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Yoga tem poder de reconstruir e transformar vidas

Diretor de documentário revela que prática traz felicidade, compreensão e empatia

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Heitor Dhalia, diretor do documentário “On Yoga: Arquitetura da Paz”, nunca imaginou que embarcaria em uma jornada de autoconhecimento e redescoberta de valores por meio de seu trabalho. Mas, ao conhecer o fotógrafo americano Michael O’Neill, descobriu que práticas simples, como Yoga, respiração e Meditação, têm o poder de transformar vidas.

Segundo Heitor, a experiência transformadora vivida por Michael, que é um profissional consagrado nos Estados Unidos, foi determinante para a produção do documentário. Após um acidente de trabalho que prejudicou sua postura, o fotógrafo precisou realizar uma cirurgia, que acabou paralisando seu braço direito.

Para tentar recuperar os movimentos do membro, Michael fez viagens à Índia para ter contato com grandes mestres do Yoga. Esta prática, aliada a outras terapias, possibilitou sua total recuperação tempos depois. O documentário refaz o caminho de Michael, mostrando os mestres e profissionais de Yoga, além de médicos, que cruzaram seu caminho e o ajudaram em sua reabilitação.

Na entrevista abaixo, o diretor Heitor Dhalia fala que as principais lições que aprendeu com estes mestres podem ser colocadas em prática por qualquer pessoa, como respirar de forma adequada, viver o momento presente e buscar técnicas de Meditação para silenciar toda confusão, angústia e ansiedade causadas pelo mundo moderno. Além disso, conta curiosidades das gravações, lista as principais dificuldades que enfrentou em sua jornada e explica como renovou seu estilo de vida por meio desta experiência.

Personare: Para fazer o documentário, você teve contato com diversos mestres e profissionais que encaram o Yoga como um estilo de vida. Como foi a experiência de presenciar tão de perto a forma de vida dessas pessoas?

Heitor Dhalia: Você vai a lugares como a Índia e encontra pessoas que vivem de forma completamente diferente da sua, que fazem escolhas diferentes das suas e, o que mais me chocou, são mais felizes do que você. Por isso, comecei a questionar minhas próprias escolhas, refletindo sobre como poderia adaptar essa forma de viver ao meu cotidiano. Uma das coisas faladas para mim, pelos mestres, foi: “reduza a sua lista de desejos”, porque o ego é um dos nossos principais inimigos. Além disso, existem tantas contradições no mundo, como o fato de querermos conquistá-lo, mas ao mesmo tempo existir fome e a guerra por dinheiro. O Yoga traz o contraponto disso, tentando melhorar a convivência. É uma jornada que precisa ser abraçada.

Quais outras descobertas você fez durante esse trabalho?

HD: No mundo ocidental, o Yoga foi introduzido de forma rasa, onde é tratado como se fosse feito apenas para ter um corpo bonito. Mas as pessoas não sabem que a prática influenciou diversos estilos de vida, como o hippie nos Estados Unidos, introduzindo conceitos como a alimentação orgânica, o cuidado com o ecossistema e a solidariedade.

O Michael já tinha visitado alguns mestres em viagens antigas à Índia, mas como foi o processo de escolher os instrutores e médicos que aparecem no filme?

HD: Essa era uma jornada dele, então, por conhecer as pessoas, foi ele quem entrou em contato com todos e arquitetou tudo através de seu livro de fotografias. A minha parte era filmar isso, trazer conceitos baseados na jornada, fazendo imagens abstratas e vozes que funcionassem como mantras, em uma experiência sensorial. Quis dar enfoque aos temas que afligem o homem contemporâneo, como a morte, a felicidade, o dinheiro e o fluxo da vida.

Conte-me algumas curiosidades que você e Michael vivenciaram neste processo.

HD: Vivi dois momentos de muita emoção: o primeiro, quando conheci o guru jamaicano Mooji. Eu não esperava receber tanto amor ao conhecê-lo, mas quando nos abraçamos senti uma energia que nunca havia presenciado. Isso ocorreu durante um satsang (aula na qual se trocam experiências e ensinamentos). O segundo momento que me marcou foi conhecer o rio Ganges, que é sagrado na Índia e para o Yoga. Estávamos na cerimônia de iniciação do Michael e me foi pedido que jogasse flores no rio enquanto fazia um pedido.

E o que você sentiu nesse momento?

HD: Eu pedi que minha filha de 5 anos tivesse uma vida feliz e aquela situação foi tão emocionante que eu consegui visualizá-la ali na minha frente nitidamente. Foi um momento de epifania, mas tão marcante que quando ela for mais velha vou levá-la para conhecer o Ganges.

No documentário, vocês mostram que aqueles mestres e profissionais de Yoga fazem diferença no mundo, através do ensino da prática. Quais foram os principais ensinamentos que vocês assimilaram no tempo que ficaram com eles?

