Pesquisar
Loading...

A face positiva da fofoca

Falar da vida alheia aproxima pessoas e é exercício de autoconhecimento

Atualizado em

A fofoca geralmente é vista como um comportamento inadequado. Falar dos costumes, da estética, do novo namorado ou da separação de alguém não é visto com bons olhos. Costuma-se dizer que só é fofoca quando se fala mal de alguém. E muitos que fazem a fofoca não a assumem, costumam afirmar que são apenas comentários, normalmente sem intenção alguma. Mas muitas vezes a fofoca não tem, de fato, um caráter maldoso e nem generoso. Não é preciso haver uma intenção elaborada ao falar de alguém, a não ser simplesmente o ato de falar.

O que ocorre é que parece ser impossível não falar de ninguém ou sobre alguém. Ao contrário do que se pensa, a fofoca tem um lado positivo: aproxima as pessoas, forma vínculos, fortalece amizades e ainda por cima é um excelente exercício de autoconhecimento.

Uma pesquisa dos estudiosos do centro de pesquisas de assuntos sociais de Oxford, na Inglaterra, afirma que a fofoca está presente em pelo menos 45% das conversas.

Claro que existe um tipo de fofoca que pretende desqualificar ou julgar as pessoas e isso é próprio de quem raramente olha para si mesmo ou é deliberadamente maldoso. Algumas fofocas prejudicam direta ou indiretamente os outros, por meio de comentários que expõem a pessoa – seja por revelar algo íntimo dela ou por tornar o outro alvo de críticas, para se obter alguma vantagem. Nesse tipo de fofoca é normal distorcer a realidade e é a crítica que nada constrói que rege os comentários. Normalmente os boatos surgem a partir de fofocas do gênero. Nesses casos, a imaginação não tem limites e muitas vezes é inconsequente.

Fofoca pode equilibrar relações

As fofocas movimentam as relações e embora isso passe despercebido, elas são um excelente instrumento de reflexão. Ao falar da atitude de alguém, as pessoas são obrigadas a refletir sobre como elas mesmas se comportariam, tentam entender como e por que o outro agiu de determinada forma e assim exercitam a empatia. Colocam-se no lugar do outro e a partir daí investigam os próprios sentimentos, promovem uma troca mais profunda e acabam por também conhecer melhor seu interlocutor através de suas opiniões e comentários.

A fofoca não é privilégio deste ou daquele grupo: todos fazem fofoca, embora pareça que as mulheres sejam mais adeptas da prática. O que acontece é que elas assumem seu gosto por falar seja lá de quem for. Já os homens tentam dar um tom mais “sério” ao que, no fim das contas, também não passa de fofoca.

Como surge uma fofoca?

A fofoca pode surgir de um fato, de uma observação, de um segredo ou, de forma mais fantasiosa, quando alguém simplesmente inventa uma “verdade” por motivos escusos ou como forma de “ter assunto”. As fofocas estão no seio das famílias e muitas vezes são usadas como instrumento para falar a respeito de mágoas e ressentimentos com relação ao comportamento de um irmão ou mesmo dos pais. Estão entre os amigos, os casais e no ambiente de trabalho. Aliás, falar de colegas de trabalho é um passatempo e tanto no ambiente profissional, local onde se busca fazer alianças, seja para obter informações ou tirar proveito próprio. Mas ela também existe como forma de sentir-se pertencendo a um ou outro grupo, o que gera uma espécie de segurança.

A fofoca é institucionalizada de tal maneira que existem revistas e programas especializados em fofocar a respeito da vida de celebridades, de políticos e de artistas. Pode-se entender que essa é outra face positiva da fofoca, uma vez que gera empregos e garante a visibilidade de muita gente.

O fato é que a fofoca permeia o dia a dia dos seres humanos e aproxima as pessoas em torno de um ou vários assuntos, permitindo assim uma troca constante de impressões, alimentando os relacionamentos, cultivando o bom humor em grande parte das vezes, exercitando a imaginação e, na melhor das hipóteses, nos ajudando a voltar o olhar para nós mesmos que, certamente, também somos alvo de fofocas alheias!

Celia Lima

Celia Lima

Psicoterapeuta Holística, utiliza florais e técnicas da psicossíntese como apoio ao processo terapêutico. Presta atendimento também por meio de terapia breve com encontros semanais, propondo uma análise lúcida e realista de questões pontuais propostas pelo cliente objetivando resultados de curto/médio prazo.

Saiba mais sobre mim