas: como sempre se relacionar com o mesmo tipo de pessoas ou enfrentar desafios parecidos na carreira.

Ao identificar essa repetição, torna-se necessário uma boa dose de autorresponsabilidade para assumir que os problemas que ocorrem na sua vida dizem respeito a você.

Dessa forma, eliminamos a tendência de culpar outras pessoas pelo fato de algo estar se repetindo em nossa própria história. Com isso, estamos prontos para avaliar exatamente onde a repetição ocorre e o que a desencadeia. Para, assim, partir em busca da solução desejada.

Mudar requer mudança

Considero que atualmente a busca pelas constelações familiares como um recurso de cura aumentou consideravelmente. Mas, como todas as ferramentas externas que podem ser utilizadas para evolução e desenvolvimento pessoal, a solução não é algo mágico. Ela requer uma mudança de atitude e postura diante da vida. Pode parecer algo óbvio mas, acredite, não é.

Muitos procuram as constelações acreditando que basta constelar o problema com um profissional capacitado e pronto, tudo estará resolvido. Então, ao perceber que a mágica da vida depende de cada um fazer acontecer, o sujeito que não teve a mudança almejada acredita que o problema foi a ferramenta utilizada e descarta o que de melhor as constelações podem trazer.

Entenda os três princípios da Constelação Familiar

Toda a constelação familiar é baseada em três princípios sistêmicos:

  1. Lei do pertencimento

  2. Lei da ordem ou hierarquia
  3. Lei do equilíbrio.

Eles existem e atuam mesmo que não se acredite neles. A repetição geralmente significa uma lealdade inconsciente a algo ou alguém do sistema familiar. E quando ela ocorre, é provável que alguma das leis sistêmicas esteja sendo desrespeitada.

Lei do pertencimento

A lei do pertencimento irá atuar se alguém ou algo do sistema familiar for excluído por qualquer motivo. Assim, algum outro membro da família pode assumir o lugar dele no sistema no intuito de incluí-lo novamente. Ou seja, se ninguém gosta ou quer falar daquele tio distante que só ofereceu problemas para todos, saiba que alguém irá repetir a história deste tio ou também trará algum problema de forma constante.

Lei da ordem

A lei da ordem é desrespeitada quando alguém se acha melhor do que os pais. Nessa conduta, podem estar incluídos julgamentos quanto a educação dada ou possíveis exigências de falta de amor. Esta é a lei mais comum e fácil de ser desrespeitada e a que mais conduz às repetições. Pois ela atua em todas as áreas da vida. Um exemplo é o constante fracasso nos relacionamentos, é que ele pode ter origem no julgamento de um dos pais em sua própria relação de casal.

Já no âmbito profissional, as perdas financeiras recorrentes pelos mais variados motivos podem surgir de uma crítica a algum ancestral (pais, tios ou avós) sobre a forma como conduziu sua vida profissional ou utilizou o dinheiro.

Ou até mesmo um amor cego a ponto de não ir além daquilo que a geração anterior conquistou. Este segundo exemplo também desrespeita a lei da ordem já que se trata de uma inversão de hierarquia na qual há uma intenção implícita de “cuidar” de quem veio antes.

Lei do equilíbrio

A lei do equilíbrio, por sua vez, atua diretamente nas relações sociais e afetivas. Ela é baseada em um equilíbrio de troca entre o dar e receber. Se em uma relação afetiva, eu apenas quero dar (afeto, dinheiro ou cuidados) e me recuso a receber, a pessoa parceira pode ir embora. Esta situação pode se repetir até que se perceba que a lei está sendo desrespeitada e volte ao equilíbrio.

Constelar o problema

Após compreender esses princípios, já é possível que, por si só, o indivíduo consiga perceber e encerrar a repetição. Basta dar um lugar no coração a todos os excluídos, parar de julgar e criticar os ancestrais e equilibrar as relações.

Contudo, o emaranhado pode estar muito inconsciente. Nesse caso, é importante buscar um profissional capacitado em constelações familiares e levar o problema a um grupo ou em sessão individual com bonecos.

A diferença é que em uma constelação em grupo são pessoas que atuarão como representantes o que pode dar um movimento maior e mais amplo para solução.

Já a constelação individual é geralmente feita com bonecos e conta com uma maior interação do terapeuta e do cliente. Ambas são efetivas em seu objetivos, mas a de grupo por ser algo mais visual e causar mais impacto.

Independente do tipo escolhido, é importante ter a consciência que a mudança é na postura interna. A constelação poderá mostrar os movimentos que ocorrem na alma, mas se ele será realizado ou não depende de cada um.

Por isso, com a compreensão dos princípios sistêmicos, é mais fácil de mudar a postura a partir do que é mostrado em uma constelação familiar.

O processo que é contínuo

Não pense que constelar o problema e encontrar a solução encerra o assunto. A prática dos princípios deve ser constante para que os problemas não voltem a se repetir. E, mesmo que voltem posteriormente, a consciência não é a mesma e se torna cada vez menos desafiante vencer esse padrões.

É preciso revisitar diariamente as leis e verificar se existe algo fora do seu lugar dentro do sistema familiar, ou ainda uma exigência para que seus ancestrais preencham seus anseios. Assim, é preciso dar lugar a todos, sem julgamentos, e respeitando a ordem de cada um dentro do sistema familiar. Dessa forma, a força de todos ancestrais poderá fluir através de você e permitir que a sua vida também flua em todas as esferas.

Maria Cristina

Maria Cristina

É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.

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