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Leite: consumir ou não?

Entenda as alergias provocadas pelo leite de vaca e como evitá-las

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Há poucas décadas atrás o consumo de leite de vaca na infância era algo incontestável. O alimento fazia parte da dieta de toda criança, desde que seus pais tivessem condições de oferecê-lo.

Estava incorporado ao conhecimento popular, principalmente no ocidente, o conceito de que o leite dos mamíferos é o alimento mais completo para o desenvolvimento humano e não se discutia a hipótese de que não fosse o alimento mais adequado.

Na década de 60, foi a vez dos leites em pó, considerados ainda mais práticos e saudáveis. Porém, com o passar dos anos, o leite materno voltou a assumir o papel principal, ressaltando-se seus benefícios para o bebê e para a mãe.

Esse pressuposto tem bases bastante sólidas. O leite materno possui muitos nutrientes e, especialmente, proteínas, com objetivo de estimular o crescimento fisiológico da espécie. Embora o leite humano seja composto por cerca de 90% de água, nos 10% restantes encontramos gorduras, proteínas, carboidratos, minerais, vitaminas, enzimas e, um fator importantíssimo: as imunoglobulinas que transferem ao bebê que é amamentado anticorpos contra diversas doenças infecciosas e alergias. Mas a polêmica começou a surgir quando estudos foram demonstrando as diferenças existentes entre o leite humano e o mais consumível, o de vaca.

A nutricionista Amanda Buonavoglia nos informa e esclarece a esse respeito.

Quais as diferenças principais entre o leite humano e o de vaca?

O leite humano contém mecanismos de defesa próprios para o ser humano, protegendo o corpo de infecções comuns e fortalecendo o bebê, e ajudando a formação cerebral (a bainha de mielina dos neurônios) com seus ácidos graxos insaturados. Também é mais facilmente digerível, pois suas moléculas de proteínas são menores do que as do leite de vaca.

Além das características do próprio alimento, o ato de amamentar fortalece o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê. A mãe também tem vantagens no aleitamento materno, pois estimula a contração uterina, regula os hormônios femininos e ajuda a mulher a voltar para o seu peso, pois gasta-se quase 1000 calorias diárias para amamentar!

O que existe no leite de vaca que pode provocar alergias?

Assim como o leite humano, o leite de vaca também contém imunoglobulinas, mas que são próprias para o bezerro, uma vez que é produzido para a sua própria espécie. As maiores diferenças são os teores de minerais e proteínas, que por serem em maior quantidade, são mais difíceis de serem digeridos e metabolizados, podendo sobrecarregar o rim e provocar alergias. Normalmente as alergias são provocadas pelas proteínas caseína, lactoalbumina e lactoglobulina Se a intolerância for do açúcar do leite, a lactose, a criança também poderá ter alergia ao leite materno. Estas alergias do leite de vaca são demonstradas em crianças que sempre estão mais doentes, com catarro (o leite aumenta o muco) e com mais quadros de diarreia, ficando com o peso menor do esperado.

Os derivados do leite também provocam alergias em pessoas sensíveis?

Há quem diga que 80% das pessoas tem intolerância ao leite, mas isto é polêmico. Eu acredito que temos que prestar atenção na qualidade do leite que ingerimos, de preferência sempre fresco, não ferver muito (cada vez que esquentamos tornamos ele mais indisponível para absorver os minerais) e o ideal é que seja orgânico. Vale também prestarmos atenção em nossas próprias reações ao ingerir o leite: nos sentimos estufados? ingerimos e vamos ao banheiro? (pode ser que esteja irritando o seu intestino), estamos sempre com rinites e sinusites? Nestes casos, podemos experimentar alguns dias sem o leite e perceber como nos sentimos.

Quais outros substitutos podem ser utilizados?

O iogurte já sofreu transformação pelas bactérias naturais que contém, sendo mais facilmente digerido que o leite de vaca. Para quem for fazer em casa é fácil: ferver um litro de leite fresco, quando estiver morno, acrescentar um pote de iogurte natural, misturar com delicadeza e tampar. Se preparar a noite, pela manhã já estará pronto e colocar na geladeira. Pode ser batido com frutas, como morango e mamão, e fica delicioso. Mas devemos optar por prepará-lo em dias não muitos frios! Outras sugestões são os leites de arroz (enriquecido com algas), de aveia, de amêndoas e sucos com folhas.

Quando não ingerimos leite de vaca, de onde podemos obter cálcio?

Para obter cálcio devemos caprichar na ingestão de folhas verdes escuras, principalmente couve, e sardinha. Uma boa receita é suco de uma folha de couve, meia maçã e um pedaço de cenoura (no liquidificador ou na centrífuga), preferencialmente em jejum ou antes do almoço. Sobre o cálcio é importante lembrar que para ser absorvido é necessário a ingestão de magnésio (bastante presente em vegetais, frutas e cereais integrais ou em cápsulas de algas, a chlorella), bem como a exposição ao sol (no horário adequado, melhora a absorção da vitamina D). São fontes também: brócolis, repolho, couve e mostarda. E fica um alerta: uma dieta rica em sal(sal de cozinha, embutidos, temperos prontos) aumenta a perda de cálcio pela urina.

Enfim, o leite humano é um alimento perfeito e deve ser estimulado, principalmente nos seis primeiros meses de vida! Mas o consumo do leite de vaca pode ser necessário por algumas restrições ao aleitamento e ingerido na vida adulta, desde que de forma controlada.

Katia Leite

Katia Leite

Com formação universitária em Naturologia, dedica-se a atendimentos individuais e em grupo em São Paulo. Busca nos elementos da natureza os instrumentos que ajudam a manter e recuperar a saúde.

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