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Como é sua vida em família?

Na Astrologia, quarta casa representa padrões familiares de cada um

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Muitas pessoas que têm curiosidade a respeito de Astrologia e Mapa Astral provavelmente já ouviram falar de sua Lua ou seu ascendente. Várias conhecem a expressão “Meio do Céu” e sabem o que ela significa, mas poucas já ouviram falar a respeito do “Fundo do Céu”. Na realidade, esses dois setores do Mapa, também conhecidos como casa 10 e casa 4, respectivamente, formam um eixo e têm uma interpretação muito mais aprofundada quando analisados em conjunto.

A casa 4 ou o Fundo do Céu representa o lugar de onde vim: minha família, minhas origens, meu lar e meu condicionamento emocional. Já a casa 10 ou o Meio do Céu significa para onde vou: minhas aspirações e papel na sociedade, minha carreira e minha atuação no mundo, além de todos os comportamentos desenvolvidos para fugir do condicionamento que recebi em casa.

Entendendo melhor os posicionamentos

Todos nós possuímos uma natureza instintiva que, com o desenvolvimento da consciência, vem a ser “domada”, de forma que possamos desenvolver características básicas para a adaptação social. Esse processo é necessário, caso contrário seríamos incapazes de nos relacionar com o mundo, ficando voltados inteiramente para dentro de nós mesmos.

Entretanto, durante esse processo, acabamos também percebendo em nós mesmos alguns traços pessoais que achamos que nos desvalorizam, maculando ou fragilizando nossa imagem perante aos outros. E assim, começamos a escondê-los.

Desta forma, desenvolvemos uma máscara social (a Persona, conceito cunhado por Jung), com o principal objetivo de sermos aceitos pelo grupo social que pertencemos, desempenhando os papeis exigidos pela sociedade. Esta é a representação de nossa casa 10.

Aquilo que desejamos ser, somado ao que achamos que os outros desejam que sejamos. Assim, tendemos a desenvolver em público um comportamento oposto ao que apresentamos na intimidade, e buscamos no mundo aquilo que sentimos que não temos em casa.

A nossa natureza instintiva e nossos traços reprimidos estão relacionados com a Casa 4 e o treinamento familiar que recebemos. Esse treinamento não é necessariamente a educação, mas sim tudo aquilo que percebemos subjetiva e objetivamente, em relação à dinâmica familiar. A esse conteúdo reprimido, Jung chamou de Sombra.

O período da adolescência reforça esse comportamento. De acordo com o psiquiatra Erik Erikson, na busca da individualização, o adolescente procura afirmar-se pela diferença em relação ao núcleo familiar.

Esse processo levará a identificação com turmas e ideologias que representarão uma identidade provisória, até que uma identidade autônoma seja desenvolvida. Quando isso acontece, muitos dos valores familiares rechaçados voltam a entrar em cena e fazer parte da vida da pessoa, pois já não se tornam mais uma ameaça à identidade individual.

“Minha dor é perceber / Que apesar de termos feito tudo o que fizemos

Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais…”

Belchior, interpretado por Elis Regina

Muitas vezes estamos tão identificados com nossa máscara social que não nos damos conta que, na intimidade, repetimos de forma automática os comportamentos familiares que tanto rejeitamos.

Nos dar conta disso é um momento de grande crescimento pessoal, pois podemos rever se a rejeição estava relacionada a valores reais ou à pura rebeldia adolescente em busca do desenvolvimento da individualidade.

Durante o período em que desenvolvemos nossa fachada social, nos forçamos a descartar vários aspectos internos que não são coerentes com a imagem que desejamos projetar naquele período.

Entretanto, à medida que amadurecemos e nos tornamos mais seguros, esses aspectos poderão ser reincorporados, pois não representarão mais uma ameaça à nossa integração social.

Assim, trazer os componentes da casa 4 (signo, regente da 10, planetas na casa e seus aspectos) para a vida social, e incorporar os valores que buscamos através dos componentes da casa 10 na intimidade, acaba criando uma integração da personalidade, onde o indivíduo se sente mais completo e realizado – e vai diminuindo a distância entre a imagem pública e “quem ele é de verdade”, facilitando seus relacionamentos afetivos e familiares.

A Análise do Mapa

O signo da quarta casa vai falar de nossa qualidade mais íntima e como somos emocionalmente condicionados. A posição por casa e os aspectos do planeta regente da quarta casa nos dizem como essa qualidade é expressa e a forma que lidamos com ela.

Os planetas na casa 4 indicam o tipo de forças latentes que possuímos no nosso íntimo, e seus aspectos, além de como essas forças fluem em nós.

A Casa 4 traz informações sobre condições e assuntos domésticos, nossa vida em família, nosso habitat. É como nos comportamos quando estamos à vontade no lar, nos momentos mais íntimos.

Revela também as bases de nossa existência, nossas raízes psicológicas – incluindo tradições familiares. É nossa base de operações: no sentido material; a casa em si, e em um sentido mais profundo, a alma. É onde buscamos abrigo e privacidade.

Entretanto, para efetuarmos uma análise mais completa dos padrões familiares, é necessário analisar, além da casa 4, outros fatores no Mapa Astral:

  1. O posicionamento da Lua por casa, signo e aspectos, mostra a maneira como percebemos nossa mãe, e também a forma como reagimos emocionalmente aos condicionamentos que recebemos na casa 4.
  2. A análise da Lilith, ou Lua Negra, ajuda a desvendar a percepção materna em um nível mais instintivo, reportando-se às nossas percepções sensoriais em relação a ela quando ainda éramos carregados em seu útero, bem como nossas impressões mais traumáticas a respeito do comportamento materno.
  3. Para analisar a maneira como percebemos nosso pai, recorremos a Saturno, seu posicionamento por signo, casa e aspectos. Algumas correntes astrológicas também interpretam o Sol como representante da figura paterna.
  4. Aprofundando a análise em outros níveis, Mercúrio e a casa 3 trazem informações a respeito do relacionamento com os irmãos; a casa 5, com os filhos e a casa 7 com o cônjuge. Mas toda a essência da dinâmica da vida em família encontra-se representada na casa 4.

Os Relacionamentos Familiares

Com as mesmas técnicas que analisamos relacionamentos amorosos, podemos na verdade analisar qualquer natureza de relações, inclusive as familiares. Assim, detectamos pontos harmônicos no relacionamento entre quaisquer membros da família, como também os pontos problemáticos e a origem desses problemas.

Este tipo de consulta tem uma função bastante terapêutica, permitindo aumentar nossa compreensão sobre a dinâmica da família e modificar certos comportamentos ou abordagens que são a fonte dos conflitos no lar.

Agradecimento: Em minha formação astrológica, tive o privilégio de ser aluna de Clóvis Peres, que desenvolveu a teoria das casas 4 e 10, na qual foram baseadas diversas informações contidas nesse artigo.

Giane Portal

Giane Portal

Estuda Astrologia e Tarot há 16 anos e desde 2006 ministra cursos e palestras. Foi diretora social da Central Nacional de Astrologia e atualmente faz parte do Conselho Deliberativo desta organização.

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