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Indiano ensina dois passos para combater a ansiedade e depressão

Especialista entrevista Akash Barwal e descobre como usar meditação e yoga para lidar com esses males

Atualizado em

É difícil acreditar, mas o Brasil é o país com maior prevalência de depressão na América Latina (11,5 milhões de pessoas) e o número 1 no ranking mundial em ansiedade (18,6 milhões), segundo dados liberados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2017. E apesar de, nacionalmente, esses números já serem alarmantes, de acordo com o instrutor sênior da organização internacional Arte de Viver Akash Barwal, o panorama internacional não é muito diferente.  

Após já ter viajado o mundo todo ensinando pessoas de diferentes culturas a lidar com a mente, as emoções e as turbulências do cotidiano, ele afirma: “a depressão hoje pode ser considerada o maior problema do mundo. Um fenômeno que está acontecendo em todos os lugares”. E a ansiedade não fica muito atrás. Segundo a OMS, a depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo e a ansiedade, 264 milhões. Assim, diante desse cenário, para o indiano, mais importante do que medicar as pessoas para reduzir esses números é ensiná-las a lidar com a raiz do problema: a nossa mente.

A origem da depressão e da ansiedade

Uma das primeiras coisas que perguntei ao indiano Akash Barwal, quando estive com ele em uma coletiva de imprensa, foi como o yoga e a meditação (conceitos tão abstratos para nós ocidentais) poderiam, de fato, nos auxiliar no combate a doenças mentais, como depressão e ansiedade (problemas tão tangíveis). Para minha surpresa, em vez de responder diretamente à minha pergunta, antes, ele nos fez refletir sobre a grande contradição que está na base dessas doenças.

“Se olharmos para o mundo com sinceridade, as coisas estão melhores. As condições de saúde melhoraram e a tecnologia avançou bastante – até o mundo parece menor por isso. No entanto, as pessoas parecem estar mais insatisfeitas. Ao invés de mais felizes e relaxadas, estão ficando mais tristes. E isso é em qualquer lugar do mundo, inclusive nos países desenvolvidos. Nos EUA, Japão e em alguns países da Europa (como a Noruega), os elevados números da educação se repetem quando o assunto é suicídio”, nos fez lembrar Akash.    

Ao invés de mais felizes e relaxadas, estão ficando mais tristes. E isso é em qualquer lugar do mundo, inclusive nos países desenvolvidos.

Dessa forma, segundo o indiano, a minha questão deveria ter sido “O que é isso [a depressão e a ansiedade]?”, “O que está acontecendo com as pessoas?”. E para essas perguntas, a resposta dele foi bem direta: “O problema é que as pessoas não estão aptas a entender suas mentes. Não temos um sistema de educação que ensine nossas crianças e população a lidar com as situações próprias da vida: sucesso, insucesso, desejos, como alcançar seus objetivos, como lidar com a tristeza… Então, toda a atenção da mente humana vai para o negativo. Mesmo quando há momentos bons, o pensamento fica no que já foi perdido. E isto só acontece porque não somos educados a ser conscientes da nossa mente nem de quem somos. Não sabemos lidar com nossas emoções – isto é o mais importante a se saber”.

Dito isso, como todo bom professor, o indiano ensina dois passos para combater a ansiedade e depressão:

Primeiro Passo: Adquirir consciência

Segundo Akash Barwal, para que os números relativos à depressão e ansiedade comecem a  diminuir, as pessoas precisam realizar um primeiro exercício muito importante: tomar consciência de onde está o verdadeiro problema. “Quando entendemos que a nossa mente é o problema, o primeiro passo foi dado”, ele assegura.

Para nos explicar como esse passo é fundamental, Akash nos fez refletir sobre a condição da maior parte das pessoas que estão tristes e estressadas no mundo. “Em sua maioria, elas têm tudo: emprego, casa, família”, ele afirmou. “No entanto, algumas coisas as impedem de se conectar com a sua mente. Elas não estão conscientes delas mesmas, e acham que são as coisas ao seu redor. Contudo, não é o sucesso ou o mundo material que vai dar a elas a verdadeira felicidade que procuram. A felicidade está dentro delas mesmas”.

De acordo com ele, esse é o ponto: estar consciente do que está acontecendo ao nosso redor e dentro de nós. Mas como fazer isso? Como conseguir se entender, principalmente, quando estamos nesse estado de depressão e ansiedade? Sem conselhos mirabolantes, Akash deu uma dica muito simples: “Vá caminhar e pergunte a si mesmo/a: O que eu realmente quero? Se eu já tenho tudo na minha vida, o que mais eu quero para mim?” Depois dessa reflexão, segundo ele, quase todos chegam à mesma conclusão: é preciso ter um tempo de qualidade para si. Sozinhas, elas conseguem entender qual é o segundo passo a ser dado.

Segundo Passo: Cuidar de nós mesmos

“Todo mundo tem que entender que é importante relaxar”, enfatiza Akash. Quando fazemos isso, segundo ele, começamos a entender como funciona a nossa própria mente. Começamos a perceber que é ela que está sempre desejando, nunca está no momento presente, e que cuidar dela e das emoções é importante. Tendo essa consciência, vem o que me parece ser a parte mais difícil e mais importante para nós ocidentais: Como eu relaxo? E aí é que a Yoga e a meditação entram na história.  

De acordo com o instrutor indiano, a respiração (base dessas duas técnicas milenares) é uma ferramenta natural de relaxamento. Se prestarmos um pouco de atenção, como Akash sugeriu, nossa respiração e emoções estão conectadas, e isso é fisicamente perceptível. “Quando estamos com raiva, a respiração se torna mais rápida. Quando você está triste, sua respiração se torna pesada”. E é por conta dessa conexão que é possível fazer o movimento contrário ao que normalmente ocorre, ou seja, harmonizar nossas emoções por meio da respiração – ele afirma.

Sabendo como usar a respiração a nosso a favor, Akash garante que conseguimos relaxar e ter mais controle das nossas emoções, desejos e pensamentos de uma forma geral. Inclusive, ele alerta que, muitas vezes, o que acontece é que quando não conseguimos lidar com as nossas emoções, elas se acumulam, viram memórias e acabam nos pressionando. É por isso que, para Akash, a meditação é tão bela: “ela é a grande arte que nos ajuda a ser capaz de relaxar em pouco tempo e, assim, promover a cura por meio do relaxamento”.   

Bruna Rafaele

Bruna Rafaele

Psicanalista, especialista em Saúde Mental. Faz atendimentos presenciais no Rio de Janeiro e consultas online no Personare.

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