HD: A primeira lição é prestar muita atenção ao ego, pois é através dele que nos comparamos aos outros e geramos a infelicidade.

A primeira lição é prestar muita atenção ao ego, pois é através dele que nos comparamos aos outros e geramos a infelicidade.

O Yoga mostra a importância de se entregar, cuidar de você mesmo, ter contato com a natureza e simplesmente respirar. Nós vivemos tão pouco, então é preciso aproveitar todos os momentos para fazer o que queremos, da melhor maneira possível. Foram pequenos ensinamentos que me ajudaram a redefinir algumas coisas na vida e, principalmente, para o meu futuro.

No documentário, os profissionais de Yoga dizem que a prática tem o poder de ajudar a refletir, entender e mudar crenças e comportamentos negativos entranhados nas pessoas. Na sua opinião, quais os principais benefícios que a prática pode oferecer?

HD: O benefício imediato é a saúde do corpo, nosso instrumento principal. Depois, é refletir e rever alguns conceitos essenciais no Yoga, como a empatia e a compreensão. Em algum momento as pessoas entenderão que a Meditação e o Yoga são fundamentais para chegarmos a um entendimento quanto espécie.

Quais dificuldades sentiu para realizar este trabalho?

HD: A principal dificuldade foi viver os extremos que existem na Índia – é um país superpopuloso e com muita pobreza. Ao mesmo tempo em que eles buscam viver de forma espiritualizada, vivem uma realidade concreta muito dura. A outra dificuldade era uma luta interna por causa de alguns temas e entrevistados.

Pode explicar melhor essa luta interna que travou durante algumas entrevistas?

HD: Vim de uma família que não abria espaço para acreditar em assuntos como espiritualidade e religião. Claro que já tive contato com esse lado através da Astrologia e da dramaturgia, que através de arquétipos, como o do herói, ajudam a compor esse lado espiritual. Então, ao mesmo tempo em que eu escutava gurus maravilhosos, quando alguém trazia algum conceito mais dogmático, tinha dificuldade em lidar com aquilo. Mas isso foi pequeno, pois consegui entender a jornada de cada pessoa envolvida.

No documentário, o instrutor de Yoga Eddie Stern afirma que se as pessoas cuidarem da respiração e acalmarem a mente podem encontrar motivação para desenvolver características como compaixão e respeito. Como é possível cuidar dessas questões no mundo acelerado em que vivemos?

HD: A partir do momento em que você percebe que ao cuidar de si mesmo estará cuidando da sua família, amigos e colegas de trabalho, por meio de coisas simples como a respiração, vai automaticamente tentar manter esse cuidado. Fatores como o equilíbrio da respiração e da Meditação já proporcionam mais qualidade de vida, diminuindo a ansiedade e o cansaço, e permitindo que você foque no aqui e no agora.

Qualquer pessoa pode cuidar da respiração e da mente? Mesmo as que não praticam Yoga?

HD: Sim, não é uma prática exclusivista. É um caminho para melhorar a vida, com muita disciplina física e espiritual, mas cada um vai buscando o seu próprio jeito para fazer isso. O Yoga é apenas a base para uma jornada maior.

Você disse que antes do documentário nunca tinha tido contato com o Yoga. Como foi o processo de dirigir um filme sobre uma temática desconhecida?

HD: Eu sempre tive curiosidade e admiração pela prática, até porque conhecia pessoas que faziam Yoga. Mas até conhecer Michael na virada do ano de 2015 para 2016 e ter a ideia de fazermos o filme, nunca havia praticado. Poucos dias depois do encontro comecei a me dedicar isso, fazendo também pesquisas em diversos livros sobre a temática para me preparar para o trabalho. A partir disso, pensei nos princípios de criação do documentário, como se fosse uma página em branco sendo preenchida. Afinal, era o olhar de alguém que não pertencia àquele mundo.

Sentiu alguma diferença após começar a praticar?

HD: Sim. Toda a pesquisa feita para o documentário e a prática, de fato, do Yoga geraram em mim um novo conjunto de valores, que vai ajudar a melhorar o meu futuro. Ainda tenho um aprendizado grande pela frente, mas sinto que houve uma transformação em mim.

O que você espera que o público leve de aprendizado depois de assistir ao documentário?

HD: É um trabalho muito emocionante, e cada um vai fazer uma leitura a partir do momento em que está e qual jornada vive. Então, as pessoas vão levar coisas diferentes do filme – uns levarão a experiência visual, outros a experiência metafísica, os ensinamentos filosóficos, a possibilidade de acordar para alguma coisa. É uma experiência bem pessoal.

Documentário nos cinemas

O documentário, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (16/11), possibilitará ao público conhecer um pouco mais sobre os benefícios e conceitos do Yoga pela visão de grandes mestres, profissionais e médicos.

Confira abaixo o trailer oficial:

Personare

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