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Você tem medo da solidão?

Na Astrologia, Casa 12 simboliza como cada um lida com essa condição

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A cada dia que passa temos a sensação de que o tempo corre mais rápido e, por vezes, parece que ele nos escapa. É muito comum sentirmos uma incapacidade de participar de tudo que nos é oferecido. Muitas vezes isso acontece por uma questão simples de tempo. Em outras ocasiões, o problema pode ser uma indisponibilidade pessoal e emocional de se engajar em tantas frentes diferentes. Atualmente, é muito comum ficar em dúvida entre estar só e curtir a própria companhia, ou engajar-se em diferentes turmas para não “perder o tempo” que passa inexoravelmente.

A Astrologia não traz respostas prontas para essa questão, mas propõe algumas reflexões que, certamente, vão trazer novas luzes sobre o tema. De qualquer ângulo que se analise, cabe uma explicação sobre a grande diferença entre “Solidão” e “Estar Só”.

Solidão – tem uma conotação penosa, sempre foi o grande monstro que deixou a humanidade assustada. Amedronta tanto, que foi instituída como castigo máximo para faltas graves – dentro das prisões, dá nome ao lugar da punição máxima: a solitária. Neste local vive-se em condições sub-humanas o maior dos castigos, a tortura do isolamento total e continuado. Este tipo de experiência sempre representou a prova mais inclemente. Até o mais saudável dos indivíduos sofrerá claustrofobia e outros horrores se confinado nestes locais.

Estar só – representa um grande privilégio e um inestimável conforto, que pode nos proporcionar repouso, reflexão, estudos, leituras e muitos outros prazeres. É o momento de receber as grandes inspirações, viver sua privacidade, compor, pensar, sonhar…

No Mapa Astral, Casa 12 revela como você encara a solidão

Na Astrologia, a Casa 12 finaliza o Mapa Astral e marca a última instância das Casas de água (que são as Casas 4, 8 e 12, também chamadas de Casas do “silêncio”). Representa o mais silencioso estágio do psiquismo e pode gerar dois tipos de atitudes: o medo da solidão ou o prazer de “estar só”. No primeiro caso, encontra-se a grande maioria da humanidade que se apavora com a ideia angustiante de ficar em solidão, mesmo transitória.

Sem dúvida, a Casa 12 é bastante complicada. Não só por ser a última, pela ordem e pela intensidade das experiências vividas, mas também por ser a configuração de um conjunto de situações não realizadas por nós, por inteira falta de aptidão ou de oportunidades. Muitas vezes, só vamos experimentar as circunstâncias dessa Casa nos momentos finais de nossa estada aqui na Terra. Podemos passar toda uma vida sem ter oportunidade de saber concretamente o que se esconde dentro das névoas desse setor do Mapa.

Nas nossas experiências com a Casa 12, em geral, nos defrontamos com avaliações mistas. Nem tudo são flores, mas também nem só espinhos. A moderna Astrologia tem uma nítida tendência a colocar essa Casa como nossa possibilidade maior de atingir os altos estágios de compreensão. Sendo também o celeiro dos gênios, abriga o “gênio” que mora em nós e que, de repente, entra em estado de luz intensa. Passa a compreender tudo e mergulha no reservatório trazido de um passado remoto.

Curtir sua própria companhia pode trazer satisfação

A proximidade com o Ascendente, fronteira entre as Casas relativas ao “Eu” (que são as Casas 1 e 12), faz realçar a ideia de que estamos sozinhos nestas duas situações chaves da vida: a entrada e a saída dessa existência. A grande dor e a grande alegria são sentidas somente por nós. Os outros, os amigos e todos que querem nos ajudar podem ficar ao nosso lado, mas não podem sentir por nós. Esta é uma situação típica de solidão irremediável e ao mesmo tempo imprescindível. Nas horas de grande intensidade do sentimento, é na solidão das”Casas do eu” que imergimos para logo depois emergirmos mais maduros e conscientes.

Na agitação do dia a dia, vivemos buscando lá fora ou nos outros recursos que poderiam ser encontrados dentro de nós mesmos. Mas reverter isso requer uma freada no ritmo habitual, uma viagem ao mundo interior e uma gradual introspecção.Muitos pensam que alimentar a autoestima é prover-se de bens materiais, lazer, conquistas amorosas, etc. Mas o bem-estar interior, o relaxamento e o “dar um tempo” a si mesmo também podem ser insuspeitados prêmios para a alma.

Vivemos a maior parte do nosso tempo divididos num mundo de tantas opções e exigências, no qual ter um tempo só nosso, para ficar em paz, é uma benção dos céus. Temos a mania de valorizar o complicado, o difícil, o alheio e desprezamos o simples, o fácil, o que está por perto e é nosso.

“Estar só” é, antes de tudo,um luxo. E na maioria das vezes não nos damos conta de que apenas poucas pessoas têm este privilégio, porque para desfrutá-lo é necessário dispor de condições financeiras para esse requinte. Atualmente, “estar só” tornou-se padrão de riqueza ou status. Nesse contexto há, entre outros, quatro grandes grupos humanos que podemos destacar:

  • Existe uma minoria que dispõe de tempo e espaço – casas grandes, confortáveis e tempo para usufruí-las. No entanto, não se dão conta da chance que a vida lhes deu para desfrutarem de uma benéfica privacidade. Ao invés disso, vivem num redemoinho mundano.
  • Há aqueles que não têm espaços nem tempo para si mesmos – a grande maioria. Moram em pequenas habitações, obrigatoriamente partilhadas com toda a família e, além disso, não têm tempo livre, em virtude de suas rotinas extenuantes.
  • Há um terceiro grupo que, independente de ter espaço ou tempo, não aproveita nada – vivem tão influenciados pela mídia onipresente do ruidoso mundo moderno, que não percebem para onde estão sendo conduzidos nem notam a força subliminar dessa mídia.
  • O quarto grupo apelidamos de “liberados da Casa 12” – representam os mais velhos em Idade Astral, ou seja, aqueles que descobriram o bem-estar interno proveniente desse setor. Já se libertaram das influências ditadas pelos outros, já aprenderam a pensar por si próprios, sabem o que querem e do que gostam, enfim, compreendem de fato quem são.

Os três primeiros grupos estão sujeitos a um bombardeio de publicidades que oferecem tantas opções de consumo, que o tempo restante para o lazer “deve” ser vivido febrilmente, “divertindo-se” em prazeres estereotipados e duvidosos. Nunca pensam em parar, diminuir o ritmo ou repor suas energias.

Os formadores de opinião impõem, sutilmente, milhares de motivações externas. E a grande massa morde a isca, inebriada pela excitação das inúmeras “ofertas”. Ninguém questiona se o prazer alardeado é verdadeiro. Ou se realmente estão curtindo suas escolhas ou apenas seguindo a turba. Esses hábeis publicitários “fazem a cabeça” de multidões que compram o que eles sugerem, comem e vestem o que lhes é indicado e desfrutam do lazer conforme o modismo da temporada. Tudo isso é um tipo de aprisionamento mental coletivo.

Como todos fazem as mesmas coisas e seguem o mesmo roteiro, há uma tendência tácita à aceitação grupal. As grandes maiorias humanas repetem hábitos e comportamentos sem questionar, funcionam como massa de manobra. Recebem comandos externos e movimentam-se como marionetes, parcialmente inconscientes de suas vontades pessoais.

“A voz do povo é a voz de Deus”. Esse dito popular pode não ser verdadeiro em sua essência, mas tenta explicar a obediência passiva dessas maiorias carentes a qualquer liderança. Não querem ou não sabem decidir. É mais fácil e mais seguro seguir os outros como parte do cardume. Esperam por alguém que venha poupá-los da obrigatoriedade de fazer suas escolhas.

Livre para ser feliz do seu jeito

Os “liberados da Casa 12”, senhores do seu eu interior, inquestionavelmente vivem melhor. Sem recorrer a qualquer artifício e após um período de profundas reflexões, começam a questionar as circunstâncias de modo diferente, vendo tudo mais claro e mais verdadeiro.

Liberado é aquele que tem consciência de sua ipseidade, ou seja, das características que definem um indivíduo na sua forma especial e única de ser; marca sua singularidade e unicidade. É saber que ele é um ser único, em meio aos bilhões de viventes na Terra. Essa pessoa desvencilha-se das imposições e influências do ambiente e segue seu projeto peculiar de evolução. Motivada por suas nítidas preferências pessoais, descobre-se um ser singular em meio ao plural.

Como nem sempre entendemos a profundidade dessas vantagens por não sabermos quem somos, viajamos pela vida carregando um passageiro clandestino, que somos nós mesmos. Mas, como não nos conhecemos por inteiro, viajamos apavorados dentro do nosso próprio barco, “sabotados” pelo nosso EU oficial, aparente, social, fantasiado de EU verdadeiro. No entanto, carregamos às escondidas o EU real, no porão do barco, desconfortável, humilhado como um passageiro clandestino que não é.

Escutar o “Eu Interior” que reside dentro da nossa 12ª Casa astrológica é o caminho para escaparmos desta alienante confusão de “Eus”. Assim conseguiremos organizar o nosso cruzeiro com muito mais cuidado, exigindo o passaporte oficial para o passageiro clandestino.

“O problema da solidão não consiste em saber como solucioná-la, mas em saber como conservá-la”, Mario Quintana.

Maria Eugênia de Castro

Maria Eugênia de Castro

É consultora, professora e pesquisadora de Astrologia. Autora de cinco livros, entre eles o best-seller "O Livro dos Signos" e "Astrologia: Uma Novidade de 6000 anos".

